Toda Forma de Amar

Capítulo 14|Mudança

Leia ouvindo| Casa — Nina Fernandes

Otto Alencar

Logo após aquela longa conversa com Leonam, chego em casa com uma decisão tomada sobre eu sair daquela casa. Mesmo eles não tendo dito algo para mim, terem me expulsado ou algo do tipo, eu sinto que não me querem mais aqui, eu não pertenço mais a esse lugar, acho que nunca pertenci aqui.

— Para onde você está indo? Por que essas malas estão em cima da sua cama? — Meu padrasto pergunta parado na porta observando as roupas em cima da cama.

— Estou indo para a casa do meu pai, eu conversei com ele sobre o que aconteceu comigo e tomei a decisão de ir passar um tempo com ele, acho que é o melhor para mim nesse momento. — Falo tudo de cabeça baixa dobrando minhas camisas para pô-las na mala.

— Sua mãe sabe disso? Ela concordou com isso?   — Ele tenta uma aproximação mas me afasto rapidamente do mesmo, ele me assustava.

— Ela vai saber pela sua boca, eu fiz minha escolha, acho que meu tempo aqui já acabou, aguentei muita coisa calado, não devo continuar aguentando. — Finalmente consigo olhar para seus olhos.

— Tudo bem Otto, a escolha é sua, quando sua mãe chegar eu aviso para ela, tenha uma boa sorte. — Gustavo sai daquele quarto encostando a porta.

— Obrigado. — Sussurro para mim mesmo, tendo em mente que ele já não escutaria.

Tranco a porta para evitar mais surpresas, e rapidamente começo a terminar o que eu havia começado. Não era muita coisa que eu tinha comigo, mas o pouco que eu tenho querendo ou não carrega uma grande quantidade de sentimento.

Otávio Alencar

Como se eu estivesse tendo um déjà vu, eu via toda cena acontecendo novamente, só que agora com meu filho. Otto me ligou e contou tudo o que lhe havia ocorrido, com lágrimas nos olhos e um imenso aperto no peito o aceitei em minha casa o mais rápido. Otto não merece passar pelo o que eu passei.

— Isaque me ajuda a arrumar o quarto para o Otto, daqui a pouco ele chega. — Subo as escadas com alguns panos de cama em minha mão.

— O quarto vai ficar assim mesmo amor? Sem decoração?

— Por enquanto sim, vamos esperar ele se acostumar com a sua nova vida, é mais pra frente ele poderá decorar da forma que ele quiser.

— Tudo bem então, mas você já avisou para o Filipe que ele viria morar com a gente? — Isaque me questiona colocando a fronha no travesseiro.

— Pior que não, foi tudo de última hora mas quando Otto chegar eles se conhecerão melhor.

Otto Alencar

Talvez eu esteja fazendo umas escolhas da minha vida no qual eu não saberei o que virá pela frente, espero que minhas decisões não sejam nada desagradáveis, talvez esse seja meu recomeçar, espero que seja meu recomeçar é que ele seja bem agradável.

Eu já estava dentro do táxi com minhas coisas todas dentro do porta-malas, com mais duas mochilas ao meu lado, bem eu olhando agora vejo que até que não tenho pouca coisa. Meus pensamentos foram todos desaparecendo enquanto meus fones tocava mais uma canção da Nina Fernandes, a sensação que a música passava era reconfortante.

Agora parado em frente aquela grande casa, os pensamentos de que se eu fiz o certo voltam a minha cabeça, minhas mãos estava tão suadas que esfrega-las na minha bermuda já não resolvia.

— Olá meu filho, bem vindo a sua nova casa. — Otávio vem em minha direção me recebendo com um grande abraço caloroso.

— Oi papai, obrigado por me receber aqui eu não queria incomodar, mas foi necessário. — O nervosismo era claramente visto por qualquer um que chegasse metros de mim.

— Garoto você nunca será um incômodo, bem vindo me chamo Isaque, sou o marido do Otávio.

— Fico bastante agradecido por me receberem tão bem! - Meu olhos começam a lacrimejar.

— Não chore meu filho, agora estou aqui com você! — Otavio me abraça fortemente passando uma certa tranquilidade.

— Vamos entrar? Conhecer sua nova casa? — Isaque pega uma de minhas bolsas com um grande sorriso no rosto, é logo entramos naquela enorme casa.

Superstição ou não antes de passar por aquela longa porta de madeira, coloquei meu pé direito bem a frente, olho para meu pai que carregava um sorriso de orelha a orelha, o que me deixou envergonhado.

— Então aqui está sua nova casa. — Isaque fala quando chegamos na sala.

— O que está acontecendo aqui pai Isaque? — Reconheço aquela voz, é me viro para o lugar de onde vinha. Ele questiona com um tom um tanto quanto engraçado.

— Otto? O que você faz aqui garoto?

— Oi Filipe, tudo bem com você? Eu que pergunto para você, o que está fazendo aqui? — O silêncio que se instalou naquele local foi engraçado, ninguém dizia uma palavra apenas fixavam um rosto ao outro.

— Então vocês se conhece garotos? — Pergunta Otávio para nós.

— Sim pai, Otto estuda na mesma escola que eu, nos conhecemos lá. — Filipe fala, mas paro de presta atenção logo após escutar suas primeiras palavras.

— Pai? Como assim Pai? — A surpresa que eu estava sentindo não é descritível.

— Sim meu filho eu sou pai do Filipe, eu é o Isaque. — Otavio fala enquanto abraçava Isaque que continua um olhar de felicidade estampado em sua face.

— Então eu e Filipe somos?

— Irmãos? - Filipe termina a pergunta.

— Sim, você e Filipe são irmãos. Olha como a família cresceu de uma hora para outra.

— Isso é incrível, não acredito que você é meu irmão garoto. - Gargalho enquanto abraçava Filipe.

— O destino é realmente estranho e eu gosto. - Diz Filipe.

É, talvez minha decisão não tenha sido tão ruim assim, acho que isso é só uma parte das coisas boas que iniciarão em minha vida. Agora em minha nova casa.