Mentiras & Obsessões || Payton Moormeier

05

Elizabeth Smith

Cheguei na casa, ou melhor, na mansão que eu tenho que limpar e fiquei babando em cada detalhe por fora daquele lugar. Por fora já é simplesmente perfeita, imagina por dentro.

Isso é com certeza meu sonho de consumo. Na verdade, ultrapassa ele e todos meus outros sonhos. Fico pensando o que leva uma pessoa a ter tanta grana assim. A pessoa pode trabalhar muito ou pode ter nascido com a bunda virada pra Lua. Queria que a segunda opção fosse minha realidade, mas devo ter nascido com a minha virada para Plutão.

— Olha, a pessoa que mora aqui tem um carro igual do Moormeier. — Dou uma risadinha por achar aleatório e toco a campainha.

Calma, o carro dele não é exclusivo? Tipo, ele não pagou mais de 300 milhões naquele carro?

— Elizabeth? — Moormeier abre a porta e me olha confuso.

Deu tempo nem de pensar em correr, ele foi mais rápido.

E se eu corresse, minha mãe ia acabar fazendo coisas que eu prefiro nem comentar sobre.

— Moormeier? — Me assusto. — Essa casa é sua?

— O que faz aqui? — Ignora totalmente minha pergunta e me olha de cima a baixo — E com essa roupa? — Aponta para minha roupa.

— Trabalho voluntário. Tinha nada para fazer e resolvi ajudar as pessoas. Ando fazendo muitas doações e ajudando...Sabe? — Digo a primeira coisa que vem em minha mente e nada mal.

Uma coisa "boa" de tudo que minha mãe já fez e faz comigo, é que eu aprendi a mentir, muito bem e rápido, quando necessário.

— Ata...Legal?! — Diz tentando raciocinar ainda.

Aquela frase "já olhou para alguém e pensou: o que passa na cabeça dela?" nunca me representou tanto quanto agora. Será que ele está suspeitando de que eu sou uma farsa? Se fosse eu no lugar dele, essa hipótese nunca se passaria em minha mente, então prefiro pensar que na dele muito menos.

Ele deve pensar que eu só fico o dia inteiro fazendo nada. Esses eram meus planos, mas infelizmente não nasci com a sorte dele e tive que vir aqui trabalhar. São poucas as vezes que posso descansar e relaxar.

— O que? Você acha que eu não tenho o coração bom e não posso fazer doações? O dinheiro que irei arrecadar limpando sua casa vai ser doada para caridade.

— Não, não isso. Eu acho que você pode fazer isso, só acho que...É...Tipo...

Eu não faço ideia do que ele esteja pensando e sinceramente prefiro nem saber.

— Enfim, posso entrar? — Pergunto com receio e ele concorda com a cabeça, me dando espaço para entrar.

Essa casa é simplesmente perfeita. Deve ter sido feita com toda atenção aos mínimos detalhes. Acho que nem se eu trabalhasse minha vida toda, eu compraria isso aqui.

Eu estou realmente encantada. Aposto que meus olhos estão brilhando. Ainda bem que Moormeier está paralisado olhando para fora e não está me vendo babar na casa dele. Ia ser mais um motivo para ele desconfiar de mim.

— É...Só não abre uma porta preta com a maçaneta dourada, é para o seu próprio bem. — Diz ainda incrédulo, mas tenta ser firme e passar medo.