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Juliette

Eu a odiava. Desde o momento em que se mostrou tão perfeitinha para os outros. Sarah era nada, mas parecia conseguir tudo. Era uma injustiça a forma como os professores a tratavam. A forma em como ela sempre ganhava de mim sendo que sempre chegava atrasada e mal parecia ligar para o que acontece a sua volta. Isso me irritava de uma forma sem lógica, já que ela nada fazia contra mim. Mas era um sentimento que eu não conseguia controlar ou pensar sobre, pois sempre que tentava mais raiva eu sentia dela.

Quando a vi discutindo com Arthur não pude me controlar e fui enfrenta-la. Arthur não merecia nada disso e eu poderia apostar que ele fizera algo de errado. Mas não importava, era Sarah e eu a queria longe de mim e de meu mundo lógico, mas incontrolável. Porém no que isso tinha resultado? Era a primeira vez na vida em que eu estava indo para a sala da diretora receber uma reclamação e eu estava nervosa. Meu pai iria ficar decepcionado. E tudo era culpa daquela garota!

Caminhei de queixo erguido até a diretoria enquanto por dentro tremia pela futura repreensão. Sarah seguia ao meu lado quieta e com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Droga! Odiava não saber o que ela pensava, porque ela tinha de ser tão difícil?! Quando finalmente chegamos, a diretora pediu para que sentássemos nas cadeiras de frente a mesa, obedecemos em um silêncio absoluto. A Sra. Lopez fazia movimentos lentos e ponderados quando se dirigiu a mesa para sentar na cadeira giratória.

–Os professores vêm comentando dessas discussões que as duas vem tendo uma com a outra – A Sra. Lopez começou, em um tom calmo e frio ao mesmo tempo – Quero que justifiquem-se.

O silêncio de Sarah se prolongou, ela encarava diretamente a diretora como se recusasse a me fitar. Aquilo foi o suficiente para mexer com meu humor novamente.

–Porque ela tem privilégios?! Isso é injusto com qualquer outro membro dessa escola! – protestei veemente – Chega atrasada, dorme em algumas aulas, recebe vantagens...

–Tiro as notas mais altas – Sarah me interrompeu.

Fechei minhas mãos em punhos. Eu podia apostar que ela fazia nada para estar no topo, enquanto pessoas como eu, se preocupavam com os mínimos detalhes.

–Nota não explica conduta – completei ríspida.

–Tem gente pior do que eu e você não acha que há injustiça – ela argumentou finalmente me fitando – Você não sabe nada sobre mim e me julga, italianinha burguesa.

–SUA...!

–Chega! – a diretora bateu a mão na mesa em um baque surdo, fazendo com que nós duas ficássemos quietas – Quero que prestem atenção. Há um modo para que não recebam uma punição por causarem desordem.

–Mas... – falamos eu e Sarah ao mesmo tempo.

–Mas nada, escutem. Vocês terão um mês para realizar um trabalho juntas. Quero que façam uma redação sobre a outra, como foi o tempo juntas e sobre a história das duas – a Sra. Lopez decretou de forma definitiva.

–Não tem lógica nisso! – Sarah replicou.

–Pela primeira vez Io concordo com essa ragazza! – falei logo depois.

–Querem optar pela lógica de cumprirem detenção? – a diretora arqueou uma sobrancelha dando um quê maior de poder.

s ɪ ᴍ ᴘ ʟ ʏ | | Sariette • ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora