2.ni: quem será o traidor?

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Estou terminando de trocar o curativo da minha orelha no vestiário. Ontem, depois que Taehyung fez minha orelha sangrar até quase arrancar um pedaço, acabei o enforcando e fazendo com que ele batesse o nariz na grade várias vezes. Não me culpe, foi legítima defesa.

O conheço há anos, desde o no Ensino Médio. Taehyung estava na minha turma por ter repetido de ano duas vezes. Ele se aproximou de mim logo no primeiro dia, e acabamos nos tornando grandes amigos. Ele me apresentou a seu melhor amigo daquela época, Park Jimin, e consequentemente, me tornei amigo deste também.

Jimin tinha a idade de Taehyung, sendo apenas uns meses mais velho. Ele também tinha repetido de ano, mas só uma vez, porque ele e Kim prometeram que se um deles repetisse de ano, o outro teria de repetir também. E no caso, Jimin teve de repetir propositalmente.

Nunca mais soube de Park. Ele nunca veio visitar Taehyung, e nunca ouço Kim falando sobre ele.

Dylan surge ao meu lado.

— Ei, Jeon, tá melhor?

— Mais ou menos.— faço uma careta.— Ainda está sensível e vai demorar um tempo para cicatrizar.

— Você deu mole, sério. Esqueceu que uma das maiores famas de Kim é por ele saber usar muito bem a boca? Os dentes, quero dizer.

— Pois é, cara.— jogo o antigo curativo no lixo e pego minha rifle, checando a munição.— Ele soube que a gente ouviu a conversa dele com Seokjin. Talvez ele nos denuncie por invadir sua privacidade.

— Não sei, acho que não. Taehyung é esperto, mas não acho que nos denunciaria

— Pode ser.

Espero Dylan se trocar e checar sua arma, depois sigo com ele até o pavilhão. A sirene toca e todos os presos vão para fora de suas celas, encostando na parede.

Alguns policiais e eu subimos para o andar de cima do pavilhão, indo fazer revista em cada prisioneiro.

Na última cela do lado esquerdo daquele andar, estão apenas Jackson e Jinyoung. 

— Onde está Taehyung?— Yugyeom pergunta, enquanto passa as mãos pelo corpo de Jinyoung.

— Dormindo ainda.— Jackson responde.

Se Kim Taehyung pensa que vou deixá-lo ileso, está muito enganado.

Jackson vai andar junto com os outros presos em direção ao banheiro do andar debaixo para tomar banho depois que o revisto. Eu entro na cela de Kim e o vejo deitado no beliche de cima.

— Levante-se, Kim.

Ele vira seu corpo para poder me ver.

— Dentuço.— ele sorri.— É uma honra recebê-lo em minha humilde residência, quer alguma coisa?

— Desça da cama e venha para a revista. E me chame de Policial Jeon, detento. 

Taehyung se senta e fica balançando as pernas.

— Olha, eu não tô muito a fim de ser revistado hoje, não. Estou muito bravo com você, dentuço.

Calma, Jeongguk. Calma.

— Não quero saber. Desça, agora.

— Você quase quebrou meu nariz.— ele aponta para seu curativo e depois desce.— E não imaginei que fosse tão forte, Jeon. Ainda estou com a marca das suas mãos no pescoço.

Ficamos encarando um ao outro. 

— Mãos na parede.— digo, sério.

Ele vai até a a parede que seu beliche está encostado e se apoia lá. 

Solto minha rifle e a deixo pendurada pelo meu pescoço, revistando aquele detento baderneiro.

— Vá tomar banho.

Ele se vira para mim.

— Não precisa me dizer o que eu tenho que fazer, policial.— ele pega uma toalha enrolada.— Eu sei toda a rotina de uma prisão há mais de onze anos.

Taehyung sai da cela mantendo um olhar intimidador comigo.

Vou logo atrás dele, mas passo reto pelo banheiro e dirijo-me até a sala do diretor Mark.


{...}

— Agora, vamos discutir sobre a transferência de Kim Taehyung.— Mark anuncia.— Jeongguk e Dylan vão na mesma viatura que Kim, e os outros policiais vão se dividir em mais quatro viaturas. Duas na frente e duas atrás.

Concordamos com nosso superior.

— Vocês terão de ter muito cuidado na hora de embarcar no avião. Não tirem os olhos de Taehyung e em hipótese nenhuma: não o deixem sozinho, nem mesmo acorrentado. Ele é capaz de cortar os próprios pés para ter sua liberdade.

Isso não é exagero. Taehyung é tão obcecado em fugir que uma vez já esfregou pimenta nos próprios olhos só para poder ir ao oftalmologista no centro da cidade e tentar escapar.

Ele é louco e não tem medo de nada.

Taehyung pratica crimes desde sua adolescência, mas foi pego só com dezenove anos e desde então dedica sua vida à fugir da prisão sem descartar nenhuma oportunidade.

— Vamos ficar de olho nele, diretor.— Dylan assegura.

— Assim espero. Tenho certeza que vai dar tudo certo.

Mark nos alerta sobre todas as possíveis fugas que Kim poderia tentar fazer sozinho e acompanhado. Não me surpreendo com os absurdos que ele fala.

— Vocês irão das viaturas até o aeroporto daqui de Donghae e seguirão para Seul. De Seul, vão para os Estados Unidos. Vão ter policiais por todos os lados, então se Kim escapar, com certeza vai ser porque alguém da equipe o ajudou.

Não acho que algum policial ajudaria Kim a fugir, não tem lógica.

De qualquer forma, ficarei de olhos abertos para ver se teremos um traidor entre nós.


então, né, jeon.

rs.




[LEIAM A ÚLTIMA NOTA] imprevisível; kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora