26 - O reforço do contrato

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Eu estava lavando a louça que havia sujado, depois de muita insistência, Giovanna deixou eu fazer.

Eu não sabia quanto tempo iria ficar lá, mas a verdade é: não tenho para onde ir. Ficarei, até ser expulsa por ela, se for o caso.

Tudo o que eu quero agora é distância de Humberto.

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O último copo estava sendo enxugado quando ouço a companhia tocar, me desespero, com medo de terem me encontrado.

Vou correndo para a escada e encontro Giovanna descendo às pressas.

" Quem é? " Eu pergunto em um sussurro.

" Não faço ideia. " ela responde baixo também.

" Você não ligou pra ninguém não né? " perguntei com medo dela ter me entregado.

" Meu celular está desligado desde ontem, só uso o tablet para leitura... e o seu? " ela perguntou olhando para a porta, que continuava a tocar.

" Deixei no casarão! " Respondo rápido.

" Ah já chega, eu vou lá! " ela disse passando por mim.

" Não! " digo mais alto e logo cubro a boca com a mão.

" Fica tranquila, se você não quer ver ninguém, não vou deixar você ver ninguém!" Ela afirmou, me deixando mais tranquila.

" Tá. " Respondi.

" Sobe! ninguém passa por mim! " Ela exclamou se aproximando da porta, então eu subi e me tranquei no quarto onde eu havia dormido.

Fiquei alguns minutos com o ouvido na porta tentando escutar alguma coisa, então começo a ouvir o barulho de seu salto no chão se aproximando, respiro aliviada por ela já ter dispensado seja lá quem fosse.

Destranquei a porta e fiquei com a mão na maçaneta.

" Kimberli? " ela me chama já parecendo está na porta e abro.

" Quem era? " Perguntei curiosa.

Ela passou a mão pelo seu coque e respondeu.

" Senhor Gutiérrez! " respondeu séria.

" O....? " quis confirmar

" O senhor, senhor Gutiérrez! O pai! " Ela exclamou com um olhar de desespero.

" O que ele queria? " Perguntei confusa.

" Falar com você. " Giovanna respondeu pondo as mãos pra trás.

Lembrei que ela só faz isso em local de trabalho.

" Kim..." começou e eu logo respirei fundo.

" Você disse que ninguém passava por você..." Digo agoniada.

" Mas ele é meu chefe! " Ela respondeu séria.

Ah, só o que me faltava!
Ocque eu faço?

" Ele está na sala! " Ela disse se retirando.

Fiz um coque no meu cabelo, que estava uma bagunça, respirei fundo e tive que descer.

Quando cheguei Giovanna entregava um copo de água para o senhor Gutiérrez, que estava sentado em seu sofá.

Me aproximei e ele logo se levantou, devolvendo a água à Giovanna.

" Kimberli... " ele me cumprimentou e eu só movimentei a cabeça.

Giovanna se retirou e ele apontou que eu me sentasse, eu cruzei os braços e o fiz.

" Já fui informado do que aconteceu na festa. " ele começou meio receioso.

" E lhe peço mil desculpas por não ter lhe dado tais informações, mas a senhorita sabe que temos um contrato...." ele só pode está brincando.

" Pera! " levantei a mão na frente de seu rosto e ele parou de falar.

" Não... o senhor..." Forcei um riso de descrença. " A última coisa que eu quero falar agora é desse contato! " Digo, fazendo ele respirar fundo.

Ele ficou em silêncio por um tempo, levantou seu olhar e voltou a falar.

" Filha, não tenho nada haver com o despejo da sua família. Eu tenho muito outros assuntos na empresa, os terrenos de lá foram todos comprados há anos. Agora, alguns acionistas tem planos para o local, sua casa é a única que ainda estava ocupada e haviam dívidas.... eles só usaram como desculpa e os tiraram de lá." Senhor Gutiérrez fez uma pausa.

" Quando vi que se tratava de você... uma pessoa bem vista na mídia, logo interferi no projeto e o pausei. Resolvi usar isso que você queria, para nos ajudar..." Ele desviou o olhar e ficou pensativo.

" Não me orgulho dessa parte... mas eu sou um homem de negócios, sempre resolvi as coisas assim, com acordos! Temos esse grande problema com a imagem de Humberto, a imagem da empresa..." Ele continuava com um tom sério.

" Ele é um ser humano! " o interrompi. "Acha que vai resolver tudo da imagem dele... mas e o resto? " o questionei.

" Isso também tem haver com o bem-estar dele! Ele foi muito perseguido, ele começou a se fechar.... eu só quis ser um bom pai, pelo menos uma vez. Achei que com sua influência, ele viraria uma pessoa melhor e também ajudasse em como as pessoas o vêem, para que ele pudesse se sentir mais seguro ao sair e voltar a viver."

Ele concluiu e eu fiquei calada fitando o chão.

É, como pai... ele é um ótimo negociador!

Ele respira fundo mais uma vez e se levanta.

" Temos um contrato, a senhorita não pode se recusar a segui-lo... e se cancelar, não haverá seus ganhos tão desejados. Não posso prejudicar uma obra da empresa sem nada ganho em troca. " ele começou a ir em direção a porta.

" Pense bem. " concluiu e saiu.

Agora eu vi de novo aquele velho do primeiro dia.

Giovanna chegou na sala e perguntou

" Ovque era? "

" Pelo contrato tenho que voltar... " confessei.

Comecei a chorar e Giovanna me surpreendeu com um abraço.

Tudo na minha vida está tão confuso, de tudo que me resta... só tenho a minha casa, um pouco da minha mãe. Se eu quiser isso, tenho que aguentar mais um pouco até esse contrato acabar, mas o que mais me dói é ter que seguir ao lado de Humberto, duvidando do que pensar.

É tão confuso não saber quem ele realmente é.

Do nada, contratada [Shawn Mendes]Onde histórias criam vida. Descubra agora