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É tarde demais
Eu não posso escapar.
Apenas um demônio como você
Poderia me fazer pecar como eu fiz.
Eu tenho uma fraqueza,
Eu sou um tolo,
Para um demônio.
Devil Like You — Gareth Dunlop

Nicoletta

O que sucedeu ao beijo foi um borrão.

A empresa contratada para auxiliar no casamento trabalhou rapidamente para transformar o lugar em uma íntima festa. Enquanto estes iam organizando, Matteo me guiou até uma das laterais do jardim para a orla de cumprimeitos que receberiamos.

Era cordial que os primeiros pertencessem às famílias dos noivos, e como Matteo faz parte da mais influente de todas, rapidamente o meu espaço foi invadido pelos quatro homens Coppola habitando os Estados Unidos.

— Felicidades — exclamou Francesco, com um sorriso amplo, espalmando ambas as mãos em minha bochecha antes de colocar um beijo molhado na minha testa.

Estranhei a proximidade exagerada antes de recordar que na minha frente encontrava-se um italiano legítimo, sem qualquer senso de espaço pessoal ou de decoro. Lhe dei um sorriso amarelo, sabendo que nenhum dos outros irmãos faria tal coisa.

Com o garoto parado a um passo de distância, tornou-se impossível não distinguir os traços que o assemelhavam ao do Capo.

Da mesma forma que Matteo, o homem possuía olhos castanhos, um tom mais escuro do que o mais velho. Seus cabelos são curtos comparados ao de seu irmão e seu rosto tem traços mais suaves.

Mas a diferença mais notória entre os gêmeos está no sorriso. Todo o conjunto que formava Francesco o fazia parecer estranhamente mais acessível e acolhedor.

Sabe aquele tipo de pessoa que você senta ao lado num consultório médico enquanto espera a sua vez e acaba contando tudo da sua vida nos minutos subsequentes? É essa a vibração que ele me passa.

Em nenhum momento os seus dentes brancos e alinhados foram reprimidos. Diferentemente do outro Coppola ao seu lado.

Apesar da aparência igual a dos outros —  os mesmos olhos castanhos, os mesmos cabelos castanhos e as mesmas sardas espalhadas pelo rosto —, seu rosto encontrava-se indubitavelmente fechado. Ao cravar seus olhos em mim, o menino limitou-se a acenar com a cabeça, cumprimentando.

Deduzi que este deveria ser o mais novo dos quatro. O ar infantil na sua fisionomia facial o entregava, embora seu corpo parecia em desenvolvimento. Acredito que dali a aproximadamente dois anos, ele seria mais alto que os outros Coppola.

Com os garotos reunidos à minha volta, eu me sentia intimidada. Era visível o parentesco ao mesmo tempo em que ficava visível suas diferenças.

Matteo possuía um ar intrínseco de superioridade; Salvatore razoavelmente analisava tudo com seu olhar rígido; Francesco exalava um temperamento fácil, tranquilo e divertido, que certamente o fazia conquistar as pessoas facilmente; já Pietro emanava ser do estilo energético e impaciente.

— Francesco, por que você insiste em me envergonhar? — perguntou o Capo.

Fratello, as coisas estavam muito tensas, falei algo para deixar o clima menos estranho. A sua pequena esposa parecia a ponto de infartar lá em cima.

Ele piscou para mim, achando que estava fazendo um favor. Eu bufei. Por que motivo os homens Coppola amam me chamar por apelidos idiotas?

Matteo estalou a língua no céu da boca, reprovando a ação do irmão com a cabeça.

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