Detalhes Insignificantes

Dois

O molho de chaves que estava em minhas mãos fazia barulhos ecoarem pela casa, era um pouco irritante, havia apenas eu naquele ambiente. Meus pais estavam trabalhando, minha mãe tem seu próprio consultório, ela é dentista. Sempre tive dentes impecáveis por conta dela, quando eu era pré-adolescente, usei por alguns meses aparelho, havia um dente fora do lugar em minha boca.

Já meu pai, tem uma concessionária, onde ele vende automóveis. Tive que trabalhar para ele por dois anos para conseguir a minha moto, quando completei dezesseis, ganhei a minha queridíssima harley own.

Desde muito pequeno, aprendi que para ganhar coisas, deveria fazer por onde e me esforçar muito. Agora com dezessete, estou sem nenhum emprego, mas possuo uma boa quantia guardada para viajar, fora a mesada que ganho dos meus pais.

Dei uma última olhada em meu celular vendo se alguém havia me mandado alguma mensagem importante, mas não tinha nada demais, bloqueei-o, colocando no meu bolso. Decici ir de a pé para casa de Claire, afinal, só era algumas quadras de onde eu morava.

Antes de sair de casa, peguei uma torta de morango que preparei mais cedo para levar a casa da minha amiga, minha mãe me disse que seria legal fazer algo para levar. A torta parecia tão saborosa, a massa estava dourada e alguns morangos estavam em cima como decoração.

Pensei em algumas músicas durante o trajeto para ensinar Hayes a dançar, em primeiro, ensinaria ela dançar sozinha, como se estivesse em uma balada, em segundo, uma dança animada a dois e em terceiro, uma dança a dois com uma música bem calma.

Alguns segundos depois de tocar a campainha, a porta foi aberta pela senhora Hayes. Ela parecia muito a senhora Nevra, vulgo minha mãe. As duas possuíam cabelos curtos e castanhos, eram altas e bastante carismáticas.

— Oi, Ryan. Pode entrar e como você está, meu querido? — ela abriu um sorriso, que fez com que seus olhos ficassem entreabertos.

— Estou bem, muito obrigado por perguntar e a senhora, como está? — adentrei a casa, ela era grande e espaçosa, a sua decoração era antiga, isso dava um ar acolhedor. — Ah, eu trouxe essa torta para vocês.

Gostava muito daquela casa, ela me lembrava a casa da minha avó, o cheiro que ela emanava era de canela. Eu amo canela.

— Estou bem. — ela pegou a torta que estava em uma vasilha de vidro, colocando-a na mesa. — Foi muita gentileza sua trazer essa torta, o cheiro dela está ótimo. A Claire está no quarto dela, pode subir, é a segunda porta à direita.

Nunca tinha ido ao quarto da Hayes, os trabalhos que fizemos juntos sempre foram na sala. Creio que ela não goste de visitas em seu quarto. Seria eu, o primeiro garoto ao entrar em seu quarto? E se for, o que tem de importante?

Depois de algumas batidinhas na porta, Claire a abriu, revelando um quarto muito bonito. As paredes eram coloridas, uma de cada cor, os tons eram pastéis, nelas haviam quadros com desenhos variados e pôsteres de algumas bandas. Os móveis eram brancos, na sua escrivaninha havia uma câmera fotográfica e pincéis em um pote. A sua prateleira era repleta de livros e mangás. O seu quarto possuía um cheiro de livros novos e tinta, como era bom esse cheiro. Tudo estava muito bem arrumado.

— Oi, Nevra. Fique à vontade, a casa é sua. — ela estava linda como sempre, seu vestido de corações era uma graça.

— Oi, Hayes. Preparada para as aulas de dança? — assim que estava dentro do quarto, a porta foi fechada atrás de mim. — Aliás, belo quarto.

— Estou mais preparada que nunca. — a garota de olhos esverdeados ergueu um dos braços, fingindo estar animada. — Obrigada, levou um tempinho para ele ficar do jeito que eu queria.