Capítulo 35

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Só quando o ônibus vai embora, a visão de uma grande avenida é desbloqueada e eu reconheço o lugar. Muitos carros passam nessa extensa rua dupla, nos dois sentidos, e no meio delas existe um caminho pra ciclistas e pedestres. Em ambos os lados existem lojas, restaurantes, sorveterias e bares, todas opções que podemos cogitar.

— Eu já vim aqui... — olho pra os lados e, escolhendo algum lugar interessante, aponto com o dedo pra nossa direita. — Tem aquele barzinho ali, que já fui com as meninas.

— Vamos lá então! — Enzo segura minha mão com força e me puxa.

Atravessamos a primeira rua da avenida, passamos por alguns ciclistas, e corredores, e atravessamos a rua de novo. Posso ver na frente do barzinho um grande nome escrito em madeira talhada: "O Cangaceiro". Não é bem um barzinho, tá mas um espaço onde pessoas bebem álcool e podem jantar comida de panela. Além disso, parece estar havendo um show, pois pessoas estão dançando numa pista, bem lá no fundo do local.

— Eu realmente não queria te trazer aqui... — Enzo fala, sorrindo. — Mas hoje é o dia de fazermos coisas não planejadas, logo... Vamos entrar!

Cara, você é muito louco! — eu falo, sorrindo e entrando.

De mãos dadas, procuramos uma mesa vazia em meio a tantas pessoas ocupando os lugares. Não achamos, por isso temos que ficar em pé, do lado do balcão. Lá fico me divertindo vendo um cara, de colete e gravata, brincar de misturar umas bebidas coloridas.

— É pra beber, isso aí? — pergunto ao homem, pois estou com sede.

— Não. — ele responde, super simpático. — Se você beber isso aqui você vai ficar com dor de barriga, pois esses são de enfeite. Você pode pedir o seu no outro balcão ali.

Olho pra onde o homem apontou, e tem uma fila enorme de pessoas esperando pra serem atendidas. Detesto filas.

Meee... — falo perto do ouvido de Enzo, por causa do som alto. — Vamos embora!

— Por quê?

— Eu não vou esperar essa fila toda pra ser atendida.

— Quem falou que temos que esperar? — ele sorri, como se a solução já tivesse bolada, coloca minha mão debaixo do seu braço e me puxa em direção a fila. — Vamos ver se a gente encontra alguém conhecido nessa fila.

— Você vai furar fila? — olho pra ele, em tom de recriminação.

Ele sorri pra mim, meio malicioso e eu desconheço essa versão menos certinha dele. Vamos andando (e observando) desde a primeira pessoa na fila, em direção restante dela. Enzo analisa com atenção, mas de maneira discreta, cada uma das pessoas. De repente ele para, me puxa pra o meio de uma galera desconhecida e fala:

— André! — ele dá um tapa forte nas costas de um garoto de cabelo curto, baixinho e musculoso. — Tava guardando meu lugar na fila, né? Do tempo que eu fui no banheiro pra cá, essa fila não andou nada...

— Oi? — o cara, toma um susto, mas identificando o autor do golpe, dá um sorriso simpático. — Até parece que eu tô guardando teu lugar, Enzo!

Olho pra os lados, meio constrangida, e percebo que as pessoas atrás estão prestando atenção naquela cena.

— Mas o que é isso, André? — meu crush tenta se recuperar da cena constrangedora. — O combinado era eu guardar a mesa e tu comprar a comida. Deixa de zueira, cara!

O Amor Perfeito - Guempy (Finalista Wattys 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora