O falso profeta

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Ele passa pela porta e vai caminhando lentamente por cima do tapete em direção aos tronos onde está minha família. Meu pai subitamente se levanta e começa a gritar:

— O que está fazendo aqui? — berra aos quatro ventos. — Como se atreve a voltar ao palácio?!

— Mas... eu sou seu confidente majestade.

— Confidente? Há! É um traidor! Vá embora! — meu pai diz ficando cada vez mais bravo, Rasputin faz uma cara de desgosto e começa a gritar apontando o dedo indicador pra ele.

— Como ousa me tratar assim? Se não fosse por mim Alexey estaria morto! À sete palmos do chão. — Ele estremece a voz, cheio de ódio! Está se referindo ao meu irmão mais novo.

— Você só piorou as coisas! Só nos expôs ao perigo! Não vou deixar você arriscar minha família com seus truques do diabo! Vá embora. — Rasputin fica sem palavras, ele range os dentes de ódio.

— Você me paga! Pelos poderes em mim investidos eu o exilo! E amaldiçoou. Guarde minhas palavras Nicolau! Você e sua família morreram dentro de quinze dias. Eu não descansarei enquanto não ver o fim da linhagem dos Romanov... para sempre. — Ele grita aos quatro ventos! Em seguida aponta seu cetro macabro para o lustre no teto, ele solta um raio verde que queima as cordas do lustre, o fazendo cair no chão e quase acertar algumas pessoas que estavam debaixo.

— Guardas! Prendam-no. — Meu pai manda, mas antes dos guardas chegarem Rasputin corre para a saída, quando ele corre seu corpo se desfaz em pó e desaparece a luz da lua, fazendo todos se assustarem.

Rasputin... ele era um homem adorável! Era engraçado e gentil, Alexey gostava muito dele, quem diria que as coisas tomariam esse rumo.
Ele era dado como um homem santo! Uma espécie de curandeiro, fazia remédios milagrosos e suas orações curavam doenças.

Quando meu irmão, príncipe Alexey único herdeiro do trono ficou doente de hemofilia... não havia cura! Então Rasputin surgiu em nossas vidas.

Ele se dizia temente a Deus, e com usso curou a doença degenerativa de meu irmão, meu pai grato por sua ação o deixou morar aqui conosco, mas ele exagerou! Ele praticava orgias com mulheres do castelo, empregadas, duquesas, e até a prima de meu pai, as dizendo que o jeito mais fácil de se aproximar de Deus, era pecando.
Ele também se declarava um homem poderoso, mais poderoso que o próprio imperador.

Depois, parentes distantes acusaram Rasputin de ser um espião que estava se aproximando de nossa família para passar informações aos nossos alemães, nossos rivais da primeira guerra.
Essa notícia foi além dos portões do castelo, se espalhando em toda a população da Rússia e fazendo todos ficarem contra Rasputin.

Principalmente porque as pessoas não sabiam sobre a doença de meu irmão! Então elas não entendiam o fato de Rasputin estar no castelo, elas ainda acham que ele é amante de minha mãe, então ficam inventando rumores e fazendo cartazes maldosos sobre nossa família, não só por isso, mas por outros erros que meu pai cometeu ao se deixar ser influenciado por Rasputin.

Meu pai não quis manchar nosso brasão, então ele expulsou Rasputin do castelo, mas minha mãe negou! Ela acreditava fielmente em Rasputin, então ele ficou no castelo, fazendo nosso povo se revoltar com essa decisão, como se meu pai não se importasse com a opinião pública.

Com o tempo, descobrimos que Rasputin era uma farsa! Ele estava usando magia negra para curar meu irmão, não era um homem santo! Participava de pactos e ceitas satânicas onde em uma delas trocou sua alma pelo cetro esverdeado, lá está todo seu poder.

Já houveram várias tentativas de assassinato contra Rasputin, ele sequer sangra.
Não é como nós! Não tem sangue, seu coração não pulsa e não pode morrer ao menos que quebrem a fonte de seu poder, o cetro, todo seu poder sendo carregado dentro de uma pequena garrafa macabra.

Ele não largava aquilo por nada, lembro que me dizia que era um presente, mas é mentira.
Lemos muitos livros e só assim descobrimos o tipo de magia de Rasputin, o que ele realmente é e qual a sua fraqueza. Minha mãe o tratou mal quando descobriu, então ele saiu do castelo por vontade própria e hoje decidiu voltar para nos amaldiçoar.
É um homem vingativo! Suas palavras não pareciam ser brincadeira, e eu tenho medo do que pode acontecer com nossa família após essa ameaça...

As pessoas estão indo embora da festa desesperadamente, com medo! Meu pai está sentado no trono com a mão na cabeça, segurando as lágrimas.
Minha mãe começa a conversar com ele tentando acalmá-lo, minhas irmãs estão desesperadas e os empregados estão confusos em suas funções, está tudo um caos.

Minha família toda começa a se juntar em volta de meu pai e começam a o consolar, eu fico paralisada apenas olhando para eles... todos juntos tentando proteger um ao outro. Começo a sentir uma sensação ruim dentro de mim, um mal-estar... um... pressentimento. Essa sensação me faz querer chorar, Dimitry coloca a mão levemente sob meu ombro.

Eu olho para ele, preocupada com tudo que está acontecendo, pensando em como que tudo que estava tão alegre ficou tão triste de repente. Eu não sei o que fazer e muito menos como agir... só sei que... isso é só o começo.

Duquesa Anastásia - Era Uma Vez Em DezembroOnde histórias criam vida. Descubra agora