Capítulo 24

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No caminho que fazemos até a hamburgueria percebo que estou me sentindo muito feliz com este encontro. Olhar pra o garoto, por que fui apaixonada por tanto tempo... Assim de perto... E poder sorrir e conversar com ele tão naturalmente... É top! Só não é muito top esse tal do Sebosão...

Caminhando a pé, chegamos até um quiosque, que fica no outro lado da praça.

— Laila, eu te apresento... O Sebosão! — Enzo fala, todo empolgado.

— Legal... — eu já falo, tentando (mas falhando...) ser contagiada por sua alegria.

Aff. Que nome sem graça, né? Sebosão. Onde a equipe de marketing deles estava com a cabeça quando pensou nisso? Olho a hamburgueria de perto e percebo que nosso primeiro encontro não vai ser nada chique... Além de não ter todo aquele tom de romance, o local ainda é pouco iluminado, com aqueles postes elétricos, super velhos, que ainda usam lâmpadas amarelas e quentes.

Meee... — falo baixinho. —Onde ele me trouxe...

— O quê?

— Nada não.

Olho melhor pra os detalhes daquele estabelecimento a céu aberto. Tem, pelo menos, uma dúzia de mesas de plástico branco. O local me parece não ter um padrão de higiene elevado, porque apenas uma flanela, molhada e suja, que é passada sobre as mesas e cadeiras, separa um cliente que vai de um que acabou de chegar. Eu já falei que está lotado?

Ixi... — Enzo fala, meio preocupado. — Estamos sem lugar pra sentar.

— Não tem problema. — falo super empolgada. — Podemos ir naquele restaurante legal ali. — aponto pra um lugar que eu nunca fui mas que provavelmente é mais top esse lugar.

Enzo me olha e ri. Eu rio de volta pra o garoto. Ele, claramente, não vai desistir tão fácil. Procura entre os vários clientes sentados por cadeiras desocupadas. Embora me chame pra ficar perto dele, eu fico prefiro ficar pra trás, analisando tudo. Não sei como, mas muitas pessoas estão felizes e sorridentes comendo como se não tivesse amanhã. Pais, mães e filhos, casais de adolescentes e de idosos, sentados em cadeiras de alturas diferentes (algumas de madeiras, outras de plástico e umas de metal), agem como se ali fosse um lugar super interessante. Será que aqui é bom mesmo? Fico curiosa com esse tal de Sebosão.

— E então, Enzo? — falo quando meu crush volta até mim, tentando parecer interessada.

— Tá difícil. — ele fala. — Só que se a gente pedir pra comer sentado no banco da praça. Se acharmos algum lugar desocupado...

— Comer no banco da praça? — fico ligeiramente desapontada. — Tudo bem.

— Laila... — Meu futuro namorado me olha, como se suspeitasse de algo. — Você não está gostando disso, né?

— Você quer que eu seja sincera? — falo rindo, e ele consente que sim. — Não é o lugar que imaginei pra gente hoje.

— Eu entendo. Então vamos pra outro lugar.

— Sério? Você não vai ficar com raiva de mim?

— Depois da raiva que você me fez ontem... Isso não é nada. — ele ri. — Onde você quer ir?

— Eu acho melhor não. — volto atrás, me sentindo muito egoísta e fútil. — Vamos ficar aqui e comer esse... Sebosão.

— Onde você quer ir, Laila? — ele insiste.

Eu super não quero estragar os planos do Enzo, mas... Seria tão legal se a gente fosse no...

Carnes Barbosa. — falo tentando não demonstrar tanto interesse.

— Por que você quer ir logo nesse restaurante em específico? — o garoto, de cara, não gosta da ideia.

Porque estou com fome e gosto de comida boa. E o restaurante Carnes Barbosa é muito top. É caro, mas é top.

— Porque eu já fui lá com meus pais e achei muito bonito o local. — falo.

— Tudo bem! Vamos no Carnes Barbosa.

E continuamos tentando achar o local perfeito pra o nosso primeiro beijo. Iludida eu? Talvez. Só sei que já são mais de nove da noite e ainda nem comemos. Tô morta de fome, mas curto cada segundo desse encontro como se eu estivesse num filme. Está sendo bem divertido, apesar das circunstâncias.

Pagamos pra que um carro nos leve até um bairro que fica no lado nobre da cidade e, rapidinho, chegamos na porta do restaurante. Descemos do carro como se fôssemos um casal. Dá pra ver os olhares das pessoas quando a gente caminha até a porta do restaurante.

— Boa noite, Enzo. Tudo bem? — o recepcionista do restaurante diz, abrindo a porta com um grande sorriso.

Eaê, João? Beleza? — Enzo fala, como se eles fossem conhecidos de longa data.

— Tudo na paz, cara. — o funcionário aperta a mão do meu crush com muita satisfação. — Está lotado hoje, mas se quiser eu consigo uma mesa na área VIP pra vocês.

— Não, João. Relaxe, queremos o lugar mais simples que tiver vago.

— Como assim, Enzo? Claro que queremos a área VIP! — falo, de intrometida.

— Não, Laila. Vamos ficar com uma mesa comum mesmo.

Puxo meu futuro namorado, de fininho, até onde o tal do João não possa nos ouvir.

— Se for por conta do dinheiro, não se preocupa... — falo baixinho. — Eu que vou pagar.

— Como assim... — Enzo começa a rir. — Como é? Não... Né? Não, né? Não é por causa do dinheiro. Claro que não.

— Não se preocupe que eu pago, amo ver essa cara que vocês garotos fazem quando eu digo que vou pagar.

Me achando, e me divertido com aquela cena, Enzo e eu entramos juntos. Vamos pra um lugar mais fechado, e super requintado, que fica na área VIP do restaurante. Eu sempre quis almoçar nesse espaço, mas todas as vezes que viemos pra cá, essa área VIP nunca estava disponível.

O Amor Perfeito - Guempy (Finalista Wattys 2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora