Dente-de-leão - TAEKOOK ✔

Capítulo Um

Jeon Jungkook, com seus fiéis fones de ouvido, sentia o carro balançar irritantemente desde que o taxista chegou na entrada do sítio, que é uma estrada de terra que parecia nunca ter fim. Talvez fosse apenas a sensação de que o tempo esteja mais lento, ou talvez o silêncio interior que esteja lhe irritando mais do que o normal, afinal, não tinha mais no que pensar, mas que o caminho é longo, é.

Não pode negar que o ar ficou mais leve conforme se aproximavam do interior de Seul, não sente a fumaça da cidade e muito menos a mistura de cheiros dos perfumes das pessoas. Sente apenas o cheiro de terra e, talvez, das inúmeras flores que seus avós tanto amam.

Bufou impaciente e levou uma das mãos para o cabelo num ato nervoso e cansado.

- Estamos perto? - Perguntou tirando um dos lados do fone, sentindo o carro parar aos pouquinhos.

- Já chegamos - O taxista anunciou e o Jeon fechou os olhos em gratidão aos céus. Calmamente ajeitou o óculos no rosto e guardou os fones e o celular na bolsa ao lado, puxando o ar para os pulmões e o prendendo lá enquanto sai do automóvel, ficando parado depois de fechar a porta.

- Ham...olá? - Perguntou baixinho e meio envergonhado. Está escutando passos de duas pessoas (uma sendo do taxista), mas nenhum dos dois se atreveu a falar para avisar que tinha mais uma presença ali.

- Ah...olá! Eu esqueci que você é cego e esqueci de falar que cheguei - A voz rouca e calma falou num tom divertido e natural, diferente das outras pessoas que o Jeon conheceu. Era sempre algo:

"Ah...eu esqueci que você é...assim. Mil perdões!"

Exceto pelo Yoongi, que o chamava de cegueta numa tentativa estranha de amigar consigo. Bem...funcionou.

- Tudo bem, eu acho - Sussurrou baixinho, escutando os cantos dos pássaros e as folhas das árvores balançarem ao dar mais atenção ao próprio redor - Onde estão meus avós? E quem é você? - Perguntou num tom mais arrogante, cruzando os braços em cima do peito num ato de proteção. Talvez esse homem que o espera seja um assassino, ou um estuprador. Nunca se sabe.

- O Jiwon e a Minah estão em casa, eles estão arrumando o teu quarto. Mas não se aperreia, eu vou te levar pra lá agora - O homem avisou e soltou um risinho - Não precisa desse óculos, hoje não tá ensolarado.

- Não é pra proteger do sol, e sim pra esconder os meus olhos - Respondeu ainda na defensiva ao sentir a presença do outro próxima, sentindo um suave toque em seu braço direito que o assustou - O que diabos você tá fazendo?! - Questionou assustado, se afastando rapidamente. Entretanto o mundo quis fazer graça e colocou uma pedra atrás de si, o fazendo tropeçar e cair sentado no chão, e consequentemente o óculos sair de seu rosto e cair longe de si.

Bufou em raiva.

- Me desculpe, eu ia te levar pra casa, não queria te assustar - O homem falou rápido e em seguida um barulho alto foi ouvido, como várias coisas caindo no chão de uma só vez. Como várias malas caindo no chão de uma só vez - Vem.

O desconhecido segurou em seu braço sem muita força e o puxou pra cima, claramente nervoso com a situação bagunçada. E em seguida o mais novo sentiu algo em suas mãos, que reconheceu ser seu óculos.

Merda - Praguejou internamente ao perceber que seus olhos estavam abertos esse tempo todo. Aposta que o taxista e esse homem desajeitado estão rindo de si, ou zombando de si em silêncio.

- Dá pra você pagar o taxista logo? Eu não quero ficar aqui fora o dia todo - Bufou pela quinta vez em minutos e puxou um objeto cilíndrico de seu bolso, movendo de forma que virou uma bengala - E deixa que eu seguro no teu braço.