Capítulo Um

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Bom vamos lá e boa leitura ☺️

Pov Sabina

Mais um torturante ano de aulas começa na International High School e como sempre, muito quente.

Não que eu não goste de estudar, não me entendam mal. Muito pelo contrário, a verdade é que... digamos que não sou uma das pessoas mais queridas da escola.

A questão é que, eu, Sabina Hidalgo, realmente gosto de estudar! E isso parece ser um grande incômodo para a maioria dos outros alunos que provavelmente vão por obrigação.

Idiotas!

– Maria, filha. Não vai pra aula hoje? – minha mãe grita do andar de baixo. Posso imagina-la na ponta da escada da sala, gritando e levantando os óculos que teimam em escorregar por seu nariz assim como acontecia com os meus o tempo todo. Respiro fundo e lentamente vou me direcionando ao banheiro. Tomo um rápido banho pra tentar acalmar o coitado do meu companheiro e me troco.

Bem, tenho 17 anos e sou... ham... sou intersexual, isso mesmo.

Uma garota, uma adolescente com 17 cm de puro clitóris super desenvolvido, digo, com 17 anos, meu pênis está na média de um adulto, sei lá. O garoto está sempre bem escondido dentro das minhas calças. É estranho eu sei, talvez nunca tenham ouvido falar de algo assim e muito menos desta maneira, ou talvez pensem até que eu seja hermafrodita, mas não! Simplesmente nasci com o órgão genital masculino e não é algo fácil de se compreender, eu sei. E também não é algo que saio comentando com as pessoas. Ninguém sabe sobre, e fica cada dia mais difícil de esconder.

O bichinho tá crescido e muito do ousado, vamos dizer assim. É estranho até para mim, saber que ao contrário das outras meninas da minha idade, há dezessete anos carrego um pau entre as pernas, quero dizer, completarei dezessete daqui há duas semanas. E exatamente por ser zoada na escola, escondo meu parceiro o máximo que posso. Apenas meus pais e eu sabemos da minha condição.

Quando eles souberam da notícia de que, apesar de possuir um pênis, eu era na verdade uma menina, Ale e Fernando ficaram super preocupados, porém o doutor que realizou meu parto e também acompanhou a gravidez da mamãe, disse que era um caso raro, sim, mas que não iria interferir de maneira alguma em minha saúde. Disse inclusive, que sua equipe poderia realizar uma operação de mudança de sexo a qualquer momento se essa fosse a vontade dos meus pais, todavia, os mesmos se recusaram prontamente, alegando ser uma decisão exclusivamente minha e que eu poderia me operar quando fosse adulta. Ainda não completei a maior idade, mas decidi continuar sendo da maneira que nasci mesmo e isso não significa que eu saiba lidar com a situação. Tenho medo, sobretudo, das pessoas más que existem no mundo.

Termino de me arrumar e desco encontrando mamãe já de saída para o trabalho, a escola fica há dois quarteirões de casa, por isso costumo ir a pé mesmo.

— Filha, melhora essa carinha. Já estamos no terceirão e sua formatura estará a nossa porta quando menos esperarmos. – disse enquanto acariciava meu rosto, Ale sorriu ternamente como sempre fazia ao me encarar. – Eu te amo! – beijou minha testa e saiu, fechando a porta da sala.

Meus pais estavam divorciados há pouco tempo, uns seis meses mais ou menos. As coisas não estavam fáceis para ninguém, era nítido no olhar deles e também no meu. Eu, particularmente, evitava pensar no assunto, pois meus olhos se enchiam de lágrimas todas às vezes, me impossibilitando de ter uma visão racional sobre a situação de nossa família.

Nunca cheguei a contar à mamãe, as coisas que era obrigada a passar nas seis infernais horas dentro da International High School por dia. Uma das escolas mais conceituadas de Miami. Sempre estudei lá pois minha família tinha boa condição financeira antes da separação dos meus pais, porém após o divórcio as coisas desandaram um pouco e agora minha mãe tinha que ralar para sobrevivermos naquele momento de crise.

ELA | JOALINAOnde histórias criam vida. Descubra agora