Capítulo 40

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Madelaine Petsch p.o.v

Eu não aguentava mais aquela enrolação toda para começar. Meu coração estava disparado, eu não parava de mexer minha perna e minhas mãos estavam suando como nunca. Apesar de eu saber que as minhas chances de ganhar são altas, eu quero que a punição dele também seja adequada pelo crime que cometeu comigo.

Vez ou outra eu olhava para o outro lado, onde Roberto estava sentado. Via ele conversando com o seu advogado, ambos com um semblante preocupado, provavelmente sabendo das pouca chances que tinham de ganhar.

O juiz ainda não tinha chegado e nem o júri havia sido apresentado. Por falar em jure, eu espero que a maioria seja de mulheres, porque assim as minhas chances só aumentam mais. Não que os homens não fossem entender, mas mulheres costumam ser mais sensíveis quando o assunto é com a pessoa do mesmo sexo.

Um homem chegou para avisar a entrada do juiz. Ficamos de pé como forma de respeito e esperamos que ele entrasse, indo para o seu lugar. Ele deu a ordem que nos sentássemos e assim fizemos.

- Iniciamos, neste momento, a instrução do processo aqui no Plenário do Júri. Esta instrução é uma coleta de provas na presença dos Senhores Jurados. Podemos ouvir as testemunhas, caso queiram o Promotor e o Defensor, e também ouvimos, obrigatoriamente, o réu.- ele iniciou, olhando para os jurados.

Não consegui conter meu nervosismo, que agora me pegou de jeito. O júri foi apresentado e as pessoas iam sentando em seus lugares, logo ocupando todas as cadeiras ali. Por sorte, tinham cinco mulheres e cinco homens, estava bem dividido.

Dr. Carter, o meu advogado, pediu permissão para começar e assim ele fez, levantou assim que a permissão lhe foi concedida. Fiquei bem atenta, teria que prestar atenção em tudo que ele diria. Uma televisão foi ligada e colocada de modo que todos vissem. 

- Eu queria começar com coisas leves, mas diante desse caso, vejo que não será possível. Foi um ato desumano, extremamente horrendo e violento.- ele pegou um controle pequeno, que controlava a televisão- Essas fotos foram tiradas assim que encontraram a minha cliente. Ela estava machucada, abatida e assustada.

Ao ver o telão, as memórias daquele dia voltaram. As fotos tinham sido tiradas na delegacia, depois que eu saí do hospital. Os socos que ele tinha me dado, durante a minha tentativa de fuga, foram certeiros. Ficou um hematoma por dias, mas a roxidão foi sumindo com o tempo.

- Logo após receber alta, ela compareceu a delegacia e tirou essas fotos. Como podem ver, são marcas claras de agressão e, em seu depoimento, ela descreveu detalhadamente o ato, descrevendo como "socos na região da minha barriga e até mesmo rosto".- ele leu na ficha do meu depoimento.

Todos os jurados pareciam um pouco horrorizados pelos machucados, eu também fiquei assim quando os vi pela primeira vez. Eram bem feios, principalmente os da minha barriga, já que foram os que ele aplicou mais força.

Eu ainda não tinha forças para rever aquilo, por isso baixei a cabeça e fiquei apenas ouvindo. Ele também mostrou o ferimento de bala e explicou sobre o que tinha acontecido, de uma maneira mais profissional, claro.

Duas horas já tinham se passado e ainda estávamos na amostra de provas. Eu nunca pensei que aquilo fosse demorar tanto, eu ainda tinha esperanças de voltar ao departamento hoje. Após finalizarmos a apresentação das provas de ambos os lados, teria uma pausa de trinta minutos, aí voltaríamos para o interrogatório. Essa é a parte que eu tenho mais medo.

- Como podem ver, o rosto do meu cliente estava extremamente ferido.- o advogado de Roberto mostrou as fotos e eu fiquei pasma. Eu tinha sim batido nele, mas não tinha deixado aqueles machucados feios, apenas um corte pequeno e talvez um pouco vermelho- Ela o bateu pouco antes da fuga, deixando-o desacordado. 

Meu Deus, eles estavam mentindo e manipulando tudo. Isso só poder ser uma piada. Troquei algumas palavras com Carter, que me assegurou que iria esclarecer tudo e para eu não me adiantar, tudo vai ocorrer no seu tempo e como planejado.

Assim que o juiz decretou a pausa de trinta minutos, eu saí voando da sala, eu precisava respirar e colocar minha cabeça no lugar. Meu advogado me chamou e eu fui até ele.

- Estamos na frente, eu sei.- ele falou com convicção- Eu preciso que se concentre e conte tudo como lembra nas perguntas, responda tudo claramente e de forma direta, mas tente passar um pouco da sua dor, ok?

- Ok.- concordei, sabendo que provavelmente eu choraria ali mesmo, nem seria preciso fingir.

- Aproveite para ligar para os seus pais, eles devem querer saber de tudo.- ele disse- Eu vou tomar um café, te vejo daqui a pouco.

Carter saiu e me deixou sozinha. Peguei meu celular, discando o número rapidamente. Óbvio que eu não ia ligar para os meus pais agora, capaz de eles saírem de onde estão e virem para cá e, como eu não quero isso, decidi que iria contar a eles depois.

- Oi amor!- Vanessa me atende feliz- Você já saiu do tribunal?

- Ainda não e não estou nem um pouco perto.- confessei triste- Eu não vou poder ir ao departamento hoje, ainda vamos demorar aqui.

- Aconteceu alguma coisa?

- Ele está mentindo, Van.- confessei, sentindo minha garganta começar a fechar.

- Mentindo em que?

- Ele disse que eu bati nele e o deixei desacordado, fugindo depois disso. Ele forjou as fotos, eu não deixei o rosto dele nem perto daquilo.- mais uma vez o nervosismo me consumiu e eu senti uma lágrima descer pelo meu rosto.

- Aquele filho da puta!- Vanessa falou enfurecida, batendo em alguma coisa, eu consegui ouvir o barulho do impacto- Mads, eu estou indo para o tribunal.

- Não, não vem! Por favor.- pedi em desespero- Se você vier, eu não vou aguentar e vou acabar chorando no meio do julgamento.- soltei uma risada curta e sem muito humor- Eu vou ficar bem, só queria te contar isso.

- Você já avisou aos seus pais?

- Ainda não, prefiro contar mais tarde.

- Ok.- ela assentiu- Você acha que termina mais ou menos que horas?

- Acho que pouco antes do meio dia. 

- Quer almoçar comigo?

- Eu queria, mas estou muito cansada.- realmente, meu corpo pedia arrego desde que eu cheguei- Vou comer alguma coisa pelo apartamento e dormir.

- Tudo bem, eu vou para sua casa depois do trabalho.

- Perfeito.- era a primeira vez no dia que eu sorria de verdade, sem ser por puro nervosismo- Eu te amo.

- Eu também te amo, muito.- ela confessou em um tom apaixonado- Nos vemos mais tarde, fica bem.

- Tchau.

Desliguei e enxuguei a lágrima solitária em meu rosto. Queria parecer menos morta para as perguntas, então eu fui ao banheiro para lavar meu rosto. Entrei e fiz minhas necessidades, parando na frente do espelho.

Eu estava péssima, era visível o meu sofrimento. Lavei meu rosto e dei uma batinhas de leve em minha pele, para elas ganharem um pouco de cor. Após a minha "ressuscitação", fiquei em um banco na frente da sala, esperando o tempo passar e Carter aparecer.

{...}

- Daremos início ao interrogatório.- o juiz anunciou- Essa parte é de extrema importância, então fiquem atentos.- ele pediu aos jurados- Senhorita Madelaine Petsch, pode vir.

Eu levantei e me dirigi ao espaço ao lado do juiz, onde tinha uma cadeira e um microfone de mesa. Eu pude ver o sorriso diabólico surgir no rosto daquele desgraçado quando notou meu nervosismo.

- Dr. Kelleher, pode começar.

O juiz se referiu ao advogado de Roberto, que levantou e parou a minha frente, com seu semblante sério. Que comecem as perguntas.

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