Contratempo inesperado

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  — Ei, Izu. Come isso daqui. – Madara tinha preparado uma salada de frutas, que ele mesmo tinha ido procurar, em cima de uma enorme folha de árvore que ele havia lavado bem antes. — Você não come nada desde o café-da-manhã de antes de ontem.

— Não estou com fome. – Ele murmurou de volta, bastante rouco já que não falava desde aquele momento também.

— Eu imagino. – Ele sorriu de forma carinhosa antes de pegar uma das mãos do mais novo e colocar a comida nela. — Mas precisa comer. Só vai acabar passando mal também se não se alimentar. Não precisamos disso, não é?

Izuna suspirou, mas assentiu com a cabeça e se forçou a morder o primeiro pedaço de uma das frutas, mastigando sem vontade e engolindo depois. Madara sorriu fraco para ele mais uma vez antes de ir preparar o café da manhã para Hashirama, o forçando a comer também. Só então fez o seu e se sentou de volta ao lado dele, para poder encher a sua barriga.

Eles ficaram quietos, somente o barulho da mastigação preenchendo o ambiente. Todos estavam com olhares vagos, os pensamentos longes enquanto a cada segundo olhavam para Tobirama, conferindo se ele ainda estava vivo.

Ele ainda não tinha se movido um centímetro sequer. Havia escorrido um pouco de sangue pelos ouvidos dele também, mas não foi algo realmente exagerado. Aparentemente estava dando tudo certo, afinal, já havia passado três dias e seus batimentos continuavam regulados, como se ele estivesse apenas dormindo.

Isso se estendeu por mais dois dias, Madara era o único que se mexia ou conseguia descansar por breves momentos. Os olhos de Hashirama e Izuna estavam inchados, pesados, avermelhados e com bolsas escuras embaixo deles. Suas posturas estavam cada vez mais tortas, como se não aguentassem o próprio peso e estivessem involuntariamente se deitando no chão com o passar dos segundos. Apesar disso, nenhum dos dois se entregava, nem mesmo com o Madara implorando para eles irem descansar um pouco.

— E se fossemos atacados agora? – Ele continuava, apesar de parecer estar falando sozinho. — Vocês nem teriam condição de se levantar. Tobirama ainda está apagado e eu nem sei lutar! Todos nós vamos morrer, droga!

Eles ficaram em silêncio, encarando o lúpus o tempo todo. Madara respirou fundo, esfregando o rosto com frustração. Bem que Tobirama disse que aquela tarefa seria complicada.

Quando eles foram se despedir, o lúpus pediu que ele tentasse cuidar de seu irmão e de seu ômega, porque era o único ali que poderia continuar pensando com clareza enquanto ele continuasse no processo de matar o próprio lobo, mas Madara tentava com todas as forças e não parecia ter resultado algum, o que era extremamente frustrante.

— Hashirama. – Ele desistiu de tentar convencer Izuna por hora. Hashirama seria mais fácil para ele. — Vai descansar um pouco, por favor.

— Preciso continuar checando os batimentos dele. – Ele respondeu, mecanicamente, com tom baixo e voz rouca, mas ao menos falou algo.

Estava progredindo, finalmente.

— Izuna está cuidando do Tobirama também. – Ele encostou a mão em cima da dele, que fazia tanta pressão no pulso de Tobirama que a região estava ficando avermelhada com o passar dos dias. — Vocês podem revezar. Ele cuida por algumas horas enquanto você descansa e depois você cuida enquanto ele descansa.

— Não posso sair do lado dele. – Ele transfigurou sua expressão, como se deixasse ainda mais claro que estava fazendo esforço para não chorar. — Por que ele não está acordando? Era para estar acordado já.

— Você mesmo disse que não sabia quanto tempo levaria para finalizar o processo de cura. – Madara chegou mais perto dele e seu cheiro natural fez ele se acalmar um pouco, seus ombros pesando mais de puro cansaço. — Se qualquer coisa acontecer, eu te acordo. Juro. Mas agora você precisa descansar um pouco ou vai cair também.

Ponto Fraco - Versão TobiizuOnde histórias criam vida. Descubra agora