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Sarah

As expressões de incredulidade ainda tomavam Kerline e Thomás. Mesmo depois que estávamos sentados ao redor da única mesa da casa. Era óbvio pelas caras e bocas deles que ainda não acreditavam que Juliette estivesse ali ao meu lado vestindo roupas minhas e com um sorriso bobo aparecendo em sua face de minuto em minuto. Depois do primeiro susto Juliette correu para salvar o pão da torradeira e eu caí na gargalhada pelas caras que Kerline fazia ao tentar falar algo, mas sem nunca conseguir. Então fomos nos vestir, eu não poderia ficar com o lençol apenas e da mesma forma não deixaria Juliette seminua, apesar de muito sexy com minha blusona.

–Certo, chega – Kerline pousou o garfo com um pouco de força na mesa – O que diabos está acontecendo?

–É uma história longa – Juliette comentou e delicadamente terminou de tomar o seu café.

–Ah, esqueci de dizer. Quando cheguei aqui eu encontrei aquela sua foto no corredor indo para biblioteca. Foi a Kerline que me ajudou a encontrá-la. Eu disse que você era o amor de minha vida e ela não acreditou, ficou com aquele papo de Dama do Gelo – expliquei para Juliette que corou na mesma hora.

–Odeio esse apelido – ela comentou revirando os olhos e depois sorrindo – Mas seria meio difícil de acreditar mesmo se eu não fosse conhecida dessa forma.

–Então você é a mulher da vida dela? – Thomás repetiu em um tom de dúvida – É lésbica e comprometida?

–Exatamente. Sempre fui dela, na verdade – Juliette deu de ombros e cortou um pedaço de maçã, ela sempre ficava com fome depois de uma noite como a que passou.

–Eu não consigo acreditar – Kerline murmurou e gargalhou – Ninguém vai acreditar nisso.

–Não precisamos que acreditem – Juliette acrescentou um pouco séria – Aprendi que não devo explicações pra ninguém, apenas para quem realmente me importo.

–Espere, deixe-me entender. Vocês estavam juntas no passado? – Thomás ainda buscava um pouco de lógica.

Juliette encarou-me um pouco em dúvida, se deveria mesmo contar nossa história ou não. Mas por um tempo eu iria viver com Kerline até ter minha vida estabilizada em Londres. Então peguei na mão de minha italiana e entrelacei nossos dedos de um jeito carinhoso e com um meio sorriso tornei a encarar o casal a minha frente.

–Estudamos na mesma escola desde o ensino médio – comecei a contar – Ela me odiava, eu a achava uma gostosa irritante. Sempre acabávamos brigando e nisso a diretora nos fez escrever uma redação sobre a outra ou iria tomar medidas drásticas conosco.

–Esse foi o ápice do meu ódio por você – Juliette riu ao lembrar – Queria te matar.

–Não foi a única meu amor,ta vendo? Nossos sentimentos sempre foram recíprocos – brinquei não resistindo a dar um beijo na bochecha dela apenas para vê-la ficar sem jeito – Mas isso só fez a gente ficar mais juntas. Desde sempre eu tive de me virar sozinha, trabalhar, cuidar de meu irmão mais novo. Juliette descobriu tudo sobre mim e fazer o que se eu sou apaixonante!

Ragazza stupida, não fique tão metida! – Juliette reclamou, mas ao olhá-la ela sorria – Você esqueceu-se de contar que eu era completamente heterossexual.

–Você era tão galinha quanto eu, ao menos nisso estamos kits – lembrei a ela – Mas enfim, de forma resumida. Apaixonamo-nos e começamos a sair juntas. Juliette passou a cuidar de mim de uma forma que me fez amá-la cada dia mais. Tudo estava indo bem, escola, trabalho, romance. Mas tudo desabou de uma vez quando o pai dela descobriu sobre nós.

s ɪ ᴍ ᴘ ʟ ʏ | | Sariette • ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora