1- Teste

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Peguei o papel do exame e o coloquei na bolsa, adiando por mais alguns minutos de ver o resultado. Chamei um carro por aplicativo, e em poucos minutos já estava dentro dele. Várias vezes durante o trajeto, peguei o papel em mãos para olhar, mas o guardei novamente, não estava com coragem para ver o resultado.

Ao chegar no meu pequeno apartamento, retirei meus sapatos e atirei em qualquer canto do quarto. Me sentei na cama segurando o papel, respirei fundo e finalmente abri o envelope.

POSITIVO era o que havia escrito no papel, no mesmo momento que li, meus olhos já se encheram de lágrimas e eu desabei. Eu estava grávida.

Ter um bebê agora com certeza não estava nos meus planos. Ainda nem completei 20 anos, ainda estou cursando a faculdade. Todos os meus planos estão indo por água abaixo.

Chorei mais ainda ao lembrar de quem era esse bebê. A reação dele é o meu maior medo, medo de rejeição.

Medo de passar pelo mesmo que minha mão passou ao engravidar de mim. Já que o meu "pai" a abandonou assim que descobriu que ela estava grávida, e teve que me criar sozinha.

Respirei fundo e larguei o papel na cômoda, andei até o banheiro, para tomar um banho e relaxar um pouco.

Depois do banho, decidida a faltar a universidade, vesti um pijama e parei a frente do espelho, analisando meu corpo.
Pensar que há uma vida crescendo dentro de mim, parecia mentira, e isso me fez sorrir minimamente.

...

Eu já estava sentada em minha mesa, apenas aguardando meu chefe chegar. Eu já havia organizado tudo na sala dele, a minha mesa e organizado os papéis que teriam que ser assinados por ele.

Suspirei e apoiei meus cotovelos na mesa, cobrindo o meu rosto com as mãos. Ainda pensando no que faria nos próximos meses, se continuaria a faculdade ou trancaria, e de como ficaria meu emprego.

Estava decidida a contar a notícia hoje ao pai do bebê, não poderia adiar isso. E se adiasse, eu provavelmente iria surtar.

A única amiga que eu tenho, se mudou para longe para cursar a faculdade. Ela seria a única pessoa com quem eu poderia desabafar sobre isso, que me daria um colo para me consolar.

Minha mãe e meus avós provavelmente vão surtar, então por enquanto, eles não vão ficar sabendo.

Eu já havia mandado algumas mensagens a minha amiga, contando sobre isso. Mas não foi a mesma coisa de como seria pessoalmente.

Me perdi nos meus pensamentos que nem notei os passos em direção a grande sala.
Meu chefe já estava quase abrindo a porta quando notei, me levantei rapidamente.

- Bom dia, senhor Kim.- me curvei.

- Bom dia, Lucy.- disse e entrou em sua sala.

Respirei fundo e virei para o computador, começando a resolver o que tinha na agenda.

Já era quase hora do almoço, respirei fundo, juntando toda a coragem que eu não tinha, e levantei.

Bati na porta, ouvindo um "entra" do outro lado. Abri a porta, tendo a visão do meu chefe concentrado em algumas papeladas.

Fechei a porta atrás de mim e andei lentamente até perto da mesa.

- Senhor Kim, eu preciso falar com você.- juntei as minhas mãos, as apertando.

- Pode falar.- diz ainda sem me olhar.

- É meio complicado...- mordi meu lábio.- Sobre aquela noite...- ele me interrompe.

- Pensei que você tinha esquecido desse ocorrido.- ele fala calmamente.- Já faz pouco mais de um mês, Lucy. Não precisamos ter inseguranças sobre isso, huh? Vamos colocar uma pedra em cima disso.

- Não é uma insegurança.- murmuro.

- Sobre o que você quer falar então?- ele diz confuso.- Eu até pensava que você não lembrava.

- Eu estou grávida.- falo de uma vez e ele me olhando, com os olhos arregalados.

- Você... o que?- ele fica parado com a boca aberta me olhando.

- Estou grávida.- aperto mais os meus dedos.- E você foi o único que me relacionei nos últimos meses.

- Você tem certeza que está grávida?- ele passa as mãos pelo rosto.

- Sim.- murmurei.

Ele levantou e ficou andando de um lado para o outro, passando as mãos no rosto e suspirando.

- Eu vou voltar para a minha mesa.- disse e me curvei.

Saí da sala e fui pegar uma água. O que eu achei que seria a reação dele, era ruim, mas o silêncio dele se tornou mil vezes pior do que eu estava pensando.

Bebi um pouco de água, já sentindo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Transar com o meu chefe com toda certeza foi uma coisa errada, mas aconteceu.
Ele teve um evento e me levou junto, nós bebemos lá, um pouco demais. No carro, durante o caminho de casa, nós nos beijamos e acabamos na cama.

Eu acordei pela manhã e levei um susto ao ver o homem deitado ao meu lado, apenas enrolado em um lençol.
Me vesti e saí de lá antes dele acordar, e fingi que nada havia acontecido no restante dos dias. Ele também não tocou no assunto, então aquele assunto havia sido encerrado... Até agora.

Não posso negar que já tive atração por Taehyung, porque seria mentira. Desde o meu primeiro dia trabalhando como sua assistente, já me vi sentindo uma grande queda por ele.
Mas eu nunca imaginei que o resultado seria esse, depois de ficarmos casualmente, eu receber um presente no meu ventre.

No caminho para voltar a minha mesa, passei no banheiro, para arrumar a maquiagem que havia sido borrada por conta das lágrimas.

Ao voltar a mesa, havia um bilhete, de Taehyung dizendo que iria ir almoçar.

As horas se passaram, e nada dele voltar para sua sala. Já eram 18h da tarde, arrumei a minha mesa, peguei minhas coisas e saí do prédio.
Não poderia ser coincidência ele não voltar mais, justo no dia em que eu havia contado algo a ele.

Caminhei rapidamente até o ponto de ônibus, para ir a universidade.
Por mais que o dia não tivesse sido puxado, eu me sentia exausta.

As horas pareciam não passar. Tentei prestar atenção em toda a aula, mas vez ou outra, eu me pegava pensando em Taehyung e na gravidez.

Depois de longas horas dentro da universidade, finalmente saí e fui direto para casa. Jantei, tomei um banho e fui dormir.

Senhor KimOnde histórias criam vida. Descubra agora