Capítulo 1

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Olá, como estão?

Fico tão feliz que já estejam gostando da fic e interagindo! Espero não desapontar kkkkkkk

tenham uma boa leitura :)

>.<

É inacreditável que tio Ben tenha saído às 8 da noite. Mais inacreditável ainda, na verdade, era a minha surpresa por isso. É óbvio que ele havia saído, seu estoque acabou. E ele certamente queria mais.

Ando pela minúscula sala do apartamento de um lado para o outro, o desespero crescendo por cada célula de meu corpo. Eu o odiava agora, mas mesmo assim, ele ainda era o meu tio, aquele que me colocava na cama quando tinha um pesadelo, dizendo que ficaria do meu lado a noite toda, espantando os monstros que me rodeavam. Era difícil desapegar da imagem boa, ainda mais quando tudo o que você quer era voltar a ter aquela vida calma e cheia de cuidados. Eu queria voltar a ser aquele garoto de 8 anos. Até mesmo o garoto de 9, por mais que as coisas estavam se encaminhando para dar errado naquela época.

Tia May estava atolada de trabalho, e tio Ben havia perdido o seu emprego. Ele nunca disse o real motivo, apenas respondia que eles haviam feito cortes. Mas seus lábios tremeram e se curvaram, sinal claro de que estava mentindo. Porém, tia May deixou quieto, e eu, apesar da inteligência, era criança demais para perceber a gravidade do problema.

Um ano depois, tudo se tornou uma merda. Ela achou drogas escondidas dentro de uma caixa em cima do guarda-roupa. Não era um esconderijo muito inteligente, mas pelo menos durou mais de 365 dias. Teria durado ainda mais se a caixa não tivesse caído ao puxar algumas roupas de frio mais pesadas. E então, naquela noite, os dois tiveram a pior briga de todo o seu casamento, acredito eu. Tia May estava em surto, sentada na cadeira da mesa da cozinha, falando coisas sem parar para respirar, como "agora tudo faz sentido, o dinheiro sumindo, você magro demais, os ataques repentinos de raiva, a falta de emprego, tudo! Como pude ser tão tola?! E como você pôde fazer isso?! Nós temos uma criança em casa, o seu sobrinho, aquele que você insistiu para cuidarmos!" E aquilo doeu. Ela não sabia que eu estava escutando, já que era para eu estar dormindo, mas como se manter inconsciente quando se tem gritos dentro de sua casa?

Depois que os ânimos se acalmaram, meu tio prometeu que iria parar, que ele iria procurar ajuda. Bem, isso não durou muito. Ele voltou, foi descoberto de novo, fez a promessa vazia, e voltou a usar drogas depois de um tempo. E então, aos meus 12 anos, tia May decidiu sair de casa, não havia traços de sua existência, e se não fosse pelas fotos espalhadas pela casa naquele dia, eu jamais saberia se ela era ou não uma alucinação feita pelo trauma da perda de figura materna. A figura materna que restou em minha vida, fugiu e optou por não me levar. Ela simplesmente me deixou com um viciado. Minha vida é uma desgraça atrás de desgraça, definitivamente.

Eu trabalho todos os dias depois da escola no mercado do bairro até às sete da noite, então venho para casa, arrumo as coisas e termino o dever de casa que não consegui acabar no trabalho. Eu pagava as contas, e devia muitas prestações de aluguel, já que o dinheiro não era suficiente. E meu tio ainda vendia qualquer coisa da casa para ter mais drogas. Pelo menos o apartamento era pequeno e estava caindo aos pedaços, então não era algo tão caro assim, dando para arcar com os custos de água e luz. Graças a Deus a senhora Morgan era compreensiva e entendia a situação, deixando com que apenas a metade do aluguel fosse paga, contanto que nós a pagássemos até o final do ano. Eu ainda estava tentando pensar em algo para resolver essa parte. Será que implorar de joelhos resolveria? Com lágrimas nos olhos? As pessoas costumam dizer que tenho poder em meu olhar, por ser irresistível de se dizer não.

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