Mentiras & Obsessões || Payton Moormeier

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Elizabeth Smith

Eu estava olhando para baixo e andando super rápido, mas ainda sim, conseguia ver as pessoas me olhando e cochichando. Esse povo tem mais nada para fazer? Vai lavar uma louça ou fazer algo útil.

Todos esses anos mentindo e me esforçando para ninguém descobrir meu segredo para no final aquele babaca do Moormeier foder com tudo. Ele negou, mas todos sabem que aquele relógio é dele. Vou ter que dar um jeito de reverter essa situação.

Não queria encontrar Moormeier de jeito nenhum porque é capaz de eu matar ele ou ele me matar. Eu sei que uma hora vou ver ele, mas preciso pensar em alguma mentira para ele não me matar.

— PUTA MERDA. — Bato em alguém — OLHA POR ONDE...anda. — Digo "anda" baixo por ver quem estava em minha frente.

— Precisamos conversar. — Payton diz e não consigo dizer nada, apenas sinto o garoto me puxar para uma sala vazia. 

Mais cochichos e olhares das pessoas...

Moormeier nos leva até uma sala e tranca a porta. Minha morte chegou e eu ainda nem fui num show do Justin Bieber. Que mundo triste.

Ele diz que a diretora contou o que eu disse e eu só conseguir dizer que eu estava dizendo a verdade. Respiro fundo e decidi me explicar.

— Meu irmão tinha um relógio igual ao seu.

É, ele realmente tinha, mas era falso. Eu sempre ficava atenta na moda e então aquele relógio surgiu e virou febre. Ninguém da escola tinha ele ainda, então dei um jeito do meu irmão ser o primeiro. Aqui no bairro tem um cara que faz tudo falso, tudo que você possa imaginar. No fim paguei 200 reais, o que foi caro, mas valeu a pena para uma réplica perfeita de um relógio de 270 mil reais.

— A culpa não é minha que você é um desastrado e perdeu o seu. O destino foi muito filho da puta por isso tudo. — Digo brava.

No começo, nossa conversa foi agradável. Chamei ele de desastrado e disse que ele é um assassino e ele fez nada. Em que mundo eu estou vivendo? Nem me olhar com aquele ódio, ele me olhou.

Como eu disse, estava agradável, até ele resolver assumir que não acreditou em mim e jogar na minha cara que eu roubo. Simplesmente taquei aquela merda de relógio na cara dele e sai batendo a porta.

Ok, eu realmente tinha roubado ele, mas óbvio que eu não iria assumir isso. Então tive que fazer meu papel de menina rica ofendida e sai andando.

Ninguém tinha ido embora ainda. Acho que estavam esperando para ver o que ia acontecer entre mim e Moormeier. Eles esperavam o que? Definitivamente, esse povo tem mais nada para fazer.

Coloquei a mão no pescoço e não senti meu colar. Comecei a tremer e olhar por todo caminho que eu havia feito na escola e nada.

Pensa Eliza. Pensa. Pensa.

A última vez que me lembro de ter visto ele foi antes de ontem, antes de ir para balada com Charlotte. Vou ter que ir até aquela casa para ver se não está lá perdido. Qualquer lugar agora conta. Só espero não ter perdido na balada. Seria impossível achar.

— Eliza! — Charlotte corre com o braço levantado e vem até mim — Então, eu estava pensan-

— Agora não dá. — Saio andando rápido até a saída.

— Eu tive uma ideia e a gente podi-

— Eu disse que agora não! — Olho brava para ela e saio correndo até a saída da escola.

Andei alguns quarteirões, onde eu provavelmente não encontraria ninguém da escola e peguei um ônibus até o bairro daquela gente chique. Na verdade uns quarteirões antes porque não passa ônibus naquele bairro.

Desci do ônibus assim que cheguei e fui correndo até a mansão e quando cheguei na rua vi o Payton conversando com uma das moças que trabalham na casa.

PUTA MERDA. Foi a única coisa que consegui pensar.

— Payton! — Gritei seu nome e corri até ele.

Acho que eu nunca tinha corrido tão rápido assim em toda minha vida. Eu só conseguia torcer para que ele não tivesse descoberto nada. Seria meu fim.

— O que faz aqui? — Pergunto tentando recuperar um pouquinho de ar.

Moormeier começou a se explicar e pedir perdão pelo que tinha feito e eu estava adorando toda aquela situação. Não sei porque ele veio até minha "casa" só para isso, mas parece ser um sinal bom. Talvez ele esteja se apaixonando por mim e isso é ótimo, porque assim posso rouba-lo. Ele não tem cara de quem pede perdão, então algum interesse ele tem.

Óbvio que eu não ia perdoar ele fácil, eu sei que poderia estar colocando tudo em risco, mas se ele veio até aqui, é porque não vai desistir tão fácil assim de fazer eu perdoá-lo. Apenas decidi me fazer de difícil.

Como ele descobriu "meu"'endereço? Pensando bem, isso não é nada bom. Ele pode vir aqui direto e talvez descobrir tudo.

— Você quer ir almoçar comigo? Eu pago.

Mal posso acreditar que essa era a hora perfeita para me aproximar dele e de quebra comer alguma coisa boa. Estou morrendo de fome e esse sol não está ajudando. Espero que eu não desmaie aqui porque é capaz dele me levar para um hospital chique e eu não tenho dinheiro nenhum.

— Eu não preciso que você pague nada para mim, Moormeier. E outra coisa, você e Lottie são namorados. Imagina eu com fama de ladra e talarica.

Honestamente eu preciso sim que ele pague coisas para mim e eu estou nem aí para Charlotte. Por mim eu namoraria agora mesmo o "namorado" dela e ela sofreria por meses até superar ele com uma viagem para fora do país.

— Por isso o que? — Pergunto me fazendo de confusa.

Eu não estava nem um pouco confusa até porque já havia entendido o jogo de Moormeier. Assim como eu, ele está nem aí para Charlotte. Mas no momento eu não posso me jogar assim para cima dele, pois ainda é muito cedo. Eu vou aos poucos e depois me faço de inocente que se apaixonou sem querer.

— Porque eu namoro sua melhor amiga? — Se aproxima.

Eu não me afasto e fico parada. Talvez essa seja a melhor maneira de mostrar um coração um pouco amolecido. Ele tem esse típico galã e ele sabe disso, então vou suar isso ao meu favor.

Ouvimos uma buzina e olhamos.

Charlotte.

Tanta hora para essa chata chegar e ela chega bem agora. Novamente ela vai estragar tudo. Como sempre. Por que ela sempre estraga tudo?