Não sinto Nada

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Fiquei gelada ao escutar as suas palavras. Ela havia se arrependido de ter me beijado? Será que ela pensava que era um erro? Teria me beijado sem pensar?... Sem querer?.

-Q-Que? _gaguejei sem poder acreditar no que os meus ouvidos escutaram.

Valentina começou a mover a cabeça enquanto dizia.

-Isso não está certo, não devíamos... eu não...

Então o peso da verdade caiu sobre mim como um balde de água fria.

-Você se arrependeu de ter me beijado? _sussurrei sem acreditar.

Meu peito ardia com essa sensação de que não sabia o que estava acontecendo. Senti meu peito queimar seguido por uma dor e um aperto no meu coração, uma dor que eu duvidava muito que iria passar facilmente. Aquela rejeição estava me doendo muito...

-S-Sim... _gaguejou Valentina.

Como ela poderia se arrepender de algo assim? Como poderia me dizer que aquilo era algo "ruim", algo que havia sido tão bom para mim. Mas claro, para ela havia sido apenas mais um beijo. Um beijo com uma menina pela qual ela não sentia nada, uma menina que ela não sentia nem sequer um mínimo de atração. Havia sido apenas um erro.

Para Valentina Carvajal não existia amor sem atração física, ela havia me deixado claro naquela mesma tarde. Como eu poderia ter sido tão estúpida? Como havia acreditado que ela queria me beijar? Que ela poderia sentir algo por mim se nem sequer eu mesma sabia o que eu sentia por ela?.

Tudo era tão confuso, tão estranho, tão dolorosamente bom e ao mesmo tempo horrivelmente ruim.

Engoli o nó que sentia na minha garganta tentando manter o meu orgulho e a minha dignidade. Não poderia lhe demonstrar o quanto aquelas palavras haviam me afetado.

-Es..esta bem. _falei me amaldiçoando por a minha voz soar tão entrecortada e vulnerável.

Valentina deu um passo na minha direção mas eu me afastei dizendo.

-NÃO!

Ela congelou no mesmo instante, seu olhar estava fixo no nada mas eu podia notar a sua expressão cheia de remorso. Eu não poderia suportar vê-la daquela maneira e comecei a falar.

-Está tudo bem. _engoli saliva ruidosamente.
-Sei que não devia ter acontecido. Eu lamento muito, vamos fingir que isso não aconteceu... me perdoe por tudo que aconteceu hoje.

-Juliana... _sussurrou ela com a voz baixa e doida.

-Deixa assim Valentina... por favor. _supliquei com um fio de voz.

Ela passou suas mãos no seu rosto em um gesto desesperado.

-Maldição Juliana... você não entende? Merece alguém melhor que eu!. Merece alguém melhor que uma maldita cega! Nem sequer posso te olhar e dizer o quanto está bonita, e eu tenho certeza que você está!. _falou furiosa.

Abri a boca para dizer algo mas fui incapaz de dizer qualquer coisa...

-Isso não devia ter acontecido nunca. _falou com a sua voz baixa.

-Va...Valentina? _falei confusa.

Por um momento eu não soube o que dizer, nem como agir. O que ela estava tentando me dizer?, por um segundo parecia ter se arrependido de ter me beijado e no outro parecia estar me dizendo que sentia algo parecido com o que eu estava sentindo por ela.

-Só esqueça o que aconteceu Juliana. Não quero estragar ainda mais as coisas. _falou com a voz cansada.

-Valentina, você... _engoli a saliva nervosa.

Eu precisava saber se ela havia sentido algo naquele beijo.

-Você se...sentiu algo com...?

-Não senti nada. _me interrompeu com a sua voz rouca.

Havia crueldade no tom da sua voz.

-Eu nunca senti nada por você e nunca vou sentir!.

Nesse momento pude sentir o meu coração se quebrar por dentro.

Nem sequer eu mesma sabia o que sentia por ela mas sabia que estava doendo. Na verdade estava doendo como nunca nada havia doido. Me virei de costas para ela incapaz de olhá-la por um segundo a mais, ela havia me ferido de uma forma tão brutal que me custava até mesmo respirar.

Tirei o meu celular do bolso e liguei para Lucia.

-Juliana! Onde está? _disse Lucia aliviada do outro lado do telefone.

-Quero ir para casa. Você pode me levar? _falei com a voz entrecortada.

-Claro, mas onde você está? _soava confusa.

Limpei a garganta tentando diminuir minha vontade de chorar.

-Estou a uma quadra do café.

-Estou indo, me espere ai por favor.

-Você vai embora? _disse Valentina atrás de mim.

Não fui capaz de virar para olhá-la, eu me sentia humilhada.

-Si..sim. _gaguejei.

O silêncio nos invadiu por completo e então escutei a voz de Valentina no telefone.

-Pode vir agora?... Não, não, não aconteceu nada... Sim..., não, ela vai com a sua amiga... está bem, tchau.

Fechei os olhos com força tentando reprimir a vontade de dizer que eu iria com ela ou que esperaria a sua mãe chegar... mas não o fiz.

O carro de Lucia parou na minha frente e eu subi após tropeçar nos meus próprios pés.

-Está tudo bem? _disse Lucia me olhando angustiada.

Não pude falar, me limitei a assentir rapidamente.

-Boa noite Juliana. _escutei a voz de Valentina.

Fechei meus olhos com força antes de olhar para Lucia e sussurrar.

-Vamos, por favor...

Ela não falou nada, apenas saiu com o carro em direção a minha casa...

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Obrigada por lerem ♥♥♥

Gratidão sempre 💕

Ainda que eu não te veja. G!POnde histórias criam vida. Descubra agora