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Elizabeth Smith

Olha, eu não preciso de terapia agora ok? Eu só quero tomar um banho e dormir porque as últimas vinte e quatro horas foram um inferno.

— Tudo bem. — Se levanta e me acompanha até a porta.

A policial fica parada e eu suspiro imaginando que ela se esqueceu de perguntar mais alguma coisa para mim. Olho para a mesma que me devolve um olhar de pena.

— Hm...acho que sua mãe se atrasou um pouco. — Olha para seu relógio.

— Vocês ligaram para ela?

— Na mesma hora que você chegou, ela não atendeu, então deixei um recado.

— Ela deve estar por aí bebendo com meu mais novo padrasto. — Dou uma risada triste e cansada.

— Eu te levo para casa.

Apenas concordei e segui a mulher até seu carro. Estou muito cansada para andar e eu realmente só quero e preciso de um banho e da minha cama.

— Você e sua mãe não tem uma boa relação, não é mesmo? — Pergunta e da partida no carro.

— Isso não é da sua conta. — Respondo olhando para janela.

— Eu só quero te ajudar.

— Eu não preciso de ajuda. — Olho irritada para ela.

— Eliza, quanto mais cedo você aceitar que você precisa sim de ajuda, vai ser melhor. — Estaciona o carro e me olha.

— Tá, a gente não se dá nada bem. — Suspiro — Ela nunca ligou para mim, nem deve saber do meu sequestro. Aliás, quem fez a denúncia?

— Foi anônimo.

Que estranho...Quem faria isso?

— Sua mãe te bate? — Diz olhando para meus braços com alguns hematomas de antes de ontem.

— Às vezes. — Dou de ombros.

— E por que você não a denuncia?

— Como se fosse fácil assim. Ela é a única pessoa que eu tenho. Ou que eu não tenho. Enfim, bem ou mal ela faz a gente ter um teto para morar, sem ela eu não teria. Se você quer saber, eu só sou assim porque ela me ensinou. Ela não me ensinou para eu poder sobreviver não, ela me ensinou para eu poder arranjar um marido rico e ele me sustentar, automaticamente sustentar ela também.

— E seu pai?

— Eu nunca o conheci. Minha mãe e minha vó nunca quiseram me dizer quem ele é. Mas pelo que minha vó dizia, parece que ele é um ricasso que tem outra família.

— Você quer que eu investigue isso?

— Eu adoraria, mas melhor não. No momento não estou pronta para mais emoções, só quero descansar.

[...]

Eu e a policial conversamos mais um pouco e enfim chegamos na minha casa.

— Se você precisar, me liga.

— Ok. — Abro a porta do carro.

— Você não precisa viver nesse lar conturbado, Eliza.

— Eu não tenho escolha. — Fecho a porta.

— Tem seu pai.

— Eu não tenho ele. Nunca tive. Se ele quisesse saber de mim, ele teria vindo me procurar. Ele não veio, então temos a resposta. Talvez eu só queira saber quem é ele por puro prazer e orgulho. No fim vai ser só mais uma pessoa para eu odiar.

Abro a porta do carro e desço. Vou até a porta de casa e me agacho para pegar a chave reserva que fofa debaixo do vaso de uma planta. Não olho para trás e entro.

— Finalmente!

Dou de cara com Amélia se segurando na parede e quase tombando.

— Olha a zona que está essa casa — Abre os braços e olha ao redor — Onde você estava que não limpou?

— Eu fui sequestrada. — Digo com a voz baixa.

O novo namorado de Amélia aparece ao seu lado e os dois começam a rir. O homem quase caí, mas se segura na parede. Ele me olha de cima a baixo e pisca para mim.

— Conta outra sua inútil. Provavelmente tava por aí em alguma balada até agora. Devia tá com algum garoto pagando bebida para você, aí ele se cansou dessa coisa nojenta que você é e você teve que vir embora.

— Eu não sou você. Eu realmente fui sequestrada. Uma policial deixou um recado no seu celular, já que você não atendia porque provavelmente estava em alguma balada.

— Fala direito comigo! — Amélia tenta me bater mas acaba se desequilibrando e dando de cara no chão.

— Meu braço. — Começa a chorar — Me leva para o médico, agora. — Olha para seu novo namorado que a ajuda a levantar e ela se apoia nele — Quando eu chegar, você vai ver Elizabeth, se prepara.

Amélia sai batendo a porta e eu subo correndo para tomar banho.

[...]

Eu havia tomado banho e já havia feito uma mala. Não queria ter que fazer isso, mas preciso me desculpar com Lottie para seguir meu plano e não quero ficar nessa casa. Sem contar que se eu for para casa dela vou dormir numa cama fofinha e grande.

Tranquei a porta e vi Sam brincando na rua, então sorri. Ele não me viu e prefiro assim. Fui andando com as únicas forças que me restavam até a casa de Lottie e toquei a campainha.

— ELIZA! — Lottie grita assim que me vê e me abraça forte — Como você tá? O que aconteceu? Quando você apareceu? — Se separa do abraço — Vem, entra.

A loira saiu me puxando até seu quarto e sentamos em sua cama. Fiquei olhando para cima enquanto ela me fazia diversas perguntas.

— Eu estou cansada — Suspira.

— E eu aqui te enchendo de perguntas — Se levanta.

— Não, não tem problema. Eu vou responder. Senta aqui. — Dou umas batidinhas na cama e ela se senta ao meu lado.

Comecei a contar tudo para ela e no começo ela já estava chorando. Na verdade não TUDO, tive que falar que meus pais ainda estão em Paris e que não tenho onde ficar já que minha "madrinha" faleceu. Ela se ofereceu para eu ficar em sua casa e eu aceitei.

— Desculpa Lottie, naquele dia eu não me explicou que direito. O que Payton tinha que te contar é que ele me deu uma carona e foi uma pessoa boa comigo. O moletom era dele porque estava chovendo e eu estava com frio.

— Não precisa se desculpar, Eliza — Segura minhas mãos — Vamos esquecer esse mal entendido e focar na nossa amizade. Eu tive tanto medo de te perder, você no faz ideia!

— Mas eu estou aqui.

— Sim, e eu agradeço MUITO por isso. — Lottie me abraça e eu retribuo.

Mentiras & Obsessões || Payton Moormeier Onde histórias criam vida. Descubra agora