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Elizabeth Smith

Acho que peguei pesado com Moormeier dessa vez. O café tava muito quente. Tenho que começar a pensar melhor nas minhas ações. Eu sou muito impulsiva e isso vai matar alguém algum dia. Vou me controlar mais.

Vou até a janela e abro um pouco a cortina para espionar ele.

Não acredito que ele foi capaz de tratar o Sam assim. Sério, espero que tenha queimado ele inteiro. Não me arrependo de nada. Ele tem dinheiro de sobra para ajudar o garoto e faz isso. Sam tem apenas 03 anos e foi abandonado pelos pais ainda recém nascido. Todos nós cuidamos dele e cada dia ele dorme, toma banho e come na casa de alguém.

Espera...

Ele desceu do carro, deu dinheiro para Sam, abraçou ele e disse que ajudará? Cadê o Moormeier que eu conheço? Tô até com medo.

Francamente, não sei se isso me conforta ou me assusta. Esse garoto é estranho é totalmente incompreensível.

Subo para me vestir e quando desço vejo minha vó sair do banheiro e ela estava chorando. Ela passa reto por mim e eu nem ligo. Apenas volto para subir as escadas pois não estou nem um pouco afim de lidar com esse tipo de drama.

— Por que? — Ouço sua voz baixa.

— Porque o que? — Volto alguns passos.

— Porque não disse que eu sou sua vó?

— Porque eu prefiro acreditar que não seja — Olho fixamente para os olhos dela e ela volta a chorar — Por favor, para de drama. — Reviro os olhos.

— Eu sempre fiz de tudo por você — Tenta segurar minha mão, mas eu não deixo.

— Tá. — Dou de ombros.

— Eu tentei te proteger da sua mãe. Você é assim graças a ela. Tudo é culpa dela. Seu pai ter ido embora, é culpa dela.

— Já que você me ama tanto, me diz quem é meu pai — Ela arregala os olhos e se afasta — Anda, eu tenho o direito de saber — Sigo ela

— Eu não posso. É melhor você nunca saber. Ele está bem e tem uma nova família.

— Não é justo, ok? Eu não estou bem e nunca estive. Eu não tenho uma família e nunca tive. Eu preciso ir até ele e cobrar coisas dele.

— Eu sou sua família.

— Me diz! — Aumento o tom de voz

— Jamais.

— EU TÔ MANDANDO. EU TENHO O DIREITO DE SABER. EU NÃO AGUENTO MAIS VIVER NESSA MISÉRIA. PELO JIETO QUE VOCÊ FALA, ELE É UM RICO PODEROSO. E É ISSO QUE EU QUERO. UMA FAMÍLIA ONDE TENHA UM RICO PODEROSO. VOCÊ REALMENTE PERGUNTA O PORQUÊ DE EU NÃO TER FALADO QUE VOCÊ É MINHA TIA AVÓ? PORQUE EU TENHO VERGONHA. TENHO VERGONHA DA MINHA VIDA, DE VOCÊ, DA MINHA MÃE, DESSA CASA, DE TUDO.

— Para Eliza, por favor — Diz enquanto chorava alto de soluçar, enquanto suas mãos estavam no peito, do lado do coração.

— NÃO, NÃO PARO. PORQUE VOCÊ NÃO FEZ NADA PARA SAIR DESSA VIDA. IMPEDIU MINHA MÃE DE TENTAR SER RICA E OLHA SÓ. EU ESTOU VIVENDO NESSA MERDA, NESSE LIXO — Bato na mesa.

— Eliza — Vejo ela ficar fraca e cair no chão.

— VÓ— Vou até ela e coloco sua cabeça em meus braços — Olha para mim — Seguro sua mão — Eu vou chamar ajuda - Pego meu celular

— Espera — Ela abaixa minha mão com muito esforço — É a primeira vez que você me chama de vó— Lágrimas percorriam pelo meu rosto e pelo dela — Saiba que eu te amo muito e isso nunca vai mudar — Diz com dificuldade.

Mentiras & Obsessões || Payton Moormeier Onde histórias criam vida. Descubra agora