Mischievous Desire

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Está prestes a ir abaixo
Faremos o mundo inteiro nos ouvir
Então jogue suas mãos para o alto
Estamos prestes a mostrar por que eles nos temem
Aí vem o grito de guerra
About to Get Crazy — Oh The Larceny

Matteo

Espalhadas pelo mundo, existem um bom número de máfias. Irlandesas, escocesas, americanas, russas, italianas... Cada uma com a sua particularidade. No entanto, todas têm algo em comum: a necessidade de confiança entre seus membros para que seja buscado o benefício geral da comunidade.

Dessa forma, a confiança se tornou um alicerce dentro do meu cargo. Sem que meus homens confiem em mim, não há 'ndrangheta.

Porém, desde que tomei Nicoletta como minha esposa, algumas coisas mudaram. Vejo que muitos dos homens de honra não concordaram com a minha escolha e por esse motivo estão um tanto quanto ressentidos.

Alguns dos meus homens simplesmente aprenderam a desconfiar a ponto de até eu não ser digno de um voto de confiança. Até consigo compreender o ponto de vista deles, porém chegou a um ponto quase que impossível.

Sinto isso ao olhá-los nos olhos quando lhes dou alguns comandos.

Essa questão não tira o meu sono, até porque eu entendo o motivo pelo qual eles estão assim. Eu casei com a inimiga, segundo seus pensamentos. Mas até o momento Nicoletta não deu nenhum passo para fora da porra linha que tracei para ela. A mulher está por aí, dando seu suor e lágrimas pela família, a cada dia comprovando que é digna de estar ao meu lado.

Eu quero mais é que eles se fodam.

Porém existe sim uma coisa que devo concordar com eles. Com tudo que tem acontecido com a 'ndrangheta, algo não fecha.

– Você suspeita de alguém? – questiona Salvatore, assim que lhe confessei o que passava na minha mente nos últimos dias.

Posso ver em seu olhar que ele tem os exatos pensamentos que eu.

– Cazzo, ninguém – Bufo alto, comentando sobre quem suspeito. – Pode ser qualquer um.

Meu irmão se ajeita na cadeira, plantando ambos os pés no chão ao mesmo tempo em que apoia o cotovelo na coxa e segura o queixo. Aquela maldita posição de quem vai pensar até os miolos estourarem.

– É alguém da elite dos nossos meios. As informações que estão sendo vazadas são pontuais demais para ser um simples soldado.

– Foda-se! Alguém está mexendo com a gente, e no momento em que eu pegar essa pessoa, a cortei em pedacinhos.

– Precisamos ser mais espertos do que ela. Um passo à frente – Salva diz, como se fosse simples.

Aceno, concordando. Era por essa razão que estamos aqui hoje, reunidos na sala dos fundos da Sette Desideri.

– Pensei em divulgar informações diferentes para determinados membros da hierarquia superior. – Devo ter franzido o cenho, pois o mesmo prossegue. – Como datas diferentes para o carregamento das drogas, ou até informá-los de locais de load diferentes.

– Precisamos montar uma logística fechada de ponta-a-ponta. Saber exatamente quantos miligramas tem na porra do container antes dele atracar no porto.

– Nicoletta pode pensar na parte do deslocamento dessa carga, e estamos com sorte que nossos parceiros do Brasil são bem meticulosos quanto a isso.

Claro, eles querem nossa confiança. E não os critico. Do nosso lado, também queremos que tudo dê certo para que essa nova parceria vingue.

Mas aquela informação fica um pouco esquecida no momento pois a minha atenção se desloca para a primera frase que sae da boca de mi fratello.

– Você confia nela.

Salva, que mexia no telefone, provavelmente já está movimentando algumas coisas para o nosso recente plano, para para me encarar.

– Claro. Por que não confiaria? Ela é família.

Sem precisar explicar ou tornar a falar sobre o assunto, meu conselheiro segue comentando sobre o que deveríamos fazer para que o nosso plano de pegar o suspeito desse certo. Sigo quieto, ainda digerindo suas palavras sobre minha sposa.

Não é que a informação tenha me assustado, e sim o fato de que a pessoa mais desconfiada que eu conheço tinha dirigido a Nikki como sendo de sua família.

Família. Uma palavra curta e que por tanto tempo significou quatro pessoas. Agora tínhamos mais um com sobrenome Coppola andando por aí.

Salvatore continua me dizendo suas suspeitas quando batem na porta.

– Entre – comando.

Lorenzo aparece com uma carranca séria, reproduzindo no rosto a importância do que iríamos fazer.

– Estão todos prontos no salão, Capo.

Ergo a sobrancelha. Ele foi rápido em organizar todos os homens de honra que escolhemos para esse momento. Frederico, seu noivo apareceu ser igualmente rápido nos seus serviços, sempre me mantendo informado, inclusive se encontrar alguma ameaça.

Por razões estratégicas, o melhor amigo de Nikki não se juntará a nós hoje. Estou começando a entender a razão pela qual minha sposa insistiu tanto em tê-lo por perto. Frederico é muito bom no que faz e sempre está me atualizando acerca da proteção de minha esposa.

– Vamos.

Levanto da cadeira, sendo seguido pelos outros dois até o local onde foi indicado. Lá, aproximadamente dez homens estavam com roupas pretas e prontos para o combate.

– Capo – Um deles me saúda assim que me vê e todos os outros batem no peito.

Esse é um gesto de respeito em nosso meio.

Eu prefiro quando meus soldados estão desse jeito: obedientes e submissos. Mesmo que possa existir dúvida naqueles olhares, todos entendem que o que faremos hoje será para o melhor benefício da 'ndrangheta.

Sorrio amplamente. A outfit já brincou demais conosco. Agora é chegado o momento de revidarmos do jeito mais ortodoxo dos mafiosos italiano: com muito sangue e sem testemunhas.

Mas claro, sempre deixando a nossa assinatura.

– Então vamos fazer o Inferno arder vermelho.

– Mas o Inferno...

Cruzo o olhar com aquele ser que ousou interromper a minha frase de efeito. A sorte dessa pessoa é somente uma: ser meu irmão.

– Cale a boca, Francesco. Não é hora para as suas gracinhas.

– Só estava te dizendo... Como você dormia nas aulas de catequese podia ter esquecido esse fato.

Família.

Talvez no final desse dia, restem só quatro Coppola nessa Terra.