Sete

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A tristeza é um sentimento tão intenso e profundo que algumas pessoas chegam a cometer atos do qual podem se arrepender amargamente no futuro.

Quando se está no fundo do poço, você acha que nunca mais irá sair daquele lugar. Talvez, você só precise de um empurrãozinho para alcançar a superfície novamente, mas parece ser tão difícil. E é claro que é difícil, mas é ainda mais difícil se dar por vencido e não tentar.

Fui acordado por alguém pulando em minha cama, abri meus olhos sem pressa, os raios solares invadiam meu quarto e pouco a pouco entravam em contato com os meus olhos.

— Bom dia, lindão. — Yan continuou pulando na cama.

Eu estava sem entender nada, me espreguicei, por um momento achei que estava sonhando ainda.

— Nós viemos passar o dia com você. — ouvi uma voz feminina vindo da porta, olhei naquela direção vendo Alex.

— E olha, pra você que gosta de acordar cedo, já é quase na hora do almoço. — sentei-me na cama e segurei o braço de Scott fazendo ele parar de pular.

Minha cabeça estava doendo muito, certamente era por conta de ter chorado a noite toda e pela ressaca. Suspirei passando minhas mãos em meu cabelo e no meu rosto. Me levantei e fui até o banheiro sem dar bom dia para os meus amigos. Eu não estava de mau humor e sim com vergonha de ter tido uma crise quando já não tinha uma há meses.

As minhas crises de ansiedade me deixam em um estado de vulnerabilidade, eu me sinto sufocado, o ar me faz falta nesses momentos, barulhos altos me deixam ainda mais agoniado, meu corpo não me obedece, sinto ele todo fraquejar, tremer e meu coração palpita tão forte, parece que a qualquer momento ele vai parar de uma vez.

Meu olhar foi em direção ao espelho.

Eu via um garoto, mas não era eu.

Aquele garoto estava triste, com vergonha de si mesmo e até com medo de confiar em si próprio.

— Ryan, se quiser, nós vamos embora, não sabíamos que você queria ficar só. — ouvi a voz abafada de Yan do outro lado da parede.

Lágrimas começaram a molhar minhas bochechas e o barulho de choro começou a invadir o ambiente.

Abri a porta do banheiro e logo saí daquele cômodo, olhei para os meus amigos que estavam sentados na cama. Minha visão estava um pouco distorcida por conta da quantidade de lágrimas que insistiam em cair.

— Eu não quero ficar só. É só que... Eu estou com medo de me machucar de novo. Esses dois últimos anos foram tão difíceis, eu sempre fingi que estava tudo bem, mas nunca esteve. — minha voz estava toda embargada, eu não sabia qual estava sendo a reação de Yan e Alex, não conseguia olhar em seus olhos. — Eu estou com tanto medo...

Quando me dei conta, Wooly estava me guiando até a cama, me fazendo sentar no meio dela e de Scott, ambos ficaram em silêncio me ouvindo. Eu tinha que expulsar todos aqueles sentimentos negativos que estava sentindo.

— Eu fiquei guardando tudo para mim, meus segredos, meus medos, minhas inseguranças, meus sentimentos. Tudo. Depois do que ocorreu entre a Olivia e o Nicholas, fiquei com medo de confiar nas pessoas, em vocês, nos meus amigos que eu amo tanto, mas eu não quero mais isso. — os dois me abraçaram, um de cada lado.

— Coloca tudo para fora, chora o tanto que precisar, nós estaremos aqui do seu lado. — Alex disse acariciando minhas costas, sua voz era suave.

Minutos se passaram, nós três estávamos chorando abraçados, nos soltamos por um momento para conversar olhando nos olhos.

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