CAPÍTULO 16

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CHRISTOPHER UCKERMANN

Agora que eu e Dulce estávamos oficialmente juntos, não queria adiar o encontro dela com meus pais. Decidi que estava na hora de contar para eles que estou namorando. Não vou mentir que não tenho receio sobre a reação deles, mas espero que seja apenas algo de primeiro momento e que depois eles aceitem. Não quero maiores problemas.

Entro na casa de meus pais e sigo até a cozinha, onde sei que minha mãe está preparando um café com um bolo de laranja em cima da mesa para mim. Sempre que venho preciso avisá-la antes para que ela faça o meu bolo preferido, ela faz questão e eu não sou louco de contrariar.

Como de costume, ela está colocando a garrafa térmica sob a mesa e sorri ao me ver. As xícaras já estão posicionadas em cima do pratinho que é para colocar o pedaço de bolo.

Minha mãe teve problemas para engravidar, foram muitos anos de tentativas. Ela pensou que nunca conseguiria realizar o sonho de ter um filho, até que após muitas novenas e uma fé inabalável de meu pai, ela engravidou de mim. Ou seja, sou filho único e devido às circunstâncias ela gosta muito de me mimar, ainda mais agora que estou morando sozinho.

- Oi, mãe - sorrio ao vê-la e me aproximo para abraçá-la.

- Oi, meu Chris. - ela sorri e beija minha bochecha.

- O cheiro está maravilhoso, dona Alexandra - fecho os olhos para poder sentir o cheiro do bolo mesclado com o de café. Volto a olhá-la e ela está com aquele mesmo sorriso bobo de todas as vezes - Como você está?

- Estou bem, meu filho. E você?

- Também. Estou um pouco cansado porque hoje o serviço foi um pouco puxado. - nos sentamos à mesa - E o papai, está aqui?

- Sim. Deve estar terminando de tomar banho.

- Quero contar algo para vocês, mas quero que os dois estejam juntos para ouvir - pisco para ela.

- Sério? - ela sorri - Agora fiquei curiosa.

- Eu também fiquei, hein? - meu pai entra na cozinha e como de costume bagunça meu cabelo.

- E aí, como você está, pai? - sorrio.

- Estou bem, meu filho. Graças a Deus. E você?

- Bem também.

- Qual é a novidade que você tem para nos contar? - ele diz se sentando ao meu lado.

- Estou namorando! - digo animado e ele sorriem.

- Que legal, meu filho! - minha mãe bate palmas animada.

- Como ela se chama? - meu pai pergunta.

- Se chama Dulce. Ela é incrível, tenho certeza que vocês irão amá-la.

- Ela é da sua faculdade? - minha mãe pergunta.

Eu sabia que assim que contasse que estou em um relacionamento, minha mãe faria um questionário sobre a pessoa e isso era justamente o que me preocupava. Tinha medo de que ela julgasse Dulce sem conhecer, porque nessas situações é difícil saber qual será a sua reação. Respiro fundo antes de responder e peço a Deus que ela seja compreensível

- Não - respondo simplesmente.

- E onde vocês se conheceram, então? - ela pergunta apoiando seu queixo em sua mão.

- Ela é mãe do Henrique. A conheci por meio dele.

Percebo a expressão da minha mãe mudar assim que respondo e meu pai se mexe na cadeira sabendo o que vem a seguir, mas se mantém em silêncio esperando a próxima pergunta de minha mãe.

- Quantos anos essa mulher tem? - franze o cenho.

- Trinta e cinco.

- Meu filho... - sei que ela está iniciando um sermão, mas para a minha sorte meu pai a interrompe.

- Estou feliz por você, meu filho. O importante é vocês estarem felizes - ele coloca a mão em meu ombro, demonstrando apoio -, é apenas isso o que realmente importa né, Alexandra? - ele sorri para minha mãe que dá um pequeno sorriso que deixa claro que ela não está concordando com isso realmente - Convide ela para vir almoçar aqui no domingo, meu filho. Quero muito conhecê-la e tenho certeza que sua mãe também.

- Com certeza, meu filho. - ela força mais o sorriso - Chame o Henrique também.

- Farei o convite - sorrio.

Acho que foi a tarde que menos comi. Mesmo bebendo o suco após comer o bolo, parecia que ele simplesmente não queria descer direito. Meu pai até tentava me distrair com alguns assuntos aleatórios e brincadeiras, mas eu não conseguia deixar de prestar atenção em minha mãe, que estava visivelmente pensativa.

Fico feliz por ter o apoio do meu pai, mas também me sinto preocupado com a reação da minha mãe. Ela não é uma pessoa controladora, mas acho que a situação é um pouco inesperada para ela e o problema é que ela não sabe disfarçar quando fica cismada com algo ou quando não gosta. A única coisa que me resta é torcer para que se Dulce aceitar conhecer meus pais no domingo, que tudo dê certo. Sei que meu pai vai querer conhecê-la de coração e cabeça abertos, mas minha mãe é o que me preocupa.

Inevitable  (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora