O Dono Do Boreu

LUTO!

Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu depois daquela notícia.

Estou aqui para contar, o anúncio caiu como um bomba, não falo com o Deco a semanas, sim, eu terminei, voltei para a casa dos meus pais mas coloquei tudo em pratos limpos, disse sobre minha transição, e acho que por encargo de consciência ou com medo de eu fugir novamente eles "aceitaram"
Optei por continuar usando meu nome como feminino já que é unissex.
Deletei Deco de tudo em minha vida, não procuro saber notícias, não sei nem como ele está. E vocês devem tá se perguntando o por que dele não vir atrás de mim né? Eu ameacei ele, disse que se ele se aproximasse de mim eu o denunciaria para a polícia na mesma hora. Ele quis se explicar mas não existe explicação, ela está grávida e existe uma criança inocente nessa história.
O que ele fez comigo jamais irei perdoar.

- Eu entendo totalmente você, mas se ele disse que não se lembra se realmente aconteceu você deveria acreditar
- Acreditar em que Yan, ele não lembra tanto que assumiu a criança né? Tá lá, tentando ser o pai perfeito que eu fiquei sabendo. Por mim eu não tô nem aí, não o quero mais ver pintando de ouro. E não me venha trazer mais notícias dele.
- Ok! Vai fazer o que amanhã cedo?
- Talvez sair, por que?
- Sair? eita, pra onde?
- Um carinha quer ir pro cinema comigo, acho que vou aceitar, preciso espairecer.
- Arrasou, vou ter que desligar por que jaja vou pra aí, daí vou tomar banho.
- Ok, beijinhos.

Mexendo em algumas gavetas, encontro uma carta de Deco. Me lembro perfeitamente quando ele dedicou pra mim, acordei de manhã com um café de princesa, e estava lá, com um presente.

"nunca imaginei que um dia eu fosse capaz de amar alguém assim, nunca pensei que seria possível pensar em alguém 24h por dia. E chegou você e me mostrou que tudo isso é possível. Eu penso em você o tempo todo. Eu te amo demais e você e sou muito grato por te você na minha vida! Te amo muito."

Que merda, sinto falta dele, falta demais, minha vida não tem tanta cor, mas eu não posso perdoar ele, o que ele fez foi horrível!!!!!!!!

Era surpreendida por Yan, que chegava aflito e logo perguntava.
- Mona o que foi, que você tá com essa cara?????
- Então, a mãe do Deco acabou de falecer, não se fala em outra coisa lá na favela, ele está devastado.

Aquela notícia apertava meu coração, fui tomada por um sentimento de compaixão, e saia feito um foguete em direção a casa de Deco, cumprimentava os seguranças que já sabia que eu era de casa, e em seguida subia as escadas e encontrava a porta entre aberta, observava o ambiente que estava totalmente revirado, desorganizado e com aquele típico fedor de cigarro e maconha, como se tivesse fechado por uns 10 anos.
Escutava Deco falando no telefone.
- Eu vou arcar com tudo, pode dizer pra minha tia e meus primos ficarem tranquilos, amanhã cedo eu tô indo pra aí sem falta. Fiquem tranquilos, vou resolver algumas pendências aqui e mais tarde novamente eu ligo.

- Deco? Podia sentir o que ele estava sentindo naquele momento ao escutar minha voz. Rapidamente ele vem pra sala certificar se era isso mesmo e logo dizia.
- Eu sabia que você viria, eu sempre soube. O semblante de Deco estava diferente, magro, pálido, largado, como ele sempre fica quando volta pra antiga rotina dele. O abraçava sem hesitar e sentia ele me apertar forte, sentindo seu cheiro, e o abraçando com vontade, o sentia se sentir completo com aquilo e dizia.
- Eu tô aqui, eu sempre disse pra você que eu estava com você independente de qualquer coisa né?
- Eu sei disso, eu sabia que você viria, muito obrigado por isso, você sabe que a pessoa mais importante da minha vida é você, que sabe cuidar de mim. Eu ainda te amo Ariel, não sou nada sem você.
- Calma, agora você não terá só a mim que vai cuidar de você, você terá a sua filha agora que vai nascer.
- Eu sei, cometi um erro, um erro que não tenho como reparar, mas eu nunca, nunca quis te magoar e te ferir, espero um dia que você me perdoe e ainda volte a ser minha..
- Não vamos falar sobre isso agora. Você tá sem dormir né, e sem comer que eu sei
- Tô, sem ânimo pra nada, parece que eu já tava pressentindo essa bomba.
- Vai tomar um banho, que eu vou preparar algo pra você comer e você vai descansar, amanhã vamos juntos pra sua cidade, eu vou ao velório com você.
- Tudo bem, vou pro banho.
Em seguida preparava algo pra ele comer enquanto fazia ia ajeitando a sala, e indo pro quarto tirava a bagunça que estava na cabeceira, cheia de cigarro, maconha, encontrava duas armas na penteadeira e guardava encima do guarda roupa, em seguida vejo ele saindo do banho de toalha, e deitando na cama, ia até a cozinha e pegava a sua comida e entregava a ele.
- Nossa obrigado mesmo, de verdade, só você pra cuidar de mim diante de tudo.
- Eu tô sempre com você, eu sou sua família agora. Dizia pra ele e via os olhos dele brilhar.
- Dorme comigo hoje, só dorme e me faz dormir, preciso descansar e com você eu sei que posso dormir tranquilo que você cuida de mim.
- Durmo, tem roupa ainda minha aqui né?
- Sim, todas..
Enquanto observava deco descansar, eu ajeitava as roupas dele e a sala, não sei como as coisas entre mim e ele irão ficar a partir de agora, mas não é hora de ser egoísta, tenho que estar do lado dele, afinal, ele esteve do meu quando eu quis morar aqui com ele.

(Não desisti do livro, estou voltando a escrever, então por favor, seu comentário e sua avaliação servem muito pra mim, em saber que tenho leitores aqui.)