Capítulo XX

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Cerca de quinze minutos depois da boa ducha, Juliette saía do banheiro bem mais relaxada e usando uma de suas curtas camisolas que já começavam a marcar sua barriga de grávida. Teria que providenciar logo outras camisolas mais largas, porque logo as que possuía, iam começar a ficar apertadas demais.

A professora notou a esposa lhe olhar de cima a baixo e engolir a seco ao vê-la surgir  com a curta e justa roupa de dormir. E ao dar a volta na cama para ir se acomodar em seu lado, Juliette percebeu de soslaio que Sarah seguiu-a com o olhar como costumava fazer antes. Quis sorrir disso, mas se conteve.

- Então o que quer conversar comigo?

Ela se pronunciou enquanto se acomodava a cama e puxava o lençol para cobrir suas pernas que a camisola deixava de fora.

- Hã?

Sarah respondeu de forma avoada. Sequer tinha prestado atenção no que a esposa havia perguntado, pois estava mais interessada em admirá-la naquela camisola que só lhe deixava mais linda.

- Sarah?!

Juliette olhou para a esposa e dessa vez não conseguiu conter o sorriso diante da cara abobalhada que a outra tinha ao olhá-la.

- Desculpa... Eu... Me... É... - pausou em sua embolada tentativa de explicação. Não sabia e nem queria confessar que havia se distraído ao vê-la tão linda naquela camisola.

Por um segundo Juliette quis incitar a esposa a concluir sua fala, mas depois desistiu diante do rubor na face de Sarah. Aquilo lhe deu uma vaga ideia do motivo dela estar daquela forma. E diante desta nova "evidência", a ideia de que sua mulher já lhe amava como ela afirmou a Thomás, ganhou mais força para Juliette, fazendo o coração da professora disparar.

- Sobre o que quer conversar comigo? - repetiu a pergunta já que Sarah pareceu nem ter ouvido da primeira vez em que fez o questionamento.

- Hãm... Bem, é que... - iniciou, desviando o olhar da esposa para não perder o foco do assunto que queria tratar com ela. - Conversando hoje de tardinha com a Lumena, soube que temos uma casa de veraneio. É verdade? - arriscou um rápido olhar para a esposa.

Um misto de decepção com frustração acometeu Juliette. A morena esperava de todo coração ouvir outra coisa da esposa não aquilo.

"Que tola eu sou por achar que ela sentisse algo por mim e fosse me contar isso. Acorda, Juliette! Sua mulher só vai voltar a te amar quando recuperar a memória!".

- Ju??

Sarah notou um repentino ar de tristeza na esposa e ficou sem entender nada.

- É verdade, nós temos essa casa! - forçou o seu melhor sorriso para a esposa e confirmou a informação após uns minutos em silêncio. Empurrou goela abaixo em um gole em seco a decepção que foi não ouvir o que queria.

Se Sarah ainda não me ama, paciência!

- Nunca mencionou sobre essa casa. Lumena me disse que nós costumávamos ir muito pra lá.

A professora sorriu agora de forma sincera ao lembrar das muitas vezes em que foram para à casa de veraneio.

- Sempre que tínhamos oportunidades íamos para lá mesmo, principalmente em férias ou feriados prolongados. Nossos filhos adoram aquela casa. - o sorriso dela se intensificou e isso não passou despercebido por Sarah. - É uma casa muito bonita, grande e fica bem perto da praia. O imóvel era da sua mãe, na verdade, e ficou pra você de herança quando a Abadia faleceu.

Um breve instante de silêncio se fez presente entre elas depois que Juliette mencionou sobre a mãe falecida de Sarah. Até então a professora não havia entrado em detalhes com a esposa sobre seus parentes. Obviamente tinha lhe contado a respeito deles, mas apenas nomes e coisas superficiais, nada tão profundo e detalhado. E diante da menção da esposa sobre sua mãe, Sarah sentiu curiosidade em saber mais, por isso a interpelou:

Memórias Perdidas - Versão SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora