Eu posso te ajudar

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Juliana Pov

Não Podia me mover, não conseguia falar nenhuma palavra. Eu não conseguia parar de olhá-la. Seus olhos mostravam que era uma mulher forte, apesar de agora estarem fixos no nada. Não foi difícil perceber que ela era uma mulher intimidadora.

-Respondam! Quem diabos esta aqui? _Gritou

Quando conseguir me dar conta, Elena se encontrava ao meu lado, com o olhar fixo em sua filha. Seu nervosismo era palpável.

-Valentina... _murmurou

-Quem diabos veio com você? _ à interrompeu

Estava sentada em sua cama, coberta até a cintura pelas pesadas colchas. Pude notar como apertou o tecido do edredom com as mãos, até que as pontas dos seus dedos ficaram brancos.

Ela estava furiosa.

-Sou Juliana. _soltei de uma vez
-Juliana Valdés.

Elena me olhou aterrorizada, e Valentina dirigiu a sua atenção para mim.

-Eu não preciso de uma enfermeira. _falou com desdém.

Não pude evitar franzir franzir a testa, confusa e falei gaguejando.

-Não... não sou uma enfermeira...

-Muito menos preciso de uma babá. Não sou uma inválida. _falou elevando a voz.

O meu sangue começou a ferver. Como que ela se atrevia a se comportar daquela maneira comigo, se eu não havia lhe feito nada?

-Valentina, Juliana não é uma enfermeira, muito menos uma babá, ela é filha de... _começou explicar Elena.

-Não me interessa se é filha do presidente da república! Eu quero que ela vá embora" _Gritou. Seu peito subia e descia com a sua respiração pesada.

Minhas narinas se abriram de raiva e explodi.

-Não vou embora!

O olhar de Elena era de total descrença.

Valentina abaixou o tom de voz, dizendo em tom ameno.

-Vá embora.

-Me expulse _um sorriso desafiador apareceu no meu rosto, enquanto eu cruzava os braços. Eu sabia que ela não iria levantar da cama.

Ela ficou muda.

-Que foi? Não consegue? _ eu a desafiei.

Eu sabia que eu estava sendo cruel, mas era a única maneira de fazê-la ver que precisava de ajuda. Que precisava deixar que a ajudassem. Ela abaixou a cabeça enquanto dizia quase com um sussurro.

-Não consigo nem achar o banheiro sozinha, não consigo andar sem acabar caindo. Não consigo fazer nada....

Sua voz se quebrou, mas quando levantou seu olhar, só pude ver seus olhos sem vida, seu olhar vidrado.

-Vá embora

-Posso te ajudar _murmurei

Uma parte de mim havia se comovido terrivelmente ao vê-la daquela maneira. Por um segundo pareceu tão vulnerável.

Para a minha surpresa ela riu.

Riu amargamente enquanto dizia.

-Sério?, Como? Me levando ao banheiro? Me vestindo?, Me tirando do quarto?

Sua risada morreu, restando só a dor na sua voz, ela se sentia humilhada.

-Como seria se eu te disse-se que pode fazer isso e muito mais sozinha? _falei com cuidado.

Pude ver sua expressão de assombro e esperança em seu rosto.

-Como? _falou com um fio de voz.

-Posso te ensinar a "ver" o mundo com as suas mãos. Suas mãos serão seus olhos. _falei esperançosa. Ela franziu o cenho.

-Você é cega? _perguntou de repente.

Eu sorri tristemente.

-Não, eu não sou mas o meu pai sim. Ele me ensinou a ver o mundo com as minhas mãos, se você quiser posso te ensinar.

Vi a dúvida atravessar seu rosto e voltei o meu olhar para a Elena. Ela estava mais calma e esperançosa. Meu coração se encheu de vergonha, ela me via como se eu fosse a sua salvação, e eu não era. Sou apenas uma garota que estava tentando ajudar.

Dei um passo em direção a cama de Valentina, e depois outro, enquanto sentia meu coração começar a bater mais rápido. Quando cheguei ao pé da cama, parei.
Pude notar que ela percebia a minha presença, porque ela cheirou em minha direção. Devia estar sentindo meu cheiro.

-Sai dessa cama. _falei com cautela.

-Não. _ela falou rapidamente

Suspirei e me enchi de coragem. Minhas mãos se posicionaram sobre a colcha e tirei, a descobrindo.

-Que diabos....?!

-Sai da cama. _disse tentando soar firme.

Ela nem se quer se moveu, rodeei a cama até ficar ao seu lado e enrosquei meus dedos sobre os seus pulsos para puxá-la para cima, mas ela foi mais rápida que eu, puxando os punhos me fazendo perder o equilíbrio e acabei apoiando um joelho sobre a cama, com o corpo inclinado sobre o seu, fazendo nossos rostos ficarem a centímetros de distância.

Meu coração começou a bater forte. Seu cheiro me atingiu, me deixando atordoada. Cheirava à perfume caro e algo com menta. Meu corpo começou a tremer involuntariamente e meus olhos posaram nos seus.

E nesse momento, eu podia jurar que ela podia me ver.

-Não volte a fazer isso. _murmurou.

Seu hálito atingiu meu rosto e um estranho calafrio me percorreu dos pés à cabeça.






Ainda que eu não te veja. G!POnde histórias criam vida. Descubra agora