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Sarah

Antigamente eu planejava minha vida de um jeito simples. Passar na faculdade, dar uma boa vida para meu irmão, ter uma pequena casa em algum litoral e um cachorro grande, tipo um pastor alemão ou um labrador. Talvez adotar alguma criança quando tivesse uma estabilidade financeira grande o suficiente para isso. Mas isso tudo foi antes de ser mandada fazer uma redação sobre Juliette. Desde então cada dia de minha vida foi saindo dos meus planos originais e se tornando algo que mais parecia uma novela ou um seriado americano de pessoas ricas e seus dramas.

Eu simplesmente não podia acreditar que estava em um hotel em Paris, parada na sacada encarando as ruas da cidade da luz. Um pouco mais distante podia-se ver a Torre Eiffel em todo o seu glamour. Eu iria me casar ali, em uma das cidades mais famosas do mundo. Por deus, só de pensar que iria casar meu corpo tremia! Cruzei os braços sobre o parapeito e mordi o lábio. Não ligava para o frio que fazia já que eu usava apenas roupas íntimas e um roupão de seda por cima. Como minha vida foi acabar assim? Eu era apenas mais uma das pessoas com poucas possibilidades desse mundo, com uma visão de apenas ser feliz com o que tem. E de repente estava com a lua-de-mel marcada para Mônaco.

–Se ficar ai muito tempo vai seduzir todas as parisienses.

Ri baixo e virei meu corpo para poder ver parada na entrada da sacada a mulher mais linda desse mundo. Juliette já usava uma roupa de dormir lilás, de short curto e blusa de alças finas. O cabelo castanho estava torcido e enrolado pela toalha. Fazia quase uma hora que tínhamos chegado ao Hotel reservado por Leonard e Maggie, Juliette estava tão cansada que eu a deixei dormindo um pouco enquanto tomava meu banho e depois vim direto para a sacada. Parece que levei tempo ali o suficiente para que ela acordasse e tomasse um banho. Encostei-me ao parapeito e ela começou a se aproximar, fazendo logo uma pequena careta de incomodo.

–Está frio aqui – ela reclamou.

–Então me abrace.

Juliette prontamente sorriu e envolveu os braços em meu pescoço, de forma quase automática os meus envolveram a cintura dela. Ela não tardou a apoiar um pouco de seu peso sobre mim, mas nunca que iria reclamar disso já que assim todas as partes possíveis ficavam coladinhas e levemente pressionadas. Principalmente aqueles seios. Tirei a toalha de seu cabelo e já ia jogar em qualquer canto quando vi aqueles olhos castanhos reprovadores, coloquei a toalha no parapeito e ela sorriu em aprovação.

–No que estava pensando? – Juliette perguntou começando a mexer em meu cabelo da forma que ela sabia que me acalmava.

–Em como minha vida mudou. Talvez não seja uma mudança tão radical na sua vida, sempre foi uma burguesinha – respondi e ela riu sem conseguir negar mais – Mas para mim? Eu sempre fui aquela que batalhava e ficava feliz por conseguir pagar as contas de casa no fim do mês.

–Está assustada? – a voz dela estava calma, uma canção que sempre me envolvia quando ela usava esse tom.

–Só quando você não está perto – admiti e suspirei – Isso para mim só era coisas de novelas ou livros, não era algo para mim.

–Bom, eu não era algo para você também.

Dessa vez fui eu que ri. Ela estava certa, Juliette era como a dama e eu como o vagabundo. Ri mais ainda e antes que ela perguntasse o porque tomei aquela boca para mim em um longo beijo. Era um daqueles que não parecia ter fim, sem pressa ou ansiedade, apenas um carinho profundo e delicioso. Eu poderia beijá-la a minha vida inteira, aquele sabor nunca me cansava ou enjoava, o toque macio e o brincar de sua língua parecia sempre ser diferente, mas que causava sempre as mesmas sensações.

s ɪ ᴍ ᴘ ʟ ʏ | | Sariette • ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora