Due Anni Dopo

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Sarah

2 anos depois ..

O sol sempre foi a minha iluminação predileta para poder desenhar os rascunhos de trabalho para o estágio. Também era uma das minhas formas prediletas de ocupar a mente e não ficar pensando em todos os meus problemas. Dois anos haviam se passado e ainda era acometida por situações de extremo estresse. Não fazia uma semana que fui chamada para minha antiga cidade para resolver um problema de Sean na escola. Ele estava em plena puberdade e em um momento em que todo adolescente parece planejar entrar em combustão de confusões. Porém em nada poderia dizer, eu fui pior do que ele nessa idade.

Muita coisa havia mudado nesse tempo. Havia me mudado para poder cursar uma universidade que ofertou bolsa integral e desde o primeiro semestre havia conseguido estágio, no quarto já estava em uma firma de escritórios trabalhando e estagiando. Sean preferiu ficar na nossa cidade, morava agora com Gilberto e Fiuk que o tratavam como um membro da família. Acho que foi por causa disso que eles estavam entrando em ações na justiça para poder adotar uma criança. Higor no ano passado conseguiu um intercambio com todos os privilégios possíveis para a França, já Camila havia sumido sem dar notícia alguma. Pocah continuava prestando faculdade na mesma cidade que eu, o que resultava em morarmos juntas dividindo as nossas despesas.

Naquela manhã de sábado recebi um dos raros presentes da minha nova realidade: um tempo livre. Resolvi aproveitá-lo no lago do campus principal, um dos meus locais prediletos da universidade. Era uma praça com uma linda área verde, arborizada e no centro havia um lindo lago e perto dele um jardim bonito de se admirar. Estava sentada na grama com minha mesa portátil sobre minhas pernas, uma página em branco era rabiscada por um lápis profissional. Em meus ouvidos repousava fones que tocavam músicas calmas, meu mundo havia se fechado para tudo ao meu redor. Era em momentos assim que o passado não invadia a minha mente e me atormentava. De tudo o que já havia acontecido em minha vida, a falta de família, o jeito que tive de me virar para sobreviver só... Nada se comparava a dor que ainda sentia de vê-la partir sendo levada pelo pai.

De início eu tinha entrado em colapso. Havia passado um mês inteiro chorando e sem querer sair de casa. Recusei-me a trabalhar ou fazer qualquer outra coisa. Não conseguia pensar ou querer um modo de sobreviver. A depressão não tardou a se manifestar como um dos diagnósticos. Apenas quando recebi a carta de admissão na universidade foi que uma dose de esperança veio a fazer meu coração quebrado tornar a bater. Tinha passado noites e noites pensando em como iria conseguir Juliette novamente. Mas não tinha dinheiro. Não tinha prestígio social. Não tinha visto ou passaporte. Porém com a universidade eu poderia juntar dinheiro e crescer profissionalmente, ao menos a tal ponto de conseguir alguns dias em Londres. Era tudo o que eu precisava, era tudo o que eu necessitava para continuar vivendo. Foi assim que desde o primeiro momento em que eu pisei nesse campus havia me dedicado de corpo e alma, apenas com esse objetivo em mente. No entanto o tempo foi passando e meu vigor foi diminuindo, mas não o propósito. Estava conseguindo manter Sean mesmo que longe, juntando o dinheiro que tanto precisava e ao mesmo tempo fazendo aquilo que mais queria: arquitetura. Os pensamentos sobre a italiana foram diminuindo, não se tornando um mantra em minha mente como foi no início, o que para mim foi uma salvação ou simplesmente não conseguiria mais viver.


Os traços que fazia no papel iam tomando vida. Estava fazendo um esboço de um parque para crianças. Era fácil de imaginar as crianças de órfãs brincando ali, esquecendo como eu de momentos ruins de sua vida. Porém quando finalizava o acabamento do balanço uma sombra cobriu meu corpo e o desenho, por instinto ergui meu rosto descobrindo que um senhor de idade encarava-me com um sorriso enorme. Franzi o cenho por achá-lo estranhamente familiar.

s ɪ ᴍ ᴘ ʟ ʏ | | Sariette • ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora