Capítulo 05| Cadeira de rodas

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Leia ouvindo| Calma — Daparte

Otto Alencar

— Me desculpe professor Leonam, certo? —  Falo tentando me lembrar se realmente esse era seu nome.

— Sem problemas, sim meu nome é Leonam, você não deveria estar em sala de aula garoto?

— Sim eu deveria, se não fosse pelo fato do professor de física me colocar para fora de sua sala, porque eu fiz um comentário com outra aluna.

— Segundo dia de aula e o mocinho já está aprontando em. — Ele fala passando a mão em meus ombros, o que me fez perder um pouco de ar, acho que ficou um pouco evidente pois o mesmo pede desculpas é retira sua mão de meus ombros.

— Tenho que ir, cuidado nesses corredores ainda mais desatento com o celular, vai que na próxima é o diretor em que você irá se esbarrar. — Observo o mesmo se afastando em rumo ao seu corredor no qual estava dando aula.

— Otto respira é mantenha a calma, foi só uma coincidência, ontem e hoje, aliás a escola é seu local de trabalho.

Volto a caminhar em direção ao banheiro, sem o celular na mão dessa vez. Entro logo em uma cabine, tenho um certo preconceito com mictório.

— Eu tenho que ser forte, isso vai passar, é só uma fase, a escola tá acabando, na faculdade será diferente, apenas respire, um, dois, três.. — Escuto alguém sussurrando na cabine ao lado, termino o que tenho que fazer e sigo para a pia lavar minhas mãos.

— Eu não vou aguentar e vou acabar ficando louco. — A voz já estava um pouco alterada.
— Está tudo bem aí? — Pergunto dando batidas na porta da cabine fazendo o garoto ficar em silêncio.

— Eu escutei você falando, fiquei preocupado, você está bem? Pode me responder  não irei fazer mal a você. — Tento soar amigável para não assustar o garoto.

— Eu estou bem não se preocupe, pode ir embora. — A voz do mesmo denunciava choro.
— Não vou sair daqui enquanto você não sair da cabine é eu ter a certeza que você está bem!

Após segundos de silêncio finalmente ele destrava a porta o que me leva à ter uma surpresa. Agora estou me perguntando como não percebi a placa na porta da cabine.

— Como pode ver estou bem, não precisava se preocupar comigo pode ir para sua aula. — O mesmo fala indo em direção a uma pia menor lavar suas mãos.

— Se você estivesse bem não estaria chorando no banheiro, me chamo Otto, qual o seu nome?

— Meu nome e Filipe, não precisa fingir que se importa, isso só piora a situação.

— Não estou fingindo que me importo, se fosse pra fingir nem aqui eu estaria, então Filipe, vai me contar o que aconteceu? Olha eu sou um total estranho e novato na escola, então leve em conta que o que for dito aqui, morrerá aqui.

Márcia Martins

— Não tenho muito tempo, diga logo o que você quer e por quê você voltou.

— Márcia, você mais do que ninguém sabe o motivo de eu ter voltado, eu quero ver meu filho, o Otto, aquele que você me privou de ver desde pequeno, eu vim atrás do meu direito que você me tomou.

— Eu disse para você sumir da minha vida, para você esquecer o Otto, ele é meu filho, apenas meu.

— Ele é nosso filho, nosso, seu preconceito ou seja lá o que você tenha, não mudará esse fato de que ele é meu filho. Está em suas mãos à decisão, vai deixar eu ver ele por boa vontade ou terei que tomar à frente?

— Você novamente atrapalhando minha vida Otávio, já não basta o que você fez eu passar a treze anos atrás?

— Márcia as coisas ficaram dessa forma porque você quis. Você com seu preconceito medíocre atrapalhou minha vida com meu filho. Por hoje é só isso, o aviso foi dado, se apresse senão irei entrar com o modo complicado. Estou disposto à tudo pelo meu filho.

— Ele é meu filho, faça o que você bem entender, não irei falar de você para ele, aposto que você nem sabe como meu filho é. Como é sua aparência.

— Márcia, aí que está o seu erro, eu conheço muito bem o meu filho, eu não posso ter ficado presente na vida dele, mas eu sempre estive o observando. Até mais.

Eu estava frente a frente ao meu pior pesadelo, que de tanto espantar acabou se tornando real, mas ninguém, ninguém vai conseguir tirar meu filho de mim.

Otto Alencar

— Então Otto, como você pode perceber eu tenho certas limitações. — Filipe fala olhando para sua cadeira. — Não vejo ela como um problema sabe, o que me ataca, o que faz toda minha ansiedade atacar é o fato das pessoas me olharem com pena, me olharem como se eu fosse uma pessoa que necessita de cuidados vinte quatro horas por dia, como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

— Eu diria que te entendo, mas não é meu local de fala, mas compreendo o que está acontecendo com você, e tenho em mente como você se sente desconfortável com essas situações.

— Eu me sinto um inútil, eu sei que as pessoas não fazem por mal, que elas fazem na mais boa intenção, mas isso dói, esse sentimento de inutilidade acaba comigo. Hoje durante a aula, aliás desde quando fiquei assim, após um acidente, as pessoas me tratam como se eu fosse criança, isso é muito chato.

— Você já chegou a conversar com essas pessoas? Dialogar as vezes ajuda você em muitos problemas fácil de resolução, explique para eles o que te incomoda, até que ponto eles podem, talvez isso melhore uns cinquenta por cento seu convívio.

— Você tem razão Otto obrigado por me escutar, você é uma boa pessoa. Devemos ir para nossas salas ou ficaremos encrencados passamos tempo demais conversando.

— Sim passamos, mas relaxa eles não vão brigar com nós, quer que eu te leve na sua sala?

— Senhor Otto está me tratando como criança?

— Não, claro que não, longe disso eu estava apenas.. 

— Se acalme garoto eu estava apenas brincando com você bobinho, até mais Otto.

— Seu palhaço, até mais Filipe.

Vou em sentido ao contrário do dele em direção a minha sala que pelo horário a aula já estava quase terminando, anunciando o início do intervalo.

Conheça Filipe Alencar representado pelo Fhilipe Araújo

Conheça Filipe Alencar representado pelo Fhilipe Araújo

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