O trem não parecia ser o meio de transporte mais utilizado por esses cantos, já que a estação só havia alguns gatos pingados.
A chuva parecia aumentar no mesmo tempo que diminuíra. Enquanto aguardava o casal que estava na minha frente comprar bilhetes.
Parecia que a cena deles, sorrindo um para o outro indo viajar juntos, só me deixou mais deprimida.
As gotas da chuva caindo apressadas, formando uma poça, era o que eu preferi observar. Pensando bem no que eu iria fazer, no que eu realmente queria fazer.
A verdade é que eu estava com medo. Pois tudo o que aconteceu nessa manhã e nesses últimos dias mexeu com minha cabeça. Que Bill me perdoe, mas nesse momento eu não queria tanto aceitar seu pedido. Eu teria ficado, mas meu ego é realmente do tamanho de uma cratera.
Eu tinha esperança de voltar onde eu parei. Naquele momento na praia. Mas eu tinha que parar tudo.
Tentava focar nos momentos em que brigávamos. Nas palavras que me machucavam, aquelas que ele falava para mim nos momentos de raiva. Mas minha mente me trazia pros momentos em que eu via a sensibilidade dele, quando ele se importava em enviar cartas a mim nas férias de verão. No quanto eu ficava feliz em matar um pouco a saudade dele. A verdade é que eu tinha medo. Medo de admitir.
Admitir que eu estava apaixonada por Harry James Potter.
Não passava pela minha mente o momento em que o menino mimado da grifinória se tornou alguém que eu queria chamar de meu.
Atordoada em meus pensamentos, não havia percebido que minha vez havia chegado.
—Boa tarde, uma passagem para Londres, por favor.—Falo educadamente pelo vidro.
—Não há viagens disponíveis para Londres. Boa noite. —O atendente na faixa de 35 a 40 anos me diz, sem me olhar nos olhos.
—Como?
—Não há viagens disponíveis para Londres. —Rispidez presente na voz do mais velho.
—Olhe, meu bem. Eu ouvi isso. Mas quando eu lhe perguntei "como" eu quis uma explicação.
—Meu bem, está chovendo. E quando chove por essas redondezas, significa que em Londres se formou o novo Rio Amazonas. O último trem que foi, está parado lá. Sem previsão de volta. Então não há viagens disponíveis para Londres.
—Obrigada.
Me afasto da bilheteria, ainda chocada pela grosseria do atendente. Mas devo dar um pouco de empatia, é quase feriado e o moço está lá trabalhando desde que os trens começaram a sair.
Dei passos para fora, vendo que a chuva continuava a cair.
O sol vinha a se pôr, e os tons de laranja se misturavam com o azul do céu. Pelo visto já eram 6hrs, valeu pela correção, moço da bilheteria.
A escuridão da noite se misturava a tonalidade laranja do céu. Me sentei em um dos bancos da estação. Meus ouvidos captam de longe de uma voz ofegante, vinda direto da bilheteria.
—Harry? —o vejo quando me viro, me levantando do banco.
—Céus Sn. —ele diz aliviado. Sua figura totalmente molhada.
—O que está fazendo aqui? —Pergunto indo ao seu encontro.
—E-eu tive um pressentimento e... e... não entre nesse trem, não vá. É sério, eu realmente tive alguns pensamentos e eu-
—Harry, fique calmo.
—Não. Eu venho guardando sentimentos, por medo. E eu tenho certeza que agora é a hora e- Pelo amor de Godric eu estou tremendo. —Ele coloca cada mão em um abraço meu, percorrendo do ombro ao cotovelo.