Ainda que eu não te veja. G!P

Bastão para Cegos

  -Não volte a fazer isso. _murmurou

Seu hálito atingiu meu rosto e um estranho calafrio me percorreu dos pés à cabeça.

Meu coração batia com força dentro do peito e uma estranha sensação de vazio no estômago me invadiu. Eu afrouxei meu aperto e cambaleei de pé, mas não tirei meus olhos do rosto dela.

-De... Deixará eu te ajudar? _gaguejei tentando soar calma.

Valentina tinha seu olhar fixo em um ponto perdido, mas eu percebia sua total atenção em mim.

-Se eu deixar que me... _limpou a garganta
-"ajude", vai me deixar em paz?

Não pude evitar de sorrir e disse.

-Prometo tentar não ser tão irritante.

Os cantos dos seus lábios de elevaram levemente.

-Soa tentador. _ela levou sua mão no queixo pensativa.

Reprimi um sorriso, mesmo sabendo que ela não poderia ver.

-Se você não puder me ajudar, vai parar de me incomodar? _franziu o cenho.

-Por que acha que eu não poderei te ajudar? Não me subestime. _brinquei.

Um sorriso sincero se estendeu pelo seu rosto. O tipo de sorriso que tiraria o fôlego de qualquer um, lhe dava uma aparência juvenil. Seus dentes perfeitamente alinhados, e seus lábios grossos e rosados tornavam seu sorriso ainda mais irresistível.

Dei um sorriso bobo, por um segundo me senti hipnotizada por ela, mas logo me lembrei que precisava continuar firme. Eu estava tão perto de conseguir que ela me deixasse ajudá-la...

-Então?... _perguntei mordendo meu lábio inferior, em gesto de nervoso.

Ela sacudiu a cabeça sorrindo.

-Está bem. _disse.

Abri os olhos sem acreditar enquanto dirigia meu olhar para Elena, ela tinha lágrimas nos olhos e um sorriso radiante no rosto.

-Mas amanhã... porque hoje eu já tive o suficiente de você.

Voltei meu olhar para ela e comecei a rir.

-Você deve se acostumar. Eu sou muito persistente.

-Acredite, eu notei.

-Então... já vou te deixar descansar. _falei caminhando em direção a porta.

-Juliana?... _disse com uma voz rouca, me fazendo parar diante da porta.

Me virei para olhá-la.

-Sim?

-Até amanhã.... _sussurrou

Sai da casa da Elena à toda velocidade tentando entender o que acabará de acontecer. Tudo saiu completamente diferente do que eu havia planejado, tinha sido os trinta minutos mais estranhos e interessantes da minha vida. Eu estava completamente atordoada que não conseguia nem me concentrar na minha tarefa, decidi então que não faria e pegaria com alguém amanhã cedo.

-Você tá bem? _minha mãe perguntou enquanto fechávamos a loja.

-Sim. _disse sorrindo.

-E como foi com a filha da Elena?

-Estranho... _suspirei.
-Não é uma menina como eu pensava, ela tem a minha idade. _admiti.

-Já vejo tudo... _minha mãe sorriu.

-Ta pensando em que? _perguntei semicerrando os olhos.