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Elizabeth Smith

A confusão já tinha acabado e todos já haviam voltado para festa. Me sentei no sofá e fiquei mexendo meu refrigerante com um canudo para o tempo passar mais rápido. Eu não podia ir embora, mas eu também não posso ficar aqui.

Estava inquieta por ficar pensando se o plano que minha mãe estava executando, estava dando certo.

Cada vez mais rápido eu girava o canudo e tremia minhas pernas de tanta ansiedade.

Não tinha muito como dar errado, eu calculei tudo certinho, expliquei tudo certinho. Se der errado, vai ser culpa dela, não minha, mas ela vai colocar a culpa em mim e me...Enfim, a culpada será eu.

Eu sentia Payton me olhar muitas vezes. Ele pensa que tá disfarçando, coitado. Não sei porque ele está fazendo isso. Me incomoda e muito. Ainda mais depois de tudo que aconteceu hoje. Vai ver que ele quer falar comigo. Problema dele. Eu não estou afim.  Vou continuar fingindo que não percebi.

Quero muito sair daqui e tentar ir naquela porta preta da maçaneta dourada para ver se está aberta. Acho meio difícil. A maioria aqui vai procurar um lugar para foder. Ele não iria deixar aquela porta aberta por nada, mas não custa tentar. Minha vida tá dando muito certo, vai que hoje eu tenho sorte e consigo abrir, né?

O que tem de tão misterioso atrás daquela porta? Se for milhões de reais, eu poderei sair daqui correndo e ele não desconfiará que foi eu, até porque tem mais de trezentas pessoas aqui. Aliás, se eu conseguir roubar desse jeito que estou pensando, eu poderei me separar dele e parar de arriscar minha vida.

Jessy foi até Payton e começou a dar em cima dele. Vagabunda, talarica. Até ontem tava lá toda fofa comigo, dando uma de amiga e agora tá aí.

Se concentra Elizabeth, não é hora de pensar nisso. Se Payton não notar sua falta, ele dará um fora nela. Ele dará um fora nela de qualquer forma ou eu pelo menos acho isso.

E se eles ficarem qual o problema? Desde que ele ainda fique próximo de mim para eu roubá-lo, tudo bem. Isso é o importante.

Levantei devagarinho, subi as escadas correndo e fui até o final do corredor. Eu tava me sentindo a maior espiã de filme. Agora preciso me concentrar porque aqui não é um filme e se Payton me pegar aqui, eu estou definitivamente morta. Tenho que ser rápida.

Viro a maçaneta e empurro a porta, mas nada. Deve estar mesmo trancada. Forço mais um pouco por pensar que ela pode ser difícil de abrir propositalmente, mas realmente está fechada. Procuro um grampo de cabelo na minha bolsa e acho um. Olho para um lado e quando olho para o outro levo um susto.

— Bryce? — Coloco a mão no coração

— Você está bem! — Diz aliviado e me abraça

— Que susto — Dou risada — Claro que estou. Por que não estaria? — Rio fraco por não entender

— Na-nada, nada não. Ah...Viu o Payton?

— Da última vez que eu o vi, ele tava bem acompanhado da Jessy

— Você de novo tentando abrir essa porta?

— Que porta? — Me faço de sonsa — Aqui não é o banheiro? — Olho para a porta

— Olha, se eu fosse você, eu iria embora. Nem eu, nem Vinnie, nem os outros caras sabem o que tem atrás dessas porta. Então acredite, você nunca saberá.

— Caras? Que caras?

Vinnie havia falado sobre uns tais caras hoje no supermercado, mas ele mudou de assunto, o que foi muito estranho.

— Hein? Que caras são esses? — Questiono novamente ao ver Bryce arregalar os olhos e engolir seco

— Eu já falei demais, preciso ir — Sai correndo

Que garoto estranho. Eu estou ótima. Ele não tava com o Payton até agora? Por que quer saber onde ele está? E que caras são esses? Será que isso é mais uma coisa que tenho que descobrir? Esse povo tá ficando cada vez mais maluco e nem é brincadeira.

Pelo que me lembro, esses três moram juntos a anos e acho muito estranho nem Bryce, nem Vinnie saberem o que tem atrás dessa porta. Talvez ele saiba e só disse isso para eu desistir. Pois espero que ele saiba que isso só me deixou mais curiosa. Tipo, o que Payton tem de tão misterioso para guardar assim a sete chaves?

Bom, acho melhor eu sair daqui antes que mais alguém sinta minha falta e venha atrás de mim perguntar se estou bem ou sei lá o que.

— Um dia eu ainda vou abrir você, me aguarde — Passo a mão na porta e dou um beijo na mesma   

Sinto meu celular vibrar e era minha mãe me mandando um 👎.

Não pode ser, o plano não pode ter dado errado, não pode! Tinha tudo para dar certo, eu calculei cada passo, cada minuto, cada segundo para esse plano dar certo. Só se ele teve um imprevisto e não foi até o local marcado e deu tudo errado. NÃO NÃO NÃO.

Sai andando focada no celular. Eu estava quase correndo de tanta angústia. Preciso ir para casa logo.

Estava quase colocando os pés na escada, quando me sinto alguém me puxar e tampar minha boca.

Não consigo ver quem é. Apenas tento tirar a mão da pessoa da minha boca com minhas mãos, mas sem sucesso. Meu olhos estavam arregalados e minhas lágrimas escorriam automaticamente.

De novo não...

Mentiras & Obsessões || Payton Moormeier Onde histórias criam vida. Descubra agora