Chuva de Santo Antônio

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Johnny estava concentrado arrumando as últimas bandeirinhas coloridas no topo das barracas de madeira que estavam espalhadas por toda a quadra do colégio.

O ar açucarado com o cheiro de doces frescos, caldos quentes e milho cozido já tomava conta de todo o local, carregando o sentimento gostoso de mais um típico dia de junho.

O vento soprava muito naquela tarde de final de outono e era totalmente agradável.

Todo ano, no primeiro dia do mês de junho, Johnny já acorda pronto para desvendar as quermesses e descobrir novos aromas e sabores de iguarias.

Neste ano, como nos anteriores, se disponibilizou a ajudar na festinha estudantil do colégio onde trabalha.

Aquele lugar enorme, com turmas de todos os níveis, idades e classes - uma das maiores instituições do país - era como um segundo lar.

Sempre amou seus dias como bibliotecário, principalmente pelo fato de ser o responsável por apaziguar situações e ensinar coisas novas para quem fosse, uma vez que, todos adoravam perguntá-lo sobre livros que não conheciam e até mesmo sobre o assunto das aulas. Johnny estava sempre sorridente ao responder perguntas aleatórias feitas de repente, essas sobre o mar mediterrâneo, seu país natal e até mesmo sobre assuntos de biologia que ele sequer lembrava de ter visto em seu tempo de escola. Às vezes, ele apenas respondia "eu não sei, mas podemos pesquisar nos livros."
Todas as vezes que o perguntavam como era ser bibliotecário em uma escola, ele sorria e respondia simples "uma descoberta nova a cada dia."
Agora, colando papéis coloridos em um barbante por todos os lados, ele tinha certeza que amava tudo aquilo que fazia parte de seus dias.

Com o cair da noite, a festa começou a todo vapor. Os pequenos alunos livres de seus uniformes, trajavam roupas típicas e maquiagens coloridas, todos muito animados se divertindo com seus amigos e seus familiares.

A maioria das barracas estavam sob a responsabilidade dos alunos do ensino médio, esses que apostaram qual seria o grupo a esgotar primeiro seus quitutes e brindes.

As barracas de jogos conseguiram arrecadar boas prendas na semana anterior e seus prêmios eram bastante variados, desde um saco de chicletes de morango com figurinha de animais fofinhos até bichinhos de pelúcia gigantes. Havia também as clássicas gincanas que carregavam risadas genuínas e gritos de apoio; como a famosa corrida do saco que era totalmente responsável por tombos vergonhosos e até um ralado nas mãos.

Johnny sempre achou difícil a gincana de morder a maçã presa ao barbante e continuava a rir das caretas que as pessoas faziam tentando conseguir a vitória. Ele também estava se divertindo acompanhando a corrida de bolinhas de ping pong na ponta da colher (essa que substituiu a antiga corrida dos ovos), quanto mais olhava, mas parecia impossível alguém chegar ao outro lado sem derrubar no chão.

Johnny vestia um blusão quadriculado verde escuro, calça jeans, jaqueta verde musgo e seus fiéis vans pretos. Completou seu "look" com um chapéu de palha e seu perfume amadeirado foi totalmente substituído pelo doce aroma de açúcar derretido.

Ele estava responsável pela barraca de maçãs do amor, essa que arrumou com tanto carinho. Era comum maçãs do amor ficarem juntas a barraca de doces, mas ele arrumou um cantinho só para elas, exagerou na arrumação enfeitando com corações purpurinadoa e fez todos os tipos de maçãs que conseguiu - as tradicionais, com chocolate, coloridas e até mesmo decoradas com bandeirinhas em pasta americana.

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⏰ Última atualização: Jun 21, 2023 ⏰

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