Leather|

Couro.

A <agcd@eclare45.com>
9/1/21 3h32
Para Henry

Querido, meu, Henry poeta. Em momentos como esse, eu me encontro olhando para cima, mas não para o teto é claro, para o céu, e para o que está além dele. Você já se perguntou se um dia você estivesse lá? Não no céu, mas além dele? Além do que somos capazes de enxergar?
Eu sempre disse, e não vou me cansar de dizer outras incontáveis vezes o quanto eu me impressiono pelas coisas que você me escreve. Com isso, eu me vejo no seu lugar de "o que eu posso fazer ou pagar para ver enfim o quão digno eu sou"? Você me faz pensar nisso, como se eu tivesse vivido para chegar aqui, nesse exato segundo. Qual o meu valor? E qual o valor que te faz ser assim, meu?
Uma vez me disseram que as coisas mais boas, eram as que pouco duravam. Isso me assusta, porque eu realmente não quero que passe pelos meus olhos um vazio maior que vê-lo sorrir para mim antes de entrar numa máquina de vôo preussorizadora e ir de volta para um outro continente. Eu vivo a nossa melhor versão, porque meu medo é ser pouco, e viver pouco sem esperar por um fim que pode estar ao meu lado. Isso definitivamente quebra o meu sono, mas eu imagino, lá, além do céu, nós continuaremos sendo nossa melhor versão?
Eu pagaria com cada pedaço meu que fosse capaz de ser entregue à você, só para ter você em todas as possíveis e impossíveis últimas vezes. Eu quero sentir você e quero que você me sinta. Que você sinta o meu couro, que agora já não é tão meu. Aonde você chegaria por isso?
Despedidas são horríveis. Esse não será um último email. Te vejo em breve, em uma chamada de vídeo, alguma caridade, ou em um além do que somos capazes de enxergar.

Alex e Henry.