Capítulo 11

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Logan chama um carro pra me levar de volta pra casa, pelo aplicativo, sem o meu consentimento. Ele toma a decisão, de gastar meu dinheiro com o Uber, sozinho! E se eu quisesse ter ido de ônibus? Eu não ando de ônibus, admito, mas ele podia ter me consultado. O lado bom é que quando cogitei chamar um táxi, o garoto em holograma me informou que um motorista já estava me esperando. Já dentro do taxi, fico encarando o meu "amor perfeito", tomando cuidado pra não ser notada pelo motorista.

— Quer falar coisa comigo ou vai me deixar no vácuo? — Logan fala, mas eu o ignoro. — Se importa se eu entrar no modo de segurança agora? — ele sorri, lindamente. — Daí qualquer coisa que acontecer com você é salvo instantaneamente na nuvem. — eu continuo encarando ele, sem falar nada. — Não? Tudo bem... — ele parece desapontado. — É recomendado você ligar o modo de segurança sempre que sai de casa. Mas você quem sabe, Laila. Tô louco pra conhecer sua casa.

— Por que você pergunta se pode entrar nesse modo de segurança, mas pede um Uber sem minha permissão?

— Oi? — o motorista, de maneira imprudente, olha pra trás do carro, onde estou. — Como é?

— Nada não... — levanto meu celular, fingindo um sorriso. — Estou falando ao celular.

Chego em casa, e meus pais estão curiosos sobre meu novo celular e o namorado de mentira que vem junto com ele. Pra que eles possam vê-lo, precisam instalar um aplicativo da Guempy, de realidade aumentada. Assim, qualquer um, que eu conceda o acesso, pode usar a câmera de seu celular comum pra ver e conversar com Logan. Meu pai acha Logan um cara legal, minha mãe acha tudo isso muito estranho. E quanto a mim? Eu me sinto estranhamente frustrada com tudo isso.

Já é noite e meu Guempy caríssimo não desgruda de mim. Ele ficou aqui, no meu quarto, me cercando, ora fuçando minhas coisas, ora encarando como se fosse me engolir com os olhos. Segundo ele, basta eu pedir que ele sai de perto. Mas... Ele é tão lindo que... Eu não ligo de ficar encarando aqueles seus olhos azuis enquanto faço o exercício de matemática. Sim, os olhos de Logan são azuis, enquanto os de Enzo são só verdes. Até nisso esse celular acertou. Aff...

— Se você fosse real... — eu suspiro imaginando altas ideias em minha mente. — Você seria um péssimo homem. Com essa sua aparência, cheio de qualidades como você é, duvido que quisesse ficar com uma garota só.

— Você generaliza baseado em aparências, Laila. Coisa típica de adolescentes que ainda não viram o mundo um pouco mais. — meu Guempy analisa minhas pelúcias, de animais e monstrinho, com uma atenção focada. — Se me permite generalizar também. — ele me olha intensamente, e eu coro por um momento, pois esqueço que ele não é real. — Qualquer garoto, feito ou bonito, que te olhasse pela primeira vez... Saberia, com toda certeza, que ia ter uma vida imensamente mágica... — suas palavras me deixam nervosa. — Se conquistasse a permissão de te beijar todos os dias.

Me BEIJA AGORA ENTÃO! Casa comigo, Logan! Pera! Não! Calma, menina! Você não é uma dessas iludidas e perdedoras que não conseguem amar na vida real e fogem pra o mundo da mentira! Foco! Não se apaixone por esse namorado de mentira! Isso é uma ordem!

— Esse exercício de matemática... — mudo de assunto, toda desconcertada. — É tão chato, que... Eu não acredito que tenho que fazer tudo isso aqui pra amanhã. — olho pra o meu caderno aberto e, de fato, tenho muita atividade pra resolver.

— Eu posso fazer pra você. — diz Logan, da forma mais fofa possível. — Eu sou razoavelmente bom em matemática.

— Sim! Perfeito! — me empolgo, afinal ele pode olhar pra os problemas de matemática e resolvê-los instantaneamente. Como um robô faz. — Toma! Resolve em quantos segundos?

— Calma. — o holograma ri, e aproveita a deixa pra sentar do meu lado da cama. — Eu não sou um robô, lembra? Nem sou professor de matemática. — ele tira do bolso um lápis com borracha, que parece normal como qualquer lápis, e começa a riscar meu caderno. — Mas eu lembro como resolver integrais e derivadas.

Os riscos, que o lápis de Logan faz em meu caderno, magicamente, pintam meu exercício com as respostas corretas. Ele me ensina, uma a uma, como responder esse negócio de integrais que eu nunca tinha entendido direito. Eu acho super chato ter que aprender cálculo no ensino médio, principalmente porque eu não quero cursar matemática, mas sim, medicina. Uma hora se passa e eu, coladinha com aquele garoto lindo, não noto o tempo passar quando finalmente terminamos.

— Pronto. Não foi difícil, foi? — ele fala, me olhando ficar boba.

Quando fico ali com ele, como se fossem sua aluna, Logan começa a parecer com aqueles professores, mais jovens, que a gente costuma ter um crush. Dos que sonhamos em namorar, casar e ter filhos. E dos que nos fazem quebrar a cara, já que sempre seremos "só suas alunas". Só que esse aqui, pode ser meu...

— Só lembra de reescrever, porque ninguém, além de nós dois, consegue ver essas respostas que eu fiz. — ele conclui.

— Sim... — fico babando com aquela cena, olhando-o de cima a baixo. — É muito realista tudo isso. Quero dizer... Você parece real. Isso parece real. — mexo o caderno, e todos os números escritos por Logan seguem meu movimento de maneira perfeita. Como é que eu faço pra voltar a ver as folhas em branco?

— É só me pedir. Eu tenho uma borracha aqui. — ele vira o lápis de cabeça pra baixo e, sem nem pedir permissão, começa a apagar tudo o que fez.

— NÃAO! — eu grito, puxando meu caderno. — Deixa eu copiar antes.

O resto da noite foi, estranhamente, perfeita. Um sábado à noite como um nunca mais vivi! Quando terminei os exercícios, ou melhor, quando Logan terminou de resolver meus exercícios da escola, quis saber qual tipo de filme ele gostava. Foi uma pergunta óbvia, pois ele gostava das mesmas coisas que eu, mas gostei de ouvir de sua boca um "prefiro filmes de comédia romântica à terror". Aceitei ver apenas um filme com ele, mas no final vimos três! Fomos dormir lá pras QUATRO da manhã. Sim. O Logan também dorme, parecendo gente de verdade! Embora fosse sábado, nunca dormi tão tarde. E ele ficou muito lindo dormindo. Esse documento de Word falante parece viciante porque atende todas as minhas expectativas de romance. Tem os mesmo gostos que eu. Ele é tão eu que dá até medo.

O Amor Perfeito - Guempy (Finalista Wattys 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora