MEU MAFIOSO FAVORITO

Capítulo 2

Desço do carro enorme preto com vidros pretos, desses de filme de ação e corro até a entrada do prédio que estou hospedada durante o evento de moda que estou trabalhando em Paris. Olho para trás, vejo o carro sair e, imediatamente, dois outros carros iguais saem na sequência. Já dentro do elevador, não consigo conter as lágrimas que rolam em minha face borrando toda a minha maquiagem. Entro no apartamento e me jogo na cama, chorando copiosamente, cheia de raiva de todos esses sentimentos que me sufocam. Só reparo que minha chefe e amiga, Tess, entrou no quarto, quando ela falou comigo.

— O que está acontecendo, Chris? Você demorou. — Levanto-me da cama e desabo em seus braços. Só minha melhor amiga para me ajudar nessa hora. Estou um trapo humano, a noite foi exaustiva e, ao mesmo tempo, foi a melhor noite da minha vida. Nunca fui de chorar, então acho que essa crise existencial demorou para acontecer.

― Acho que me meti em uma enrascada. — Ela pega a bolsa, tira uns lenços e começa a limpar a minha maquiagem borrada, tentando me tranquilizar.

— O que aconteceu, Christie? Eu falei para você que isso que está fazendo é muito perigoso. Alguém te forçou a algo? — Saio dos seus braços e me deito na cama, enquanto ela se senta ao meu lado.

— Não, Tess. Ninguém me forçou a nada. Você sabe que estou frequentando algumas festas com a Nara, essa noite não foi diferente, era uma festa numa dessas mansões de gente milionária, só que os frequentadores dessa noite eu nunca tinha visto antes. Uma festa dessas bem seleta, pareciam pessoas escolhidas a dedo para estarem lá. Tanto que Hilbert e Roger nem puderam ir.

— O que aconteceu, então, para você estar assim? — Paro para respirar, mas Tess não deixa barato. Pressiona-me para continuar contando o que aconteceu.

— Conheci o dono da casa. Eu não sabia que era ele, mas depois a Nara me falou. Ele me comia com os olhos, Tess. Pela primeira vez nessas festas, fiquei realmente intimidada e muito insegura. O homem maravilhoso me deixou de calcinha molhada apenas com o seu olhar devastador. Imponente, dono do mundo, e muito, muito bonito e extremamente gostoso. Sabe como é, sua amiga aqui abriu as asas para ele. Foi um jogo de sedução desde o começo da noite, eu fugia dele e ele me cercava, sem chegar perto. Sabe que gosto disso, gosto de seduzir, porém, acho que ele não gostou muito. Numa distração minha, ele deu o bote.

— Ele te violentou, Christie? — Olho, assustada, para ela.

— Nunca, ele não precisou. Eu fiz tudo o que ele quis, de livre e espontânea vontade. Ele não era fã de afeto, tampouco delicadeza. — Começo a me envolver em lembranças da noite vivida, lembranças que ativam cada ponto de energia do meu corpo. — A pegada dele era mais bruta. Na verdade, ele é um grosso, em todos os sentidos. Ele me usou, , foi isso que aconteceu. Ele fez o que teve vontade. Ele me desejou, me comeu de todas as formas, fiquei totalmente rendida, deixei o cara na lona e consegui fingir que ele não mexeu comigo, saindo por cima. Só que a verdade é que me senti usada.

— Ele te machucou? Porque se ele o fez, precisamos denunciá-lo.

— Ele me machucou sim, mas não foi fisicamente. Ele machucou o meu emocional. — Sento-me na cama e toda a dor que sinto faz minhas lágrimas rolarem, novamente, pelo meu rosto. Faz muito tempo que não choro, então deixo acontecer. Talvez, de alguma forma isso faça com que eu fique mais leve, tente encarar essa noite como algo passageiro e que apenas a tensão emocional tenha mexido comigo dessa maneira estranha.

— Tenho até medo de falar, mas acho que me apaixonei pelo cara errado, amiga. Acabei de entregar meu coração para um homem frio, calculista e muito perigoso, que me usou apenas para saciar seu desejo. — Tess olha surpresa para mim e me dou conta de que nesses anos todos da nossa amizade nunca falei em sentimentos fortes por nenhum homem.