O verdadeiro prazer

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  — Caramba, então foi por muito pouco. – Hashirama comentou, o cenho franzido de puro espanto.

  Tobirama concordou com a cabeça, sério e concentrado na sua conversa enquanto os olhos afiados acompanhavam Izuna e Madara rindo e colhendo as flores mais bonitas que encontravam no campo, que ambos combinaram de visitar naquele dia.

  Seu corpo não tinha mais nenhum ferimento e, depois de ter se lavado e trocado de roupa, ninguém conseguiria dizer o que ele tinha passado por toda aquela semana e meia que esteve longe da aldeia. E isso era muito bom, não gostava que ficassem xeretando sua vida e não seria nada bom alguém saber que ele havia escolhido passar seu rut longe de seu ômega. Levantaria suspeitas e deixaria tudo ainda mais difícil de ser lidado, coisa que eles certamente não precisavam para a já complicada situação atual.

  Naquele momento, enquanto permaneciam um pouco longe da audição dos seus ômegas, ele estava contando ao irmão o que tinha acontecido no dia anterior, o último dia do seu ciclo antes do rut finalmente ir embora. Contou que as correntes dos seus braços haviam estourado, mas a do pescoço o manteve no lugar, por pouco e de uma forma completamente dolorida. Ela também quebrou pelo impulso que o corpo dele tinha no momento, quase quebrando seu pescoço junto, e, nisso, ele acabou percebendo que todas as vezes que voltou a realidade, foi por conta da dor da hora que as correntes o detinham.

  Então ele percebeu o ponto fraco da fera dentro dele. A dor a recuava. Tobirama assumia o controle sempre que sentia dor. Só precisou se ferir até sentir o lobo se acalmar dentro dele e finalmente pode ter certeza que estava completamente no controle de novo, assim não correria nenhum risco de acabar ferindo Izuna de alguma forma. Ele não se perdoaria se machucasse aquele homem.

  — Bom, temos um ano agora. – Hashirama voltou a falar, um tanto mais calmo. Era uma benção os lúpus só terem ruts anualmente, porque o de ambos já haviam passado. — Só precisamos achar aquilo logo ou então sair daqui.

  Tobirama franziu minimamente as sobrancelhas, assim que absorveu o que seu irmão falou, se sentindo inquieto e incomodado. Seus olhos capturaram o lindo sorriso que Izuna estava dando a Madara, enquanto o mais velho resmungava manhoso sobre alguma coisa que o Senju não deu a mínima bola para escutar. A ideia de não poder mais ver uma cena tranquila e cheia de paz como aquela, que acontecia logo ali, fez seu interior revirar.

  — Você ainda quer deixar os dois em alguma aldeia quando saímos daqui? – Perguntou, neutro.

  — Sim. – O moreno concordou, sem pensar duas vezes. Ainda tinha certeza que os dois estariam melhores longe dele e do seu irmão.

  Mas, então, sentiu o aroma do irmão mudar. Se tornou mais cítrico, como se ele estivesse tão incomodado com a sua resposta, que não conseguiu disfarçar como sempre disfarçava. Ele ergueu uma das sobrancelhas e se virou para Tobirama, como se quisesse que ele visse sua cara nada satisfeita.

  — Não me diga que se apaixonou pelo seu ômega!

  Tobirama não respondeu. Se apaixonar? Era um sentimento forte demais. Ele não achava que tinha se apaixonado por Izuna, afinal, havia passado pouco tempo ao lado dele. Mas.... Gostar? Talvez ele estivesse gostando de Izuna. Gostando da sua presença. Gostando da sua voz. Gostando do seu cheiro. Gostando dele por completo. Gostando demais.

  — Tobirama, você sabe que não é seguro. – Ele diminuiu a voz, como se falar aquilo, o quebrasse no meio da forma mais dolorida possível. — Pessoas que amamos e que nos amam.... Morrem.

  Ele sabia disso. Havia visto com os próprios olhos, com centenas de pessoas. Eles eram amaldiçoados. Não.... Eles não... Tobirama era. Mito morreu por sua culpa, não de Hashirama. Se os dois vivessem longe dele... Ainda poderiam estar juntos. Ele arrastou o irmão e a beta para essa confusão, igual ele estava arrastando Izuna e Madara também.

Ponto Fraco - Versão TobiizuOnde histórias criam vida. Descubra agora