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Charlotte Cartier

Não aguentei ficar na escola depois de saber que minha melhor amiga foi sequestrada.

Quando soube da notícia senti tudo girar e Vinnie me ajudou a ir para a diretoria. Eu comecei a passar muito mal, então a diretora foi buscar uma água com açúcar para mim. Ela disse que as autoridades já estavam atrás de Eliza e que logo tudo iria ficar bem.

Não sei se vai ficar, ela é de uma família muito influente, não sei o que os sequestradores são capazes de fazer com ela.

Quando me acalmei Vinnie me levou até em casa.

Não consigo parar de pensar que a gente tinha brigado. Se algo acontecer com ela, eu nunca vou me perdoar.

Não digo isso só porque ela pode morrer e eu estar brigada com ela, mas sim porque se eu estivesse com ela, talvez isso não teria acontecido. Ou teria e eu estaria junto.

— A aula acabou mais cedo, filha? — Meu pai me pergunta ao chegar na cozinha e me ver sentada olhando para o nada.

— Não, eu só não me senti bem — Digo cabisbaixa.

— O que houve, meu amor? — Levanta minha cabeça cuidadosamente.

— Uma amiga minha foi sequestrada — Começo a chorar.

— Avani? Charli? — Pega um copo com água e estica o braço para que eu possa pegar.

— Não, a Eliza, aquela que veio aqui outro dia.

Vejo o copo que meu pai segurava estraçalhar no chão no mesmo instante. Ele estava paralisado e com os olhos arregalados.

Deve ser o choque de saber que isso poderia acontecer comigo porque eu vivo colocada na Eliza. Eu entendo meu pai. Realmente é muito preocupante.

— A gente tinha brigado, pai. Se algo acontecer, eu nunca vou me perdoar.

— Eu também não — Me abraça e diz baixo, mas eu escuto.

— Como assim? — Saio do abraço e olho para ele sem entender nada.

— Eu tratei ela muito mal, né? — Me olha e se afasta.

Realmente meu pai tratou Eliza muito mal, mas tenho certeza de que ele vai poder pedir desculpa pessoalmente quando ela voltar.

— Pai, será que o senhor podia colocar a polícia atrás dela? — Pergunto com receio

— Claro filha, irei fazer isso mesmo — Me dá um beijo na testa e sobe.

Pego meu celular e mando uma mensagem no grupo da escola. "Gente, estou mandando mensagem agora para pedir para quem tiver condições, colocar pessoas experientes a procura da Eliza. Sei que muita gente aqui não gosta dela, mas é uma vida e ela nunca fez mal para vocês. Além de que muitos aqui tem responsáveis muito experientes e importantes. Obrigada."

Espero que uma vez na vida, eles tenham bom coração. Muitos tem responsáveis ou familiares com bastante influência e poder. Podem muito bem ajudar. Pena que eu acho que eles estão comemorando. Eles não tem coração, mas a esperança é a última que morre e eu sei que minha melhor amiga vai voltar.

Independente do que rolou entre ela e o Payton e se rolou algo, eu perdoo ela. Ela ainda é minha melhor amiga e sempre será. Ela vai voltar e tudo será como antes.

Eles devem ter uma explicação para isso. Jamais me trairiam da forma que eu pensei. Eu faço as coisas com muito impulso às vezes. Como eu pude pensar isso da minha melhor amiga? E do meu namorado, né?

Mas mesmo assim. Mesmo se tiver rolado algo entre eles, o que eu acho difícil, eu irei perdoar. Pode ter sido o calor do momento, até porque a Eliza está muito triste esses dias, e com razão, o Payton pode ter ido ajudar, já que ele tem um coração bom e ela beijou ele por estar triste.

E tá tudo bem se isso tiver acontecido. Eu me coloco no lugar dela e entendo.

Pego uma vassoura e varro os cacos de vidro.

Enquanto colocava os cacos de vidro em volta do jornal para ninguém se machucar, fico pensando o que querem com Eliza.

Provavelmente dinheiro, né? Acho que se for isso, é menos pior. Isso é o que a família dela tem de monte. Não vai fazer nem diferença.

O problema é se eles machucarem ela. Ela é muito bonita e frágil. Podem fazer muitas coisas cruéis com ela.

Espero que meu pai já tenha colocado gente atrás dela e que não demore para achar. Vou ficar mais agoniada a cada minuto. Horrível saber que ela pode estar por aí sofrendo.

Mentiras & Obsessões || Payton Moormeier Onde histórias criam vida. Descubra agora