Prólogo

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O som do comboio irrompeu pelo silêncio da manhã, a toda a velocidade pelo caminho de ferro

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O som do comboio irrompeu pelo silêncio da manhã, a toda a velocidade pelo caminho de ferro. Atravessava a ponte D. Luís I, toda construída em ferro, em arco. O sol parecia tímido, a espreitar por detrás da serra do Pilar, deixando o céu pintado de tons quentes e fortes, contrastando com as poucas pinceladas a branco: as nuvens. Pequenos rapazitos já haviam acordado e brincavam nas águas no rio Douro, mergulhando da zona mais baixa da ponte.

No bairro da Ribeira caminhava uma jovem, de sorriso que ia de orelha a orelha. Trajava um vestido encarnado e os seus ombros estavam protegidos pelo simples xaile negro. Os seus caracóis castanhos escuros estavam semi apanhados por uma rosa vermelha, majestosa e delicada. O seu passo parou à beira do varal, pousando uma bacia cheia de roupas acabadas de lavar. Com isto, começou a estendê-las, enquanto que cantarolava uma melodia tradicional. A fragrância do sabão em barra bailava no ar, à medida que a moça prendia as roupas às molas de madeira.

Oliveirinha da serra, o vento leva a flor!

Oliveirinha da serra, o vento leva a flor!

Ó ió ai, só a mim ninguém me leva!

Ó ió ai, para o pé do meu amor!

Ó ió ai, só a mim ninguém me leva!

Ó ió ai, para o pé do meu amor!

Aos poucos o povo portuense acordava, abrindo as suas janelas com paisagem para o rio Douro. Algumas das vizinhas mais idosas tagarelavam e trocavam mexericos à varanda, enquanto regavam os seus queridos cravos ou ainda, a retocar a roupa no estendal. O bairro da Ribeira estava animado, cheio de turistas, algo completamente normal para aquela altura do ano tão próspera: o verão. Alguns dos estrangeiros fotografavam as casas coloridas e alegres, comentando para os seus conterrâneos nas suas línguas forâneas.

A jovem ajeitou o seu xaile negro, enquanto caminhava em direção da margem do rio. O seu olhar da cor do céu perdia-se na paisagem portuense, maravilhada com a beleza. Avistava as crianças ao longe, perto da ponte, a mergulharem nas águas cristalinas do Douro. Ela sorriu, ao ver o entusiasmo da juventude já àquelas horas da manhã.

— Bom dia, menina Maria do Céu! — Um senhor cumprimentou-a, retirando a sua velha boina, sorridente.

Era um senhor já com os seus setenta anos de idade, com os cabelos grisalhos e as suas pequenas rugas iluminadas pelo sol. No bairro da Ribeira era conhecido como o tanoeiro, uma profissão que consistia em fabricar barris, naquela região relacionada ao armazenamento do vinho do Porto.

— Bom dia, senhor Alberto! — A jovem despertou-se dos seus pensamentos, com um semblante bem disposto e risonho. — Que lindo dia que está, não acha?

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