EPISÓDIO 3 — PARTE 2
[A DOR DO INFERNO]NENHUMA PREPARAÇÃO NO MUNDO seria capaz de ter ajudado Silva a enfrentar o veneno do queimado. Ele sentia como se estivesse pegando fogo por dentro.
Era a dor do Inferno.
Musa e Terra o haviam levado, com certeza dificuldade, até a estuda, onde Harvey já trabalhava com o quite do Bastião para aplicar em sua ferida.
Silva grunhiu de dor ao sentir as gotas do líquido viscoso serem derramadas no ferimento.
— Está muito mal? — perguntou Sky, afobado. — Pode ajudar?
— Sky, eu vou ficar bem — tentou dizer. — Deixe o Professor Harvey trabalhar, por favor.
— Deveria ter transferido ele, deveria ter mais soldados.
A voz raivosa e preocupada de Dowling reverberou pela estuda. Silva queria sumir. Tudo o que ele não precisava era de Farah ali.
— Nos deem licença — pediu ele aos alunos, sem querer que eles ouvissem. — Vamos mantê-los informados. Vão.
Com mais ordens da diretora, eles obedeceram, bem a tempo de não presenciarem quando Silva se rendeu a dor e caiu deitado no banco desconfortável. Farah pousou sua cabeça em sua perna, segurando seu corpo para que não caísse enquanto Harvey voltava a ministrar o líquido medicinal.
— O queimado estava solto antes de eu chegar lá — murmurou ele. — Eu vi alguém na estrada.
— O soltaram de propósito? — perguntou Farah.
Silva assentiu, fechando os olhos quando Harvey apertou o ferimento com um pedaço de gaze.
— Onde está a fada Blaer? — perguntou o professor. — Farah, estava de olho nela, não é?
— Anelise quem foi ao meu escritório dizer que estavam aqui — disse ela, pensativa. — Mas isso não a impediria de ter soltado o queimado.
— Não foi ela — afirmou Silva com dor. — Não. Não pode ter sido ela.
— Saul, como pode ter tanta certeza? — perguntou Farah, segundos antes dele apagar.
Mas o último pensamento dele foi o mesmo. Anelise não poderia ter feito aquilo.
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A FADA DO GELO finalmente conseguira a oportunidade perfeita para entrar na estufa. Dias depois, com todos distraídos durante o almoço, ela descobrira que essa era a hora em que Silva ia até Harvey para que ele ministrasse Zambak em seu ferimento.
E felizmente, as ataduras haviam acabado naquele dia, fazendo com que Harvey tivesse que sair da estufa para ir até a enfermaria buscá-las. Foi a chance perfeita para que Anelise entrasse escondida.
Silva estava sem a camisa, o ferimento bem exposto. Anelise se controlou quando viu o rasgo coberto por gosma negra e as veias sobresaltadas em volta. Deuses, e pensar que aquilo poderia matá-lo...
— Eu senti sua falta — disse ela, sentando-se de frente para ele no banco.
Silva se assustou, olhando de uma lado para o outro para ver se as plantas dali conseguiriam ser o suficiente para esconder os dois, mas a estufa era feita por grandes vitrais.
Anelise se inclinou para beijá-lo. Silva apenas colou seus lábios nos dela por um segunda até que a afastou com toda a delicadeza que podia ter.
— Alguém pode nos ver — sussurrou ele. — Você ama o perigo, não é? Poderia ser expulsa.
— Congelei os vidros. Estão tão embaçados que ninguém pode nos ver — garantiu ela. — E talvez eu tenha congelado as maçanetas também.
— Anelise — sibilou ele. — A diretora Dowling está desconfiada de você. Acha que foi você quem soltou o queimado. Eu falei que era impossível.
— Aquela vaca é louca — resmungou ela, fazendo Silva encará-la em aviso. — Não é minha culpa! Ela tem alguma espécie de cisma comigo desde que eu cheguei.
— Ela viu sei histórico — disse. — Suas informações não batem.
— E daí? — perguntou Anelise, irritada. — Eu te contei sobre mim. Você sabe a verdade. O que foi? Não confia em mim.
— Não foi isso o que eu falei.
— Mas é o que deu a entender.
Antes que ele pudesse negar, Anelise selou seus lábios com os dele, trazendo seus corpos até que ficassem colados. Silva estava preocupado com Anelise por não tê-la visto nos últimos dias. Até que sentiu os arrepios gelados. Seu corpo sentiu o choque frio percorrer por toda a sua extensão. Ele se desgrudou de Anelise, a encarando sem entender o que ela fizera quando viu a ponta de seus dedos finos e delicados como uma pequena cobertura de gelo.
— Eu aprendi isso quando era mais nova — explicou. — Funciona melhor que Zambak. Congelei algumas células tóxicas e o entorno do tecido adiposo. Vai retardar a infecção até que consigam matar o queimado.
Mas Silva sabia que Harvey havia aumentado a dose de Zambak que estava ministrando. Quando a infecção chegasse ao seu coração... Ele rezava para que ainda pudesse beijar Anelise no futuro e , talvez, fazer bem mais do que isso.
Veronica matara um queimado — além disso, ela já estava bem, só havia sido muito poder que usara e seu corpo não estava preparado. Mas o queimado que ela matou não fora o que infectara Silva...
Mal ele sabia que a própria Anelise mataria aquele queimado sozinha se precisasse. Afinal, aquele fora um erro de cálculo dela.
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28.07.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Sem nada muito interessante para falar nessas notas finais, só para preparem seus corações para o que está chegando.
Semana que vem minhas aulas já começam, então talvez eu fique mais off-line por aqui. Mas não se preocupem! Todos os capítulos de RAIN já estão escritos até o fim.
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RAIN ℘ 𝐚𝐬 𝐓𝐫𝐢𝐱
Fanfic𝐓𝐄𝐌𝐏. 𝟏 𝐄 𝟐━ Aquelas garotas deveriam ser as fadas mais poderosas das dimensões. 𝐕𝐞𝐫𝐨𝐧𝐢𝐜𝐚 era a Princesa de Averno e uma fada da histeria, conhecida pelo controle da escuridão e o que se escondia nas sombras. 𝐀𝐧𝐞𝐥𝐢𝐬𝐞 era fria e...