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Juliette


Não resisti ao impulso de correr para os braços dele e finalmente chorar. Eu queria proteção, eu queria estabilidade. Ter meu pai ali, naquele primeiro momento, pareceu significar tudo isso.

-Ah o papai chegou? - riu o garoto alto - Nós só estávamos tentando consertar sua filha! Ela e essa va..dia que ela chama de namorada.

Meu chão pela segunda vez naquela noite simplesmente desapareceu. Afastei de meu pai com mais medo do que antes. Ele estava sério, olhando-me sem expressão nenhuma.

-Quero saber exatamente o que aconteceu aqui. Qual a ocorrência? Por que o delegado ligou para mim dizendo que minha filha estava em problemas? - ele exigiu usando aquele tom ameaçador e ao mesmo tempo profissional.

-Você não escutou velho? - resmungou o moreno baixo - Sua filha estava com essa daí se pegando, pensamos que poderíamos participar da pu..taria também!

Meu pai olhou para Sarah. Ela estava de braços cruzados, sozinha em um canto, enfrentando todos os olhares que lhe eram direcionados de queixo erguido em uma teimosia. Mas o lábio inferior dela tremia. E eu não estava ao lado dela. Isso me atingiu com tanta força que meu impulso foi de ir para lá quase correndo. Porém novamente meu braço foi segurado e eu fui impedida de seguir com ela. Meu pai me segurava com mais força que necessário, lançando-me um olhar tão severo que meu corpo congelou automaticamente no lugar com o poder que ele exercia sobre mim.

O promotor entrou em ação. Ordenou as coisas, ouviu as testemunhas que claramente dizia que eu estava com Sarah, mas também falavam como ela me defendeu e lutou contra os outros. Eu tentava falar, mas sempre que tentava abrir a boca meu pai lançava aquele olhar controlador e que eu tanto tinha medo. Sarah nada falava, não olhava para mim, estava em uma bolha de proteção da qual eu não fazia parte. Ela estava se protegendo de meu pai e de todos ali.

Horas se passaram até aqueles quatro terem sido presos por desordem pública e discriminação. Eu, que estava sentada a um bom tempo em uma cadeira o mais longe possível de Sarah por ordem de meu pai, finalmente levantei quando os quatro homens foram levados algemados. Dessa vez nada me impediu de correr para Sarah e desabar ao seu lado, a abraçando com todas as forças que me restavam.


-Eu estou com tanto medo, mas tanto medo - eu murmurei sem impedir que as lágrimas caíssem.

-Calma - ela disse com a voz falha, aquilo quebrou meu coração, ela estava segurando o choro - E... Juliette... Eu também te amo.

-Delegado, prenda essa garota - a voz de meu pai soou como uma sombra - Por assédio a minha filha.

-Não! Não! - finalmente reagi, pulando e deixando Sarah sentada atrás de meu corpo - Isso não é verdade, você não tem o direito!

-Não discuta comigo mocinha! - ele quase gritou, finalmente dando vez ao lado de meu pai que eu tanto temia.

-Discuto! - briguei e Sarah ficou ao meu lado - Eu sou maior de idade, estou declarando que namoro essa garota, então não há fundamentos em sua acusação.

Ele parecia que ia explodir, ou me matar com aquele olhar. Sarah não poderia ser presa, isso iria aparecer nos relatórios para as universidades, ela tinha Sean para cuidar. Naquela noite ela tinha me protegido de todos aqueles monstros, agora era minha vez de protegê-la de meu pai.

-Isso é uma coisa que se deve resolver em casa, pai - falei um pouco mais séria e menos assustada - Não há lei que me proíba de ver a minha namorada, de ficar com ela!

s ɪ ᴍ ᴘ ʟ ʏ | | Sariette • ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora