19.juukyuu: o passado e o instinto Kim.

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- PARK BOGUM - 

Uns anos atrás, eu estava na mesma gangue que Taehyung e meu chefe também era Jung Daeshim, o homem que eu mandei matar. Por incrível que pareça, Kim e eu já fomos amigos, não tão próximos, mas nos dávamos bem. Daeshim confiava mais em mim do que em Taehyung, isso era notável, tanto é que sempre que ele tinha que sair, me deixava no comando de todos, mesmo sendo jovem demais.

Tudo dava certo, não tínhamos estresse. Juntos, nós conseguíamos roubar literalmente qualquer coisa. Éramos praticamente uma família, até um certo dia...

Eu tinha um primo de sangue que gostava muito. Nós dois crescemos e entramos nessa gangue juntos. Ele foi o único que manteve contato comigo desde que vim pro tráfico, o resto da minha família praticamente me abandonou, e nesse tempo minha mãe já tinha morrido.

Quando Daeshim conseguiu roubar um dinheiro de um milionário de Seul, ele contou apenas para os jovens que achavam que tinham futuro na gangue, no caso, Taehyung, meu primo e eu.

Nesse mesmo dia, eu estava junto com Taehyung e com nosso chefe checando os lugares que outra parte do dinheiro desse milionário estava pra irmos buscar. Meu primo havia dito que não poderia estar nessa reunião pois estava com problemas com repetentes de uma escola.

No dia seguinte, a gangue que protegia o milionário veio nos atacar por causa do roubo que fizemos. Teve muita troca de tiros e muita morte, mas cumprimos nosso objetivo, que era proteger a grana.

A história começou aí: o Daeshim ficou bravo, pois ele estava fora quando vieram nos atacar sabendo do dinheiro, e de alguma forma ridícula, alguém colocou na cabeça dele que o meu primo estava nos traindo, mas eu sabia que não era isso.

Vi que meu chefe estava planejando tirar a vida do meu primo e tentei encontra-lo o mais rápido possível para ele fugir, mas infelizmente era tarde demais. Jung Daeshim já estava decidido a matar meu primo por traição e acabou me seguindo com outros homens sem eu perceber. Quando encontrei o único membro da minha família que ainda não havia me abandonado, ele estava sorrindo enquanto fazia carinho num cachorrinho de rua.

Quando ia avisar o que estava acontecendo, seu sorriso de desfez após um barulho alto e ele caiu no chão, mole.

Briguei feio com meu antigo chefe verbalmente, já que se eu encostasse um dedo nele, seria morto também. Insisti dizendo que meu primo não era um traidor e não tinha ligação nenhuma com a polícia, mas Daeshim foi um verdadeiro escroto falando que meu primo era, sim, um falso traíra.

E decidi mudar de lado nesse mesmo dia. Me aliei a outra gangue e, depois de várias e várias provas de lealdade, fizemos um plano pra matar Jung Daeshim.

Tudo deu certo e pegamos o plano do dinheiro. Depois de um ano, o meu novo chefe morreu por causa dos policiais e eu assumi controle.

Taehyung soube disso e desde então me odeia profundamente, e sempre foi recíproco. Não o culpo por não gostar de mim, até porque eu tirei a vida de um cara que era quase um pai pra ele, mas Kim sabia que a morte do meu havia sido em vão. Eu o odeio por não compreender meu ato de justiça.

— Chefe — meu comparsa me chama.

Fungo por causa da minha sinusite.

— O que é?

— Namjoon quer te contar uma coisa sobre Taehyung e os outros.

Pego o telefone das mãos do cara. Kim Namjoon é um espião que trabalha pra mim que mantém  contato com Hoseok há um bom tempo.

— Qual é a boa?

— Eles estão todos dormindo agora, devo matá-los?

— Taehyung é meu. Você tem permissão pra matar qualquer um deles, menos Kim Taehyung. Acho que não seria uma boa ideia matar todos e deixá-lo como o único sobrevivente, ele iria te matar sem você perceber e aí eu ficaria sem saber pra onde aquele descarado foi.

Namjoon fica em silêncio por um tempo.

— Faz sentido.

— Vocês estão na pousada que eu disse para ficarem?

— Sim, estamos.

— Ótimo. Chegarei aí em uma hora.

Novamente, silêncio.

— Você quer me falar agora coisa? — pergunto, estranhando seu comportamento.

— Ah, não, não... não é nada, não.

— Kim...

— É só que... — pigarreia — Sinto que estou sendo observado agora mesmo — fala baixo.

— Continua na linha comigo. Tô certo de que é o Taehyung — reviro os olhos — Ele vai te fazer falar sobre qualquer coisa quando desligar.

— Aham... eu... sim, tá bom, mãe.

Mãe?

— Filho da puta, fingir que eu sou sua mãe é a sua ideia?

— Sim, estou me alimentando bem.

— Era só o que me faltava.

— Não, eu tô no Canadá.

— Eu sei disso, sua jamanta.

O celular vibra e eu o tira de perto da orelha para pô-lo no meu campo de visão, vendo que há uma notificação mostrando que a bateria está prestes a acabar.

— A droga da bateria tá baixa — afirmo, irritado — Eu vou ter que desligar, mas é só ficar calmo e agir naturalmente perto do Taehyung que talvez ele não te torture.

— "Talvez?!" 

— Beijo, filho. Mamãe te ama — brinco e desligo a ligação.

Estou levemente preocupado com Namjoon. Há grandes chances de Taehyung já ter descoberto que ele trabalha para mim. Espero que Nam saiba desviar das perguntas que Kim fará.


- KIM NAMJOON -


— S-Senhor Taehyung — gaguejo, sabendo que ele está atrás de mim — Não está cansado?

Sinto o olhar de Taehyung me atravessar, como se pudesse ler meus pensamentos. 

— Temos o mesmo sobrenome, Namjoon. Não é interessante? — ele pergunta.

Engulo em seco. Ele está começando o interrogatório que Bogum havia me alertado.

— É, sim. Eu... eu acho bem legal isso.

Taehyung solta um pequeno "haha" e dá a volta pelo sofá com passos lentos, permitindo sair o som de suas solas dos pés nuas arrastando no chão.

— Eu sempre pude sentir uma ligação com quem tem o sobrenome "Kim", mesmos e fosse alguém que eu nunca havia visto na minha vida — se posiciona na minha frente.

— Que coisa incrível! É quase como um instinto, não é? — evito olhar em seus olhos.

— Exatamente — se senta na mesinha empoeirada, apoiando um antebraço no joelho e a outra mão na cintura — Um sexto sentido.

Encaro seus pés. Não quero de jeito nenhum olhar em seus olhos.

— Sabe o que meu sexto sentido diz pra fazer com você, Kim Namjoon?

— O-O quê? — ouso finalmente encará-lo, me arrependendo no mesmo instante.

As pupilas de Taehyung estão dilatadas, como se ele estivesse louco para fazer alguma ação que gostaria muito de fazer. Seus lábios estão esticados, mas não mostram seus dentes, e a iluminação é terrível, deixando o ambiente mais pavoroso.

— A mesma coisa que fiz com Moon Saem — sorri mais, dessa vez abrindo espaço para seus dentes aparecerem.

Ele vai me matar mesmo?!



perdão qualquer erro.

[LEIAM A ÚLTIMA NOTA] imprevisível; kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora