Senhor Kim

12- Menina

Taehyung e eu estávamos no carro, ele dirigia até o consultório, para finalmente descobrirmos o sexo do nosso filho.

Eu estava encarando as ruas pela janela do carro, mordendo a ponta da unha do meu polegar, e batendo levemente os pés, estava ansiosa.

- Ya.- Taehyung exclama quando para no sinal, me olhando.- Já estamos quase chegando, relaxa.- ele leva sua mão até a minha, tirando de perto do meu rosto e entrelaçou os nossos dedos.- Admito que também estou ansioso.

Ele depositou um selar no dorso da minha mão, e pousou nossas mãos em minha perna. Logo o sinal abriu, ele dirigiu com apenas uma mão, até precisar mudar a marcha, mas colocou a sua mão sobre a minha novamente logo depois.

Poucos minutos depois nós chegamos no consultório. Taehyung sentou em uma das poltronas, enquanto eu ia falar com a secretária. Depois disso, me sentei ao lado dele. A obstetra estava atendendo a outra paciente, então teríamos que aguardar por alguns minutos, mesmo que já fosse o horário exato em que estava marcado a minha consulta.

Me distrai por alguns momentos vendo algumas coisas no celular, mensagens de minha mãe mandando fotos de presentes que havia comprado para o bebê. Ao levantar minha cabeça e olhar em volta da sala de espera, notei as encaradas da secretária sobre Kim.

Ela estava mordendo a ponta da caneta, olhando descaradamente para ele. Ele ainda não havia reparado, mas no mesmo instante que eu pensei isso, ele olhou para ela.

Não consegui me controlar e fechei a cara, mas virei o rosto para o outro lado, voltando a mexer no celular, disfarçando. Eu queria conseguir controlar esse tipo de sentimento, até porque não temos nada, nada mesmo, mas eu não conseguia. O que eu estou sentindo por Kim, vêm aumentando gradativamente.

Ouço ele rir soprado e sua mão alcança a minha que estava desocupada, entrelaçando nossos dedos novamente. O olhei, juntando as sobrancelhas, e ele sorriu.

Ele abriu a boca para falar algo, mas no mesmo momento a médica chamou o meu nome.
Entramos na sala, e passei pelo mesmo processo dos últimos meses, até finalmente fazer o ultrassom.

- Agora finalmente o momento mais esperado, hum?- a médica disse simpática e eu assenti, sorrindo.

Ela aplicou o gel sobre a minha barriga, e passou o aparelho logo em seguida. Kim chegou mais perto da maca em que eu estava deitada e segurou a minha mão.

- É uma menina.- ela disse e me olhou, com um sorriso.

- HA!!!- Taehyung grita.- Eu sabia.- ele nota que havia gritado e seus olhos se arregalaram.- Me desculpe.

- Huh, então seu palpite era que é uma menina?- ele assentiu.

- É a nossa pequena Bora.- ele sorriu e se aproximou do meu rosto, depositando um beijo em minha testa.- Eu sempre soube.

Sorrio com o seu ato.
Saímos da sala, e novamente fui até a mesa da secretária para marcar a data da próxima consulta. A mesma deu algumas encaradas na direção de Kim, mas ele não lhe deu atenção, apenas ficou parado ao meu lado, com a minha bolsa no ombro e ainda segurando a minha mão.

Entramos no carro e Taehyung deu partida no mesmo, dirigindo até a empresa.

- E aquela carinha que você fez quando a secretária ficou me encarando?- ele perguntou com um sorriso sacana no rosto, sem tirar os olhos da estrada.

- Como assim?- me fiz de desentendida.

- Eu vi a cara que você fez quando ela estava tentando flertar comigo.- ele ri.- Estava com ciúmes senhorita Choi?

- Ciúmes?- eu ri soprado.- Você só pode estar brincando, Kim.

- Não.- ele negou.- Sua cara entregou tudo, não adianta negar.

- Coisas da sua cabeça.- eu disse e ele riu de novo.

- Uhum. 'Ta bom.- ele murmura.- Você já deveria ter percebido que eu tenho olhos apenas para uma pessoa.

- A Bora?- perguntei e ele apenas me olhou rápido, sorrindo de canto, sem me responder, pois chegamos ao prédio.

Suspirei aliviada ao caminhar, e lembrar que estava usando calçados confortáveis, tênis. Também vesti algo mais solto, uma saia mais soltinha e uma das blusas sociais de sempre.

Me sentei em minha mesa, já ligando o computador e arrumando tudo em cima da mesa.
Taehyung já havia entrado em sua sala, mas logo ele saiu e chamou a minha atenção, largando uma caixa na minha mesa. Ele apoiou os braços na mesa e me olhou.

- Um presente para você.- ele disse apontando para a caixa.- Estou dando para você, mas ele é mais para o moranguinho.

Sorri e levei as minhas mãos a caixa, desfazendo o laço. Tirei a tampa e retirei o objeto que havia dentro.
Uma caixa de música, um carrossel branco com detalhes em lilás.
Apertei no botão de ligar, e o carrossel começou a girar, tocando uma melodia de canção de ninar.

- Tae...- falei e o olhei.- É lindo.

- Eu sabia que você ia gostar.- ele sorri orgulhoso.- Lilás por causa do nome da nossa filha. Não sei, mas eu tive certeza desde o início de que seria uma menina, comprei isso já faz alguns dias.- ele pega a caixinha de música e a admira.- Eu ainda não sabia se você iria gostar do nome, mas a cor teria um significado para mim mesmo assim.

- Obrigada.- agradeço sorrindo.- Você realmente pensa em tudo, hum?

- Eu gosto de te ver feliz.- disse sem tirar os olhos do carrossel.- O que eu mais ando me esforçando ultimamente, é fazer coisas que te façam sorrir.

Ele faz a volta na mesa, puxa uma cadeira que havia ao lado e senta do meu lado.

- Estou quebrando todo o nosso profissionalismo.- ele ri.- Desde aquele dia, em que você achou que eu estava desconfiando de você, e disse que deveria ser por isso que eu não tinha afeto nenhum...- ele encara meus olhos.- Eu me toquei e venho tentado mudar, não sei se deu algum resultado, mas saiba que estou me esforçando muito para isso. Pelo bebê e por você.- ele coloca a mão sobre a minha barriga, e eu sorri fechado.- Você se tornou uma pessoa extremamente especial para mim, Lucy.