CAPÍTULO 2

824 69 32
                                    

— Você não está com uma cara muito boa, Dulce. O que aconteceu? — Maite, minha melhor amiga, pergunta.

Quando saí da minha loja, decidi que não iria para casa. Henrique havia me dito que hoje precisaria fazer um trabalho com Christopher antes de irem para a faculdade e eu não queria vê-lo. Depois do dia em que me toquei pensando nele, minha consciência ficou muito pesada e eu não queria ter que olhá-lo. No fim de semana sei que não seria possível evitar, mas durante a semana sim e eu decidi aproveitar isso. Liguei para Maite e perguntei se poderia visitá-la. Felizmente ela pôde me receber.

— Minha cara está tão ruim assim?

— Bem, primeiro que você quando sai às seis da tarde da loja, sempre está exausta e a única coisa que quer é ir para casa descansar. Isso não aconteceu hoje. — Ela se senta ao meu lado e me olha atentamente — Em segundo lugar, você está com uma cara estranha, me parece um pouco abatida, eu diria. Não sei, não estou conseguindo ver o brilho em seu olhar, que você sempre tem.

— Ai, Mai… É complicado explicar.

— Eu tenho todo o tempo do mundo, Dulce. Sabe que farei o possível para compreender e te ajudar. — ela coloca a mão em minha perna e sinto conforto em seu olhar.

— Certo, vamos lá. — suspiro. Mesmo com medo de Maite me julgar, decido contar — Há uns três meses atrás, Henrique chegou em casa e me apresentou seu amigo da faculdade, ele se chama Christopher. No primeiro momento que o vi, me senti atraída por ele, não sei explicar. Achei que fosse apenas carência e falta de sexo, afinal fazia alguns meses que eu não saía com ninguém.

— Mas essa atração não passou — ela conclui e eu concordo com a cabeça.

— Ele está quase todos os finais de semana em casa, eles realmente se tornaram muito amigos. Na segunda, eles não tiveram aula, e quando cheguei do trabalho eles estavam jogando videogame, Henrique disse que eu sou boa e pediu que eu jogasse com o Christopher. Eu ganhei dele e Henrique perguntou se eu não era incrível, ele umedeceu os lábios e respondeu de uma forma que me pareceu que tinha desejo em seu tom de voz e que ele me olhava com desejo também. Claro que é algo da minha cabeça, essa atração está me afetando, mas me afetando tanto ao ponto de eu precisar me tocar pensando nele. Você tem noção, Mai? — digo desesperada.

— Dulce, quem te disse que é algo da sua cabeça? Como você pode me garantir que realmente não há desejo da parte dele? — ela me não deixar de me encarar e eu franzo o cenho.

— Eu sou a mãe do amigo dele, Mai — digo como se fosse óbvio, porque realmente é.

— E daí? Você também é linda e gostosa. Ele já é maior de idade, Dulce. Eu sei que não é algo que acontece com frequência, mas você só tem trinta e cinco anos e, repetindo, é linda e gostosa pra caralho. E o fato de você se masturbar pensando nele, não há problema algum.

— Maite, eu esperava que você fosse me segurar pelos ombros, me chacoalhar e dizer que eu deveria me tratar e não o contrário.

— Você sabe que eu jamais faria isso, Dulce. Primeiro que não há motivos para isso, segundo que eu poderia passar pela mesma situação que você se tivesse filhos e terceiro que, vamos parar para pensar aqui, se você o conhecesse em uma festa, por exemplo, ficaria com ele sem toda essa culpa, não é?

— Sim.

— Então — ela sorri — não tem o porquê de ficar assim. Sei que seu maior medo é o Henrique, mas não é como se você estivesse apaixonada por ele, é apenas algo sexual.

— Sim.

— E mesmo se fosse, Dulce. Ele sempre disse que queria sua felicidade.

— Mas não com o melhor amigo dele, né? — suspiro.

— Quem realmente quer ver a felicidade do outro, não impõe restrições, Dulce. Fica feliz independente das circunstâncias ou situações. — ela pisca.

— Não precisa ir por esse lado, Maite. O que eu sinto é apenas desejo, não há nenhum sentimento envolvido.

— Melhor ainda, Dulce. Se ele estiver atraído por você também, nada que uma noite de sexo não resolva. Até porque, se ele estiver sentindo o mesmo, certamente está no mesmo dilema que você.

— Vamos mudar de assunto, por favor? Quanto mais penso, mais confusa me sinto.

— Não tem com o que se preocupar, amiga. — ela acaricia meu ombro e eu suspiro.

Espero que Maite esteja certa e eu realmente não tenha com o que me preocupar.

Inevitable  (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora