08

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Juliette

–Do trabalho? Amo. Conheço pessoas, trabalho, ganho meu dinheiro e me divirto – ela deu de ombros enquanto limpava o seu balcão.

–Mas vai fazer isso depois? Digo, da escola.

–Não, pretendo ter uma bolsa para uma faculdade de arquitetura. Ao menos que pague parte da faculdade. Vou continuar trabalhando e estudando já que tenho de manter todos os extras sozinha e Sean ainda vai continuar na escola – ela comentou com segurança. Eu não duvidava que ela fosse conseguir – Por isso tenho de manter minhas notas sempre altas, não ter nenhum delito no meu histórico escolar. Na maioria das vezes suporto humilhações e provocações sem reagir. Mas no fim quem sai ganhando sou eu.

–Você é uma mulher – murmurei admirada.

–Tenho de ser – ela deu de ombros novamente.

–Você me ensina? – perguntei e ela me olhou de forma maliciosa e eu acrescentei rapidamente – A fazer drinks!

–Venha cá – Sarah chamou rindo.

Eu havia ficado animada assim quando entrei no espacinho para ficar na parte de dentro do balcão. As coisas ali eram totalmente organizadas e havia bebidas a todos os lugares. Assim que estava passando, um dos garçons se aproximou e pediu uma Manhattan. Sarah me chamou com a mão e pediu para ficar mais perto. De inicio ela apenas me mostrava os ingredientes e como fazer. Em menos de cinco minutos a bebida ficava pronta.

–Hoje vai ser apenas minha ajudante. Nas próximas noites eu deixo você fazer algo, que tal? – ela propôs sorrindo de um jeito sedutor.

–Va bene – confirmei quase sem pensar.

Uma vez ali, eu não quis sair mais. Ficava perto dela, conversando com ela, dançando um pouco. Não havia tédio ou coisa parecida. Ela me fazia rir fácil, me irritava fácil... E me encantava mais facilmente ainda. Lá pro finalzinho da apresentação da dupla, eles chamaram Sarah para cantar um pouco. Ela tentou resistir, mas todos já gritavam o nome dela e mesmo sem jeito ela caminhou para o palco. Só então retornei para meus amigos e quão minha surpresa ao ver melhor que Higor estava bem, mas bem próximo do amigo que sentou a nossa mesa. Bastou um olhar para Camila para ela confirmar minhas suspeitas em um movimento de cabeça. Higor era gay!

Enquanto Sarah ajeitava o violão e sentava em um banco alto, eu sentava perto de minha amiga, de um jeito que pudesse vê-la completamente. Depois de ajustado a altura do pedestal do microfone. Ela sorriu e começou a falar:

–Bom, sou Sarah e às vezes me obrigam a fazer essas coisas. Pena que não cai como extra em meu salário – ela falou brincando, arrancando risadas de alguns – Mas como me preocupo mais com vocês pessoas lindas e maravilhosas. Vou cantar um pouco. Essa música vai para alguém especial. Essa pessoa é chata, irritante e brava, mas ao mesmo tempo delicada e gentil.

Senti minha face corar e Camila rir alto de mim. Obviamente todos já sabiam que era eu a homenageada, até porque a minha vergonha era evidente. Sarah revirou os olhos rindo baixo, mas seu riso repercutiu pelas caixas de som, tão gostoso e tão dela que a quis abraçar. Para distrair da situação, Sarah começou a tocar os acordes do violão com maestria, demorei um pouco a perceber que música era, mas minhas suspeitas se confirmaram quando Sarah começou a tocar uma versão acústica de Fukin’ Perfect de Pink. Ela cantava olhando diretamente para mim, mais ninguém. Era como se fosse uma serenata pública! Meu coração estava tão disparado contra o peito, as sensações se confundiam com os sentimentos e eu já me encontrava perdida, completamente perdida. No fim, as pessoas aplaudiram quase de pé e pediram outra.

s ɪ ᴍ ᴘ ʟ ʏ | | Sariette • ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora