Toda forma de amar conta à história de Otto. Desde muito novo Otto carrega uma vida cheia de mentiras, um acontecimento em sua antiga escola faz o mesmo querer sair daquele local. Mas Otto não imaginaria à reviravolta que sua vida teria tão rapidame...
Recordo-me que desde minha infância costumo frequentar a igreja aos domingos, o que se tornou algo necessário em minha adolescência já que era um local eu sentia uma paz onde não sentia em casa, tenho pessoas próximas a mim que também faz parte do grupo de irmãos da igreja. O que me leva à uma série de dúvidas, pois eu sou bem decidido em relação a minha fé, e também sou bastante decidido em relação a minha sexualidade, o que me deixa um pouco preocupado. Pelo fato deles não entenderem o que é amar, e não entender o amor de Cristo para com nós.
— Bom dia mãe. — Chego na cozinha onde só encontrava ela enquanto fazia o café da manhã.
— Bom dia meu filho, dormiu bem? — Pergunta enquanto deposita um beijo em minha testa, o que era algo já de costume entre nós.
— Eu dormi um pouco mal, quero pedir desculpas pela forma em que tratei vocês ontem a noite, depois fala para o papai que eu pedi desculpas? — E lá estava eu pedindo desculpas por algo que eu não tinha culpa, eu estava acionando o modo segurança.
— Não tem com o que se preocupar meu anjo, também não achei certo a forma em que seu pai falou ontem a noite, mas vamos esquecer isso okay? Lanche rápido para não perder o ônibus escolar. — Esquecer era algo bastante presente em meu diálogo com minha mãe, esquece isso, esquece aquilo, e assim vou acumulando sentimentos intensos dentro de mim que fica difícil de administrar.
Já dentro do ônibus sigo com meu velho amigo fone tocando melodias calma enquanto me perco em pensamentos vendo aquela imagem de cidade grande passando pela janela. O céu estava um pouco mais claro do que no dia anterior, mas como aqui é o Brasil, nunca se sabe o momento certo quando vai chover ou não.
— Olá tudo bem? — Fala comigo uma garota na qual nunca havia visto.
— Oi. Tudo bem sim e você? — Pergunto olhando seus olhos, que por sinal era bem, digamos, bonitos.
— Estou bem também, desculpe chegar assim em você, me chamo Bianca prazer. — Ela estende a mão para que eu aperte me dando um belo sorriso. — Simpática — penso.
— O prazer é todo meu Bianca, eu me chamo Otto.
— Nome diferente, gostei, então Otto somos da mesma sala percebi que você é novato, então estou aqui para te ajudar a não ficar deslocado sabe, se não se importar é claro.
— Sem problemas Bianca, irei adorar ter você como minha... Guia?
— Guia? Gostei, então serei sua guia. — O que Otto não sabia era que além de ser uma guia, Bianca se tornaria alguém bem especial para ele.
— Vem, vamos para a sala que daqui dez minutos o professor de física chega lá, e já vou logo avisando, ele é um cara bem difícil de lidar.
— Normal, conheço professores assim, e sei bem como tratar eles. — Eu realmente sabia como tratar ele, no meu conceito era só ficar calado e prestar atenção na aula, assim desvio qualquer situação constrangedora.
Mas esse dia foi diferente, Bianca havia sentado perto de mim o que resultou em muito cochicho e fofocas. Tentávamos evitar o máximo falar alto, mas o que claramente foi falho.
— Bianca e Otto, gostaria de compartilhar o motivo de tanto diálogo? Espero que seja sobre a matéria. — Henrique o professor de física, fala se virando em nossa direção com um olhar tanto quanto acusatório. O silêncio se instalou naquele local, a sala ficou dividida em metade olhando para mim e Bianca, e a outra olhando para o professor.
Como eu havia dito, todo nosso esquema de não fazer barulho foi falho, o que resultou em uma ida para sala do diretor. Que para minha sorte naquele dia ele estava um pouco estressado, para não dizer outras palavras.
— Senhor Otto, segundo dia de aula e já está em minha sala, posso saber o motivo de sua agradável visita? — Ele totalmente irônico se senta em sua cadeira, Bianca havia sido a primeira a entrar na sala dele, por isso a ironia, ele já sabia o que tinha acontecido.
— Incomodei o professor com conversas paralelas sem ser o conteúdo, ele decidiu que o melhor à se fazer seria me mandar para cá, então aqui estou eu.
— Olha só, uma pessoa verdadeira e bem afiada na linguagem.
— Não há motivos aparentes para eu mentir, há?
— Gostei de você Otto, fique despreocupado, só anotarei aqui seu comparecimento em minha sala, pode se retirar é voltar para sua aula novamente.
— Obrigado diretor, desculpe o incômodo. — Saio rapidamente daquela sala antes que o mesmo mude de ideia, mas ao invés de ir para minha sala de aula, decido passar antes no banheiro.
Caminho lentamente por aqueles corredores vazios, a procura de um banheiro, eu estava andando, andando, e não encontrava nenhum por perto. Retiro meu celular do bolso para ver meus SMS, quando acabo esbarrando em algo, mais específico em alguém.
— Você não deveria estar usando celular enquanto anda por aí. — Reconheço aquela voz.
Conheça Bianca Silva representada pela Alícia Martins
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