28 - Humberto

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Humberto on

- 4 anos atrás -

Eu estava apressado pelo hospital, passar pouco mais de duas horas longe dela era tudo que eu podia aguentar. Fernanda estava cada vez mais chateada e se sentido deixada de lado, mas eu não podia me afastar de minha mãe, não enquanto ela não melhorasse. Tudo o que o meu pai faz, é tentar seguir com a empresa sem a presença dela, mas ela vai melhorar, ela precisa.

Normalmente numa sexta feira eu nos meus 19 anos estaria em qualquer parte do mundo, em uma festa, com pessoas ricas e interesseiras ao meu redor, mas agora isso é o mais importante e eu prometo pra mim mesmo que eu vou mudar, por ela.

Abrir a porta de seu quarto, o doutor Rustofh estava lá e meu pai também, me surpreendi. Eles pareciam ter terminado de ter uma conversa séria, minha mãe estava lá na cama com aquela expressão de que tá tudo bem, a mesma que ela fez quando confessou que lutava contra o câncer de estômago há alguns anos em segredo.

" Humberto! " ela me disse levantando as mãos, imediatamente me abaixei para lhe dar um abraço.

" Está lindo e cheiroso! Melhor assim, fazia tempo que você não ia em casa tomar um banho decente. " ela dizia com um sorriso brincalhão.

Mesmo com sua tentativa eu não conseguia rir, não ela ainda estando assim.

" Tenho uma notícia..." Começou ajeitando algumas mechas de meu cabelo molhado.

" É mesmo?! " Perguntei olhando ao redor, mas pela expressão dos dois ao lado da cama, ela não parecia ser boa.

" Já posso voltar pra casa! As dores e as náuseas já não estão tão fortes, posso seguir lá de casa. "

" Eloise! " Meu pai a pressionou para dizer o que devia está ocultando.

Ela suspirou fechando os olhos e depois abriu.

" O tratamento não está ajudando... temos uns 5 meses, no máximo 6. " Ela respondeu analisando todo o meu rosto, parecendo querer guardá-lo.

Eu temia por isso, mas achei que só mantendo os pensamentos positivos iria bastar, não bastou.

" Mas e a cirurgia? Não tem outro jeito Rustofh? " me levantei começando a tremer a mão.

Minha respiração estava agitada, apesar de todo o esforço, parecia que o ar não me alcançava.

Ele pensou várias vezes antes de responder, mas concluiu.

" Não, sinto muito."

Comecei a respirar pela boca pra ver se eu tinha algum sucesso, mas parecia piorar, eu ficava mais ofegante. Minha mãe notou minha respiração, que começou a fazer barulho.

" EI, ei..." ela disse pegando a minha mão.

" Tá tudo bem filho..."

Disse me puxando pra perto e fazendo um movimento em meu peito que tranquilizou minha respiração.

" Não...não tá mãe." A abracei.

.

.

Esses meses 5 meses e 14 dias foram os mais próximos que passei dela, mas a lembrança de que seriam os últimos me destruía no fim dos dias, eu já não a deixava me ver chorar.

Quando ela se foi eu me isolei ainda mais, Fernanda me cobrava atenção, meu pai me pressionava a voltar para os restaurantes e seguir com os negócios, mas tudo ainda me doía...

Saber que o problema de minha mãe começou com uma gastrite por conta de sua alimentação, me fez começar a temer qualquer tipo de comida que parecesse calórica demais, então desenvolvi uma intolerância.... a doutora Renata disse que tudo está ligado ao psicológico, que é uma defesa do meu medo, toda vez que eu tento ingerir alguma coisa que não seja totalmente "saudável" eu passo mal.

Do nada, contratada [Shawn Mendes]Onde histórias criam vida. Descubra agora