Capítulo Cinco

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Porto, Portugal, fevereiro de 1955

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Porto, Portugal, fevereiro de 1955

Era uma noite amena de final de fevereiro. Na Rua das Flores, aristocratas desfilavam com os seus trajes requintados e bem aprumados. As senhoras trajavam vestidos de baile, longos e faustosos. Elas eram adornadas por brincos, colares e anéis, feitos de metais preciosos e adornados por pedras preciosas. Já os cavalheiros haviam escolhido os melhores fatos de gala e os seus mais caros botões de punho.

O olhar cor chocolate analisava cada casal, à medida que caminhava pela calçada portuguesa. Os sussurros, as mãos dadas e os pequenos afetos faziam-lhe provocar uma certa nostalgia. Imagens do primeiro baile acompanhada por Afonso atravessavam a sua mente como cometas. Um sorriso doce curvou-se nos cantos da sua boca, erguendo o rosto para as estrelas. Está uma bela noite, não achas, Afonso?

— Não concordas, Leonor? — Uma voz feminina invadiu a sua mente e fê-la descer à Terra.

— Do quê, Luísa? — Encarou a amiga, ainda confusa. — Peço desculpa, não estava a prestar atenção à conversa.

— Ai, ai... Maria Leonor, sempre com a cabeça na lua. — Os olhos radiantes da ruiva transpareciam um ar de brincalhona. — É ou não é verdade que esta noite seremos das damas mais belas do baile?

— Of course que seremos, my dear. — O sotaque carregado britânico surgiu ao lado da fadista. — Estão vestidas pela boutique mais requintada da cidade do Porto, ou seja, a minha boutique.

De facto, as três jovens estavam magníficas, atraindo olhares curiosos de todos os cantos da Rua das Flores. Luísa trajava um vestido azul escuro como a noite, de mangas compridas e com decote em formato coração. À luz dos candeeiros da cidade, pequenos brilhos azul bebé cintilavam, como estrelas. Os cabelos cor fogo caíam pelos ombros, ondulados e ardentes.

A britânica Vivian desfilava com um vestido púrpura, de uma só alça, que estava adornada por flores prateadas. A saia esvoaçava com os seus passos e os seus brincos de prata cintilavam com a luz. Sobre os seus cabelos de oiro estava uma bandolete da mesma cor do vestido, com pequenos brilhos prateados.

Por fim, a jovem Leonor era a mais graciosa daquela noite. O seu vestido da cor do ouro e as suas mangas eram rendadas com desenhos de flores, sobre um tecido dourado mais claro. A sua saia era em formato de trompete, dando-lhe um ar sofisticado. Os seus cabelos estavam perfeitamente penteados num coque trançado e os seus lábios estavam pintados numa cor nude.

O olhar da fadista pousou na entrada de uma das casas mais célebres daquela rua: a casa da família Castro. As três damas entraram de braço dado, enquanto tagarelavam entre si. O palacete era remoto da época setecentista, com a fachada engalanada de pormenores. No topo, o brasão dos Castro estava esculpido em pedra, com treze círculos marcados no centro e um cavaleiro sobre eles.

No interior, pinturas preenchiam as paredes do corredor principal, com anos, décadas e séculos. Ninguém dava por elas além de Leonor. Analisava cada pormenor e cada pincelada, como fazia quando frequentava o museu Soares dos Reis. Apesar de ter caminhado tantas vezes naquele salão, havia sempre um quadro em particular que atraia a sua atenção.

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