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Elizabeth Smith

— Bom dia. — A diretora quebra o silêncio e eu já sabia o que viria pela frente. Minha morte. Payton Moormeier realmente estava quase avançando em mim de tanto ódio. Acho que ele descobriu. Acho não. Tenho certeza. Ele descobriu.

— Bom dia. — Todos os alunos respondem em sintonia e logo depois começaram a cochichar.

E se eu fingir um desmaio? Pode dar muito errado, eu sei. Melhor não. Vai que este garoto armou para cima de mim, o desmaio falso pode me incriminar.

Eu também sei que ele não armou para cima de mim, eu mesma fiz isso quando peguei o que não era meu e sim dele.

— O aluno Payton Moormeier, está alegando que alguém daqui roubou o relógio de diamantes dele. — A diretora disse e na mesma hora eu gelei.

Os cochichos só aumentaram.

Vão descobrir que fui eu. Eu vou ter um treco aqui mesmo. Estou tentando me controlar o máximo possível para não começar a chorar e pedir perdão para ele. Ele vai me matar. Se ele fizer nada, quem vai me matar, vai ser Amélia. Não vou fugir daqui, vou fugir de casa.

Calma, se eu negar, não tem como ele saber. Aquelas aulas de teatro que meu irmão me ajudava a fazer escondida, devem ter servido para alguma coisa. É só eu falar "não sei onde está seu relógio, não peguei e nem vi". Ele não tem como provar.

— Ninguém vai falar nada? — A diretora diz num tom de voz elevado e todos se encaram. — Tudo bem, suspensão para todos. — Ela ia sair, mas Charlotte se levanta.

Ela vai falar que foi ela para ter atenção dele? O que essa coisa vai fazer? É o universo conspirando ao meu favor.

— Por que não olham na mochila de cada um? — A garota sugere.

Comemorei cedo demais...

PUTA MERDA. EU ESQUECI DE TIRAR O RELÓGIO DA MINHA MOCHILA. ONTEM EU CHEGUEI MUITO CANSADA E NÃO TIREI. EU VOU DEFINITIVAMENTE MORRER.

— Isso seria invasão de privacidade. — Levanto e digo. Alguns concordam e outros nem ligam. Todo mundo tem algo que pode lhe fazer levar uma suspensão. Tipo o Vinnie e Bryce que trazem coisas não muito adequadas para uma escola. Eles olhavam para Payton implorando para que o garoto interrompesse a diretora, mas ele nem ligou. Ótimo amigo ele é, nossa.

— Quem não deve, não teme Smith — A diretora vem até mim e pega minha mochila.

Vadia mal amada.

Parabéns Elizabeth Smith, você acabou de cavar a sua própria cova. Você calada, é uma poeta. De qualquer forma, ela iria chegar em mim e vasculhar minha mochila. Só se alguém tiver um relógio igual que poderia facilmente fazer a pessoa ser incriminada por algo que ela obviamente não fez, mas acho isso meio difícil.

— Por acaso, este é o relógio? — A direta pega o relógio e mostra para toda turma. O negócio brilhava mais que tudo. As pessoas não sabiam se ficavam chocadas pela situação ou se admiravam a beleza do acessório.

— Não, não é este. — Moormeier nega.

Solto todo ar que eu prendia que eu nem sabia.
Toda aquela tensão em meu corpo some e é substituída por uma sensação de alívio.

Calma, esse é sim o relógio. Por que será que ele não falou a verdade? Eu tenho até medo do que ele irá fazer. Ele pode não ter dito, mas sabe muito bem a verdade.

Desde o começo ele sabia que foi eu que roubei o relógio dele. Será que o quarto dele tem câmera e eu não vi? Não pode ser, eu observei bem. Será que ele sabe que eu tentei invadir o cômodo secreto também?

Flashback

— Esse deve ser o quarto dele. — Coloco a mão na maçaneta e respiro fundo — Vamos lá. — Abro a porta e minha boca logo em seguida ao ver o tamanho daquele cômodo. Maior que minha casa.

Me certifico de que não tem câmera e então começo a olhar e mexer em tudo.

— Olha o tamanho dessa cama. — Me jogo na mesma e passo a mão no tecido macio do edredom dele.

Fico um tempo abraçada com o travesseiro de Moormeier e logo levanto, indo em direção ao closet do garoto.

Realmente fascinate. Os armários são todos pretos com alguns detalhes dourado. Ele deve amar muito preto, dourado e vermelho. Tudo aqui é mais organizado que minha vida, sem brincadeira. Amelia deve ter um trabalhão para arrumar tudo aqui.

Eu que não vou arrumar.

Mexi em tudo e ficava fascinada com tudo que eu via. Eu estava saindo do closet - afinal, eu já estava a muito tempo lá - e de repente vejo algo brilhar de relance. Volto alguns passos e olho para o baixo. O brilho do sol batia num objeto que o fazia brilhar.

— Não acredito. — Abro a boca por conta do choque e me abaixo.

É o relógio do Payton. O que tá fazendo aqui? Ele nunca tira do braço. Tenho até medo de pegar um desses, isso é feito de diamantes e é realmente perfeito.

Observo o acessório por alguns minutos e penso em deixar onde achei, no chão mesmo, até que minha mente resolver ser minha maior inimiga.

Por que não pegar para mim? Ele nunca tira do braço, deve ter caído, ele pode pensar que perdeu em qualquer lugar.

E foi isso que eu fiz, peguei para mim...

flashback

Peguei para mim e agora estou aqui, sentada na cadeira de frente para a mesa da diretora da escola, tentando fazer ela acreditar que esse relógio era do meu irmão e por isso ando com ele na minha mochila.

Por mais que Payton tivesse me "defendido", toda a turma alegou que era sim o relógio dele e ele não teve como mentir. Todos, tirando Charlotte, me odeiam.

— Seu irmão tinha um relógio igual do Moormeier? — Me olha por cima de seu óculos.

— Sim, por que não? Eles eram melhores amigos, normal comprar coisas iguais. — Dou de ombros.

— Não acredito. — Se encosta na cadeira.

Desculpa Jason, mas eu vou ter que usar seu nome.

— Eu ando com esse relógio porque faz eu me sentir mais perto do meu irmão. Você não sabe o quanto eu sofro todos os dias por falta dele. Agora estou sendo acusada de roubo como se eu precisasse roubar algo. — Começo a chorar de mentira.

— Tudo bem. — Ajeita o óculos — Não vai acontecer nada com você, porque não tem provas contra você e o que você falou, faz sentido. Payton não quis te acusar, de certa forma. — Eu ia me levantar, mas ela continua. — Agora você se entenda com Moormeier e agradeça a ele, você poderia ter sido expulsa. Ele gosta mesmo de você. — Me entrega o relógio e eu saio.

Ultimamente minhas desculpas estão dando muito certo. Agora vai ter que continuar assim, porque a hora que eu ver Payton, não vai ter como escapar e ele provavelmente vai querer algo em troca por ter me defendido.

Mentiras & Obsessões || Payton Moormeier Onde histórias criam vida. Descubra agora